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Estatuto do Hamas defende a extinção do Estado de Israel

Publicado 11.10.2023, 17:10
Atualizado 11.10.2023, 17:11
Estatuto do Hamas defende a extinção do Estado de Israel
POLI
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O Estatuto de Fundação do Hamas, escrito em agosto de 1988, defende a extinção do Estado de Israel. O documento é baseado numa interpretação do Alcorão –livro sagrado islâmico– no qual os muçulmanos creem possuir a palavra de Deus revelada ao profeta Maomé.

Na parte inicial do texto, o grupo afirma que a “ira de Alá” recai sobre Israel porque o país se recusa a servi-lo e que é dever do islã fazer o Estado israelense desaparecer. A organização paramilitar já chegou a reivindicar a totalidade da Palestina –o que inclui o território israelense e a cidade de Jerusalém. A tradução do documento foi feita de forma literal do árabe pela Organização Sionista do Brasil. Eis a íntegra (PDF – 185 kB).

“Recaiu sobre eles a ira de Alá, e a sina deles é a desgraça, porque recusaram as indicações de Alá e, de forma equivocada, mataram os profetas por serem desobedientes e transgressores (Alcorão, 3:110-112). Israel existirá e continuará existindo até que o Islã o faça desaparecer, como fez desaparecer a todos aqueles que existiram anteriormente a ele (segundo palavras do mártir, Iman Hasan al-Banna, com a graça de Alá)”, diz o texto.

O Hamas também acredita que é um dever de seus integrantes lutar contra o Estado de Israel e que suas almas encontrarão “todos os guerreiros santos que sacrificaram suas vidas pela terra da Palestina” quando morrerem.

Na carta, o grupo paramilitar também exige que os países árabes e muçulmanos vizinhos abram suas fronteiras e permitam que integrantes da Jihad (guerra santa) atravessem seus territórios para combater Israel.

“Exigimos que os países árabes em torno de Israel abram as suas fronteiras aos árabes e muçulmanos combatentes da Jihad, a fim de cumprirem sua parte, juntando suas forças às forças dos seus irmãos –a Fraternidade Muçulmana na Palestina. Dos demais países árabes e muçulmanos, exigimos que, no mínimo, facilitem a passagem através de seus territórios dos combatentes da Jihad”, diz o grupo.

O Hamas afirma que não está em conflito com os judeus apenas pela religião, mas por terem ocupado a Palestina. Além disso, o grupo acredita que não há solução para o problema a não ser a guerra.

Segundo o documento, a organização não está disposta a ceder nenhuma parte do território palestino nem aceitar as “soluções pacíficas” propostas por órgãos internacionais.

“As iniciativas, as assim chamadas soluções pacíficas, e conferências internacionais para resolver o problema palestino se acham em contradição com os princípios do Movimento de Resistência Islâmica, pois ceder uma parte da Palestina é negligenciar parte da fé islâmica”, diz o texto.

O grupo também afirma que “deseja somente o bem para as pessoas”, não visa lucros, nem busca recompensa e se mantém com os próprios recursos. O Hamas considerava bem-vindo todo muçulmano que esteja disposto a seguir suas crenças, adote sua ideologia e se comprometa a seguir seu caminho.

Além disso, o grupo afirma respeitar os direitos humanos e seguidores de outras crenças e mostra-se hostil apenas para com aqueles que atacam o movimento, ou que se colocam em seu caminho, impedindo suas atividades e prejudicando os seus esforços.

“Sob as asas do Islã, os seguidores das 3 religiões –islã, cristianismo e judaísmo– podem coexistir em segurança e a salvo. Somente sob o manto do Islã é que a salvaguarda e a segurança imperam”, afirma o grupo.

ENTENDA O CONFLITO

Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.

O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.

O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.

A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.

Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, árabes recusaram a divisão, alegando terem ficado com as terras com menos recursos.

ATAQUE A ISRAEL

O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.

Os ataques do Hamas se concentram, até o momento, ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.

O tenente-coronel israelense, Richard Hecht, afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.

Leia mais em Poder360

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