Por Ana Beatriz Bartolo
Investing.com - Mais uma edição do reality show Big Brother Brasil (BBB) chega ao fim. Vencedor do programa, Arthur Aguiar levará para casa R$ 1,5 milhão. Apesar de ser uma bolada, o prêmio precisa ser bem administrado para que ele possa ser multiplicado e dure muitos anos. Uma carteira com uma estratégia bem montada pode fazer com que esse prêmio garanta até, por exemplo, a aposentadoria tranquila no futuro.
Bruno Brostoline, analista de Renda Fixa da Ativa Investimentos, explica que, para montar uma carteira com o prêmio do BBB, é preciso antes de tudo avaliar o perfil de investimentos e o grau de conhecimento que o vencedor do concurso tem sobre as opções de ativos.
“Uma carteira depende muito do prazo e da experiência que se tem com o mercado. Para quem está começando, é legal um fundo de renda fixa referência no DI, ainda mais que a taxa de juros está alta e é bem seguro. Para quem já tem mais tolerância ao risco, é interessante colocar mais LCI e LCA, que são isentas de Imposto de Renda”, recomenda Brostoline.
O especialista da Ativa também é grande defensor das debêntures incentivadas, como a AGVF12, que paga uma taxa de IPCA mais 6,35% ao ano, que em cinco anos teria uma previsão de retorno de 82,22%.
Já para quem está acostumado com ativos de risco, Paloma Brum, analista de investimentos na Toro Investimentos, aponta que uma carteira de ações, composta por algo entre cinco e dez ações de empresas diferentes pode ser ideal para quem tem planos de aposentadoria.
“Quanto mais diversas as empresas e os setores que se investe, melhor. Um exemplo é investir em empresas com receitas dolarizadas e outras com maior exposição ao mercado nacional. Com isso, os riscos de mercado são minimizados e diminui-se a chance de que uma única alocação comprometa a rentabilidade de toda a carteira”, explica Brum.
Apesar de uma carteira precisar ser revisada com frequência para garantir a rentabilidade dependendo do contexto macroeconômico e da situação financeira das empresas ao longo do tempo, para quem está começando agora, Brum recomenda 11 ações interessantes para se comprar para longo prazo, que apresentam histórico de pagamento de dividendos nos últimos anos e que, além disso, ainda valem a entrada neste momento.
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B3
A B3 (SA:B3SA3) é uma das maiores bolsas de valores do mundo, a maior da América Latina, além de ser a única em operação no Brasil, o que a faz desfrutar de uma posição monopolista no país. O cenário de fim de ciclo de alta nos juros no Brasil em conjunto com uma perspectiva futura de juros menores, faz com que Brum acredite que a empresa deva continuar se beneficiando desse movimento, principalmente, pelo aumento do número de investidores na Bolsa, associado inclusive com uma maior atratividade para as companhias buscarem recursos via mercado de capitais.
Em adição, a B3 apresenta boa rentabilidade, margens elevadas e alta eficiência operacional, além de ser uma boa pagadora de dividendos para os seus acionistas.
As ações da B3 fecharam em baixa de 3,61% a R$ 13,61 nesta terça-feira (26), em um dia de aversão de risco nos negócios que derrubou praticamente todas as ações.
Segundo o InvestingPro, plataforma de análise fundamentalista do Investing.com, a ação tem risco de incerteza baixo e potencial de alta de 51,2% nos próximos 12 meses, com preço-alvo de R$ 20,58,
Bradesco
O Bradesco (SA:BBDC4) é um dos maiores bancos privados do Brasil e possui uma ampla rede de agências e produtos, o que lhe permite abranger uma gama de clientes diversificada, se destacando nos ramos de seguros, previdência complementar, leasing, saúde suplementar e capitalização. Além disso, o banco possui um bom histórico no pagamento de proventos.
O banco também está ampliando seu processo de digitalização, buscando a redução de agências físicas e a melhor experiência para o cliente. Apesar do momento desafiador, a aquisição do BAC Florida Bank, visando o segmento de alta renda, a disciplina no controle dos gastos e a expansão para os meios digitais favorecem o resultado do Bradesco, segundo Brum.
Os papéis fecharam hoje em queda de 4,29% a R$ 18,28. O potencial de valorização é 30,2%, com preço-alvo em R$ 23,79 segundo o InvestingPro. O risco de incerteza é médio.
Cyrela
A Cyrela (SA:CYRE3) é uma das maiores incorporadoras do país, com atuação no segmento de alta renda e luxo e controla a Cyrela Urbanismo, Living e Vivaz.
Por ser focada nos segmentos de alto e médio padrão, a empresa tende a não sofrer tanto com as condições de financiamento e do crescimento da economia brasileira, que atualmente está comprometida devido aos juros mais elevados e queda na renda média dos brasileiros.
Assim, Brum acredita que as ações da Cyrela se configuram como uma boa oportunidade, além de estarem bem descontadas.
As ações da incorporadora caíram 3,75% a R$ 14,13. De acordo com o InvestingPro, os papéis tem potencial de alta de 69,6% com preço-alvo em R$ 23,97, com risco médio de incerteza.
Itaú Unibanco
O Itaú Unibanco(SA:ITUB4) vem demonstrando sua adaptabilidade à digitalização do mercado financeiro, tornando-se competitivo frente aos bancos digitais e às fintechs. Ainda assim, no curto prazo, o cenário é desafiador, devido à imprecisão em relação à recuperação econômica e à incerteza sobre a questão fiscal no país.
Apesar disso, as perspectivas futuras para o Itaú são positivas, em função dos bons fundamentos de gestão e da disciplina no controle dos custos, além de conseguir se beneficiar em uma conjuntura como a atual de juros mais elevados,aponta a especialista da Toro.
Brum ainda destaca que o Itaú apresenta uma atrativa taxa de dividendos e as ações se encontram bastante descontadas, além de que podem apresentar boa performance diante de uma aceleração no ritmo de recuperação econômica do Brasil.
Os papéis do maior banco brasileiro recuaram 3,4% a R$ 24,70. Mas têm potencial de ganhos de 23,4% a R$ 30,49, de acordo com o InvestingPro. O risco de incerteza é médio.
Lojas Renner
A Lojas Renner (SA:LREN3) é uma das maiores varejistas de moda do país em faturamento e é considerada uma das empresas mais bem geridas da Bolsa brasileira. A ação é a favorita da Toro Investimentos no segmento de moda, por ter exposição à clientela de classes A e B, cujo consumo é mais resiliente em cenários de crise.
A Lojas Renner apresenta os melhores indicadores de rentabilidade face a outras empresas do mesmo setor e sua eficiência operacional se destaca, como a necessidade de capital de giro e das vendas, o que reflete a assertividade na composição dos estoques.
Apesar de todo o impacto da pandemia de coronavírus, Brum avalia que a empresa continuará com seus números fortes. Além disso, a Lojas Renner está focando cada vez mais nas suas operações online, que tiveram forte crescimento nos últimos trimestres.
Os papéis da varejista de fast-fashion caíram 2,16% a R$ 24,46. O papel pode subir até 35,5% com preço-alvo em R$ 33,15, com risco de incerteza médio, segundo o InvestingPro.
MRV Engenharia
A MRV Engenharia (SA:MRVE3)é a maior incorporadora e construtora da América Latina no segmento de Empreendimentos Residenciais Populares. A companhia desfruta de boa gestão, o que se reflete numa contínua evolução dos seus indicadores.
Na busca por modelos de negócios complementares, a estratégia da empresa envolve também a internacionalização, que resultou na aquisição de 51% da americana AHS Residential. O objetivo da MRV é fazer a expansão do negócio nos EUA, onde existe excesso de demanda.
Outro ponto destacado pela analista da Toro sobre a incorporadora é que a lei dos distratos também auxilia as companhias do setor, dando maior previsibilidade contratual. O aumento no número de vendas e redução dos estoques, a perspectiva de retomada da economia brasileira pós-pandemia e o déficit habitacional nos Estados Unidos fazem com que Brum enxergue com bons olhos o futuro para a MRV no setor de construção civil no Brasil e no exterior.
As ações da construtora recuaram 2,55% a R$ 10,72. O potencial de alta nos próximos 12 meses é de 48,3%, com preço-alvo em R$ 15,90. O risco de incerteza é médio, de acordo com o InvestingPro.
Sanepar
A Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar (SA:SAPR11)) é considerada uma das maiores empresas em operação no setor, que tem grande foco de atuação em seu estado, onde disponibiliza tubulações para distribuição de água potável e coleta de esgoto.
Dessa forma, apesar dos desafios enfrentados pela empresa devido à crise hídrica que se instaurou desde 2019, além dos efeitos adversos provocados pela pandemia de Covid-19, Brum espera que que ocorra a recuperação dos volumes consumidos, além de uma possível queda no nível de inadimplência.
De acordo com a especialista, a Sanepar possui uma boa gestão, além de atuar em uma região nobre do Brasil. A sua inclinação para investimentos sustentáveis e seu posicionamento como uma das principais atuantes no segmento de saneamento básico também são considerados fatores positivos.
As units da companhia de saneamento básico fecharam em baixa 0,25% a R$ 19,95. O potencial de valorização é de 51,9%, com preço-alvo em R$ 30,30, segundo o InvestingPro. O risco de incerteza é baixo.
Totvs
Além de ser líder no mercado de sistemas de gestão empresarial, a Totvs (SA:TOTS3)possui atuação diversificada entre diversos segmentos econômicos, o que a protege diante de cenários de crises na economia. Suas vendas são compostas em sua maioria por clientes de maior porte, o que contribui positivamente para o ticket médio mensal.
A Companhia também se destaca pelas ações na melhoria operacional para redução de custos e despesas, enquanto tem realizado um projeto continuado de expansão de seus negócios, com um intenso potencial de crescimento, aponta Brum.
Os papéis da empresa de tecnologia caíram 6,5% a R$ 32,38. O potencial de alta é de 15,8%, com preço-alvo em R$ 37,50 e risco de incerteza baixo, segundo o InvestingPro.
ISA Cteep
Dentro do setor elétrico, o segmento de transmissão é pouco impactado pelos riscos hidrológicos e pelas variações de preço, destaca Brum. Esse fato leva a uma vantagem comparativa para a ISA Cteep (SA:TRPL4) frente às demais companhias, já que ela atua somente neste segmento.
Além disso, outro ponto de resiliência é a forma com a qual são remuneradas, via RAP (Receita Anual Permitida), a parcela da receita que as transmissoras recebem por sua disponibilidade de serviço e não pelo quanto de energia elétrica transmitem.
Os resultados da companhia se mostram bastante resilientes no ponto de vista de Brum. A geração de caixa da ISA Cteep é alta e bastante previsível, além disso, ela possui margens elevadas. Outra fonte de faturamento são as operações de manutenção, reajustadas pela inflação e o Governo arca com os custos das concessões.
A Empresa também segue uma linha de distribuição de dividendos consideravelmente alta e apresenta uma boa governança corporativa. Brum entende que hoje o preço das ações está descontado, mas não mostram uma piora nos seus resultados operacionais.
Os papéis da elétrica subiram 1,04% a R$ 26,16. No entanto, o InvestingPro vê potencial de queda de 2,5%, com preço-alvo de R$ 25,51 para os próximos 12 meses. O risco de incerteza da projeção é baixo.
Entretanto, o preço-alvo da Toro Investimentos é de R$ 31,81, potencial de alta de 21,6%.
Vale
A presença global da Vale (SA:VALE3) permite a redução de risco geográfico, além da companhia apresentar uma geração de caixa positiva, o que contribui para a redução significativa da sua dívida líquida. Com a redução da sua alavancagem, a Mineradora passa a ter uma situação mais confortável para alocar em Capex destinado a formas alternativas de barragens, destaca Brum.
A especialista da Toro, porém, aponta para a queda do preço do minério de ferro nos últimos meses. Após bater máximas históricas no ano de 2021, um movimento do governo chinês de redução dos estímulos para, o então aquecido, setor imobiliário, causou uma redução significativa no preço da commodity. As pressões regulatórias em cima do setor de siderurgia do país também aumentaram as incertezas sobre a demanda.
Neste momento porém, dada a incerteza provocada pelo aumento dos preços de combustíveis e energia no mundo, causados principalmente pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, Brum começa a ver uma maior flexibilização por parte do governo chinês com relação às restrições nas siderúrgicas por lá, além de uma maior disposição para sustentar o seu mercado interno a partir de uma política monetária mais expansionista.
Os papéis da mineradora recuaram 1,37% a R$ 78,00. Segundo o InvestingPro, o potencial de valorização é de 80,4%, com preço-alvo de R$ 140,71 para os próximos 12 meses. O risco de incerteza é baixo.
Weg
Com clientes ao redor do mundo, a Weg (SA:WEGE3) tende a continuar se beneficiando do aquecimento da atividade industrial na China, do avanço da sua participação de mercado nos EUA e no México, da resiliência de equipamentos de ciclo longo e da recuperação da demanda por equipamentos de ciclo curto no exterior, destaca Brum. A Companhia também investe em soluções de energia renovável, veículos elétricos, automação e eficiência energética, segmentos que têm crescido de forma expressiva no mundo.
Além disso, a Weg possui uma sólida posição de caixa líquido, que abre espaço para novas aquisições em setores estratégicos, permitindo crescimento mesmo em um eventual caso de estagnação da receita.
Brum acredita que a Weg é favorecida pela diversificação das suas unidades de negócios, assim como pela exposição a diversos mercados. Além disso, a Empresa conta com produtos de alta qualidade e um histórico de retornos constantemente altos.
Os papéis da Weg fecharam em queda de 3,94% a R$ 29,98 nesta terça-feira. Segundo o InvestingPro, o potencial de valorização é de apenas de 4,5% nos próximos 12 meses, com preço-alvo em R$ 31,32 e risco baixo de incerteza.
Já o preço-alvo da Toro Investimentos está em R$ 52, potencial de alta de 73,4%.