Brasil está sendo “sacrificado por um soldado”, diz Haddad

Publicado 17.07.2025, 11:39
© Reuters Brasil está sendo “sacrificado por um soldado”, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil está sendo “sacrificado por um soldado” em referência ao tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano), contra os produtos exportados pelo Brasil. O republicano disse em carta que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sofre perseguição no país.

O ministro concedeu entrevista ao jornal Estadão, divulgada nesta 5ª feira (17.jul.2025). Classificou como “abjeto” o posicionamento do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em defesa de Bolsonaro.

“A gente já viu filmes de guerra. Um soldado se sacrificar por um país é coisa rotineira. Mas um soldado sacrificar o seu país por si mesmo é uma coisa que vai dar uma série de TV. Não é possível uma coisa dessas. Vamos sacrificar o Brasil por causa do Bolsonaro? Ele que devia estar se sacrificando pelo Brasil”, disse Haddad.

O ministro afirmou que a família Bolsonaro está “toda articulada em torno de si mesma e não tem uma palavra de nenhum membro em proveito do país”. Afirmou ser uma família que é “problema para o país inteiro” e que “eles produziram a situação”.

Haddad criticou Tarcísio por ter saído em defesa do ex-presidente. “Considero estranhíssima a posição dele e repito: uma pessoa que tem as pretensões que ele parece ter não pode se comportar como um vassalo de outro país, como se fosse um serviçal. Isso é indigno. E recebeu, até onde eu li, o devido tratamento de vários editoriais repreendendo esse comportamento abjeto, que não concorre para a solução do problema”, disse.

Leia abaixo os destaques:

  • Hugo Motta & Imposto de Renda

Haddad declarou que a reforma tributária sobre a renda será “a maior reforma” que o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), pode “chamar de sua”. A Comissão Especial sobre o Imposto de Renda da Câmara aprovou na 4ª feira (16.jul) o relatório do deputado federal Arthur Lira (PP-AL) sobre a isenção do tributo para quem ganha até R$ 5.000 ao mês.

“A maior reforma que ele pode chamar de ‘minha’, no caso dele, é a reforma da renda”, disse o ministro da Fazenda. “Ele pode abraçar 10 reformas. Mas você me falou de ‘uma para chamar de sua’. Essa é a reforma da renda. Você poder estar na solenidade de sanção de um projeto desse, do lado do presidente da República, do lado do presidente do Senado, é histórico. O maior problema do Brasil é a desigualdade”.

Haddad disse ainda que não adianta mandar um projeto para o Congresso “para ficar bem perante a Faria Lima e não ter noção de como as coisas vão se processar”.

  • Campanha pobres X ricos

Haddad negou que a campanha do governo seja por um discurso de “pobres contra ricos”. Levantamento da Quaest mostrou que mais da metade dos brasileiros é contra esse discurso.

“As pessoas que estão querendo dizer que isso é rico contra pobre, na verdade, não querem que as coisas mudem. O discurso que estamos fazendo é justiça tributária. Não é possível que a camada mais privilegiada não contribua; não é com mais, é com o justo. Nós estamos falando de uma alíquota de Imposto de Renda que é a mesma de uma professora de escola pública. Isso é colocar ricos contra pobres?”, disse Haddad.

O ministro voltou a dizer que há 1% da população que não está contribuindo com a sua justa parte de impostos.

  • Tarifa de 50% dos Estados Unidos

O ministro declarou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não trabalha com a hipótese de o Brasil não superar o tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano). Defendeu que o café da manhã do cidadão norte-americano ficará mais caro com as medidas impostas.

Ele brincou com o fato de os Estados Unidos terem anunciado uma investigação com a venda de produtos da Rua 25 de Março. “Deve ter sido por minha causa, trabalhei 18 anos lá”, disse.

Questionado sobre como o Brasil vai reagir, respondeu que o governo brasileiro apresentou em maio proposta de negociação à taxação de 10% anunciada em abril.

“ Sem que houvesse sequer uma resposta à proposta que o Brasil fez, veio a taxação de 50%. Foram 10 reuniões. Acho que não conta com a minha que tive com o Bessent (secretário do Tesouro dos Estados Unidos)”, disse.

Afirmou que o prazo para o tarifaço entrar em vigor (1º de agosto) tem que ser “usado com muita sabedoria” para negociar com os EUA.

“Neste momento, eu nem trabalho com a hipótese de a gente não superar esse negócio, porque vai atrapalhar a economia deles. Você tem uma forma de produzir hoje completamente diferente, as cadeias são muito mais fragmentadas. Pensa na produção de um avião da Embraer (BVMF:EMBR3): 45% dos componentes vêm dos Estados Unidos. E uma boa parte dos aviões são vendidos nos Estados Unidos. O suco de laranja é envasado lá nos Estados Unidos. Então, vai ter uma fábrica parada lá por falta do suco daqui”, disse.

“Qual é o sentido de taxar suco, café, carne? São coisas que vão encarecer o café da manhã do americano. Então, vai vendo como isso não faz muito sentido, do ponto de vista econômico”, disse Haddad.

Sobre as investigações contra o Pix, Haddad disse que os Estados Unidos deveriam “estar copiando” o sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central.

“O Pix pode ser exportado como uma tecnologia que vai facilitar muito a vida das pessoas. Você não se incomoda com criptomoeda e vai se incomodar com o Pix? Qual é o sentido disso? É difícil compreender. É só lobby das empresas de cartão de crédito? É disso que estamos falando? Isso não está claro para nós”, disse Haddad.

  • Disputa eleitoral de 2026

Haddad declarou que poderá não sair da Fazenda em abril de 2026, o prazo máximo para quem deseja concorrer às eleições se desvincular do cargo.

“Eu fui coordenador do programa de governo do presidente Lula, em 2018. Foi uma coisa que eu gostei de fazer. Pode ser que eu saia, pode ser que não. O que eu repito sempre é que eu não tenho pretensões eleitorais. Mas de participar do projeto, eu tenho”, disse.

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