O dólar subiu ante o iene, o euro e a libra, com investidores atentos a declarações de importantes dirigentes de bancos centrais, entre eles o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell. O presidente do Fed não descartou altas de juros em reuniões consecutivas, mas também reforçou que deixa as opções futuras em aberto. Além disso, temores sobre recessão global tendem a apoiar o dólar, lembravam analistas.
No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 144,39 ienes, o euro recuava a US$ 1,0916 e a libra tinha baixa a US$ 1,2642. O índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, registrou alta de 0,40%, a 102,492 pontos.
Powell falou ao lado de outros importantes presidentes de BCs globais, em evento do Banco Central Europeu (BCE) em Sintra, Portugal. O presidente do Fed voltou a ressaltar a força do núcleo da inflação de serviços, e disse que não descarta altas em reuniões sucessivas do comando do BC americano, mas também comentou que os próximos passos ainda não estão decididos.
Também presente no mesmo debate, a presidente do BCE, Christine Lagarde, foi mais incisiva ao dizer que, caso o quadro se mantenha como esperado, haverá nova alta de juros em julho. Segundo ela, não há expectativa de pausa no aperto pelo BCE, neste momento. Lagarde também destacou o fato de que a Comissão Europeia divulgou proposta legislativa para uma moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês) do BCE. O euro, porém, não recebeu grande apoio hoje da postura do BCE, diante da avaliação já comum entre investidores e analistas de que o aperto na zona do euro deve continuar.
A Dow Jones Newswires, por sua vez, reportava que o iene mostra fraqueza, mas segundo economistas o governo de Tóquio não pretende intervir, como fez no ano passado para apoiar a moeda. O presidente do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês), Kazuo Ueda, estava presente no evento do BCE e reafirmou postura relaxada na política monetária, ainda sem confiança de que a inflação se manterá na meta de 2%. Ueda disse que o iene é monitorado "com cuidado", mas considerou que a divisa é influenciada por fatores para além da política monetária.
A Capital Economics avalia, em relatório a clientes, que o iene pode se recuperar, em linha com as ações japonesas. A consultoria destaca que Ueda não descartou uma intervenção cambial, ao ser questionado hoje sobre o assunto. A Capital ainda menciona que o ministro das Finanças japonês tampouco descartou intervenção no câmbio, e para a consultoria os fundamentos favorecem o iene mais forte. Em outro relatório, a Capital afirma que a economia dos EUA "mostra sinais de fadiga". Com a perspectiva de perda de fôlego e risco de recessão global, o dólar e o iene devem se fortalecer no segundo semestre, projeta ela.
O BBH, por sua vez, via mais cedo o dólar se fortalecendo, com o mercado "começando a acreditar no Fed", que projeta em seu gráfico de pontos mais duas altas de juros para este ano. O banco de investimentos afirma que o índice de preços de gastos com consumo dos EUA, que sai nesta sexta-feira, e o relatório mensal de empregos (payroll) da sexta-feira da próxima semana serão cruciais para a reprecificação no mercado dos próximos passos do BC norte-americano.