O BTG Pactual (BVMF:BPAC11) revisou as estimativas para as três empresas brasileiras de maquininhas listadas em Bolsa. Como resultado, cortou os preços-alvo para as ações da Cielo (BVMF:CIEL3) e da PagSeguro (NYSE:PAGS), e aumentou o preço-alvo dos papéis da Stone (NASDAQ:STNE). Os papéis da líder de mercado, controlada por Bradesco (BVMF:BBDC4) e Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), são os únicos do setor para os quais o BTG recomenda compra.
No caso da Cielo, o preço-alvo caiu de R$ 7,60 para R$ 7,00, 50% acima do último fechamento. Em PagSeguro, listada na Bolsa de Nova York, o corte foi de US$ 1, para US$ 12, o que implica em potencial de alta de 19%. O preço-alvo para as ações da Stone, por sua vez, subiu de US$ 15 para US$ 15,50, 14% acima do último fechamento; a empresa é listada na Nasdaq.
As três revisões vieram após o BTG ajustar as previsões para este ano e os próximos dois. De modo geral, o banco espera um crescimento fraco para o setor de pagamentos em 2023, em especial no segundo trimestre, e acredita que as projeções da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) serão revisadas para baixo.
No início do ano, a Abecs previu crescimento entre 14% e 18% para o setor neste ano, mas o número do primeiro trimestre, de 11%, despertou dúvidas sobre este patamar. "O segundo trimestre deve ter o crescimento mais fraco do ano, o que esperamos que leve a Abecs a cortar sua agressiva projeção de crescimento."
Essa desaceleração do setor deve ter efeitos diferentes sobre as três empresas. A Cielo deve observar uma queda de 7%, em base anual, nos volumes processados no segundo trimestre, enquanto a PagSeguro deve crescer 4%, e a Stone, 8%. Isto significa que a líder deve voltar a perder participação de mercado - o BTG afirma que logo, a liderança pode passar à Rede, do Itaú (BVMF:ITUB4).
O analista Eduardo Rosman diz, em relatório, que a Cielo parece estar perdendo espaço também no segmento de pequenas e médias empresas, que é mais rentável, enquanto a PagSeguro tem sinalizado estabilidade, e a Stone, avanços nesta parte da pirâmide.
A manutenção da Cielo como única compra, segundo Rosman, se dá pelo fato de que o múltiplo das ações continua baixo, e também pelo fato de a empresa controlar a Cateno, "uma máquina de gerar caixa" que deveria ter múltiplos mais altos. "Dado que a Cielo negocia a 5,5 vezes o lucro esperado para 2024 com um valor de mercado de R$ 12,5 bilhões, e assumindo nossas estimativas para o lucro da Cateno em 2024, isto significa que o negócio 'puro' de adquirência é avaliado virtualmente em zero."
De todo modo, o BTG afirma que o contexto mais desafiador para o mercado amplia a urgência de as empresas irem além da maquininha, com novos produtos e serviços. Por outro lado, o banco diz que a briga por mercado pode se dar através de reforços nas equipes de vendas, como os que a Cielo tem feito, e que o volume de investimentos do setor continua alto diante do potencial retorno, em especial junto a microempreendedores.