O dólar avançou ante rivais nesta terça-feira, 5, apoiado por comentários de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), ressaltando que os juros continuarão restritivos por tempo prolongado no país para controlar a inflação. Além disso, a moeda americana se beneficiou da cautela nos mercados globais, após novos sinais de enfraquecimento das economias da China e da Europa.
Por volta das 17 horas (de Brasília), o dólar avançava a 147,73 ienes, depois de bater máxima desde novembro de 2022, a 147,80 ienes. O índice DXY fechou em alta de 0,67%, a 104,807 pontos, e consolida maior nível desde março de 2023, na máxima intraday a 104,907 pontos.
A Convera nota que o dólar caminha para a sétima semana consecutiva de ganhos, rali parcialmente alimentado pela diminuição nas expectativas de cortes nos juros do Fed. Hoje, o diretor do Fed, Christopher Waller, afirmou que as taxas devem permanecer elevadas até a inflação retornar à meta de 2% de forma sustentável. Pouco depois, a dirigente Loretta Mester (Cleveland) comentou que o BC americano pode, inclusive, precisar "ir um pouco além" no aperto monetário para controlar os preços.
Analistas apontam ainda que o rali da moeda teria sido beneficiado também por preocupações sobre a economia global, seguindo recuo mais intenso do que o esperado nos índices de gerentes de compras (PMIs) da China e da Europa. Os dados renovaram temores de enfraquecimento da atividade econômica, especialmente com a deterioração no setor de serviços. No horário citado, o euro cedia a US$ 1,0726 e a libra caía a US$ 1,2564. A CMC Markets alerta que, se o Banco Central Europeu (BCE) elevar as taxas na próxima semana, os dirigentes devem arriscar tornar a "situação ainda pior, com o euro derretendo para seus menores níveis desde o começo de junho", considerando o cenário econômico fraco. Dirigente do BCE, Ignazio Visco comentou hoje que os dirigentes precisam "ter muito cuidado" ao considerar perspectivas futuras para a política monetária, porque as taxas de juros já estariam em níveis muito elevados.
Ainda entre moedas desenvolvidas, o dólar australiano tinha queda a US$ 0,6386, na esteira de decisão do BC da Austrália de manter as taxas de juros inalteradas, em 4,10% ao ano.
Em relatório, o Julius Baer analisa que a escalada dos juros dos Treasuries e a resiliência da economia americana, sinalizada por dados recentes, estão diminuindo espaço para um eventual enfraquecimento do dólar. Inclusive, o banco argumenta que este cenário contrasta com forças negativas relacionadas à desaceleração da China e deterioração da zona do euro, ampliando a pressão sobre outros pares desenvolvidos da moeda norte-americana, como o euro e o dólar australiano.