Investing.com – Nesta sexta-feira, todos os olhos estarão voltados para a publicação do relatório de empregos de junho. Espera-se que o relatório mostre um forte mercado de trabalho nos EUA, mas ainda há o potencial de mudar as expectativas do mercado em relação à trajetória futura da política monetária do Fed.
O Departamento de Trabalho norte-americano divulgará o relatório às 09h30 (horário de Brasília) desta sexta-feira.
O consenso das previsões aponta que os dados mostrarão crescimento de 179.000 empregos, na sequência do aumento de 138.000 em maio.
Entretanto, o Morgan Stanley tem uma estimativa menor porque a empresa acredita existir uma falta de oferta.
"Estudos e outros indicadores das intenções de contratação permaneceram positivos, mas relatórios de escassez de mão de obra permanecem amplos", explicaram esses analistas em uma nota aos clientes.
"Esperamos que uma falta de trabalhadores disponíveis contenha o crescimento de empregos mais uma vez em junho para um total de 150.00", acrescentaram.
Estes analistas sentem que mesmo esse número seria "insustentavelmente forte", já que eles não veem "muitos trabalhadores desestimulados em excesso deixados neste ponto amplamente mensurado" e o melhor cenário é uma taxa de participação estável.
"Se assim for, o ritmo do crescimento de empregos consistente com uma taxa de desemprego com uma taxa de participação estável é de 100.000 por mês, e em 150.000 a taxa de desemprego cairia um décimo a cada três meses e ficaria abaixo de 4% no início do próximo ano", afirmaram.
O Morgan Stanley concorda com o consenso de que no relatório de junho a taxa de desemprego permanecerá estável em 4,3%, mínima de 16 anos.
Nesse meio-tempo, outro ponto crucial no qual muitos especialistas estão se concentrando no relatório de junho é a inflação da renda. Economistas esperam que os ganhos médios por hora tenham aumento de 0,3% após terem tido ganhos de 0,2% no mês anterior, o que aumentaria a taxa anualizada de aumento para 2,6% a partir da taxa prévia de 2,5%.
Apesar do mercado de trabalho norte-americano ser considerado atualmente de pleno emprego, a inflação da renda está moderada.
Economistas geralmente se gabam que um aumento anual da renda de 3% a 3,5% é necessário para elevar a inflação geral na direção da meta de 2% do Federal Reserve (Fed).
Janet Yellen, presidente do Fed, declarou ela própria na entrevista coletiva após a última reunião de política monetária em junho que a "inflação da renda melhorou um pouco", mas admitiu que "permanece baixa".
Dados que podem alterar planos de política monetária do Fed
O Fed iniciou o endurecimento gradual da política monetária ao começar a se preocupar com o fato de que a política acomodatícia poderia começar a ter impacto negativo na economia.
Como parte do processo de normalização, já elevou as taxas de juros duas vezes este ano e projeta que haverá ainda mais um aumento em 2017.
O banco central ainda anunciou um plano de reduzir a compra de ativos, reduzindo seu balanço patrimonial de SU$ 4,5 trilhões.
Para continuar com esses planos, Mohamed El-Erian, economista-chefe e consultor da Allianz, acredita que "o Fed precisa ter evidências adicionais de folga no mercado de trabalho".
Em um artigo de opinião escrito para a Bloomberg, El-Erian afirmou que o relatório de empregos desta sexta-feira precisaria fornecer evidências de crescimento de renda na direção de taxa anualizada de 3% ou mais, uma situação firme de criação de empregos que ele definiu como excesso de 80.000 a 100.000 postos por mês, uma redução de forma mais abrangente na taxa de desemprego U-6 e uma taxa de participação relativamente constante.
"Se isso é o que o relatório de empregos tiver na sexta-feira, os mercados precisarão precificar mais seriamente a possibilidade de que o Fed apresentará sua orientação de política monetária, começando pelo início do processo de redução de seu balanço patrimonial, junto com outro aumento dos juros no restante do ano" concluiu.
Mercados antes do relatório às 04h01 (horário de Brasília):
Antes da publicação do relatório de empregos, futuros do fundo do Fed apostavam em 49% de chances de aumento dos juros em dezembro, de acordo com o Monitor da Taxa da Reserva Federal do Investing.com.
O índice dólar, que mede a força da moeda frente a uma cesta ponderada de seis principais divisas, avançava 0,16% para 95,73.
O par EUR/USD recuava 0,0% para 1,1416, o par GBP/USD caía 0,08% para 1,2959 e o par USD/JPY avançava 0,49% para 113,77.
Contratos futuros de ouro com vencimento em agosto na divisão Comex da Bolsa Mercantil de Nova York recuavam 0,15%, ou US$ 1,81 para US$ 1.221,49.
O rendimento do título do Tesouro dos EUA com vencimento em 10 anos subia 1,3 pontos base, ou 0,55%, para 2,382%.
O mercado futuro dos EUA apontava para uma abertura entre estável e em alta. O blue chip futuros do Dow avançava 0,03%, os futuros do S&P 500 subiam 0,06%, enquanto o índice futuro de tecnologia Nasdaq 100 estava em alta de 0,15%.