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Pesquisas não captaram força de Bolsonaro em SP e no RJ, diz cientista político

Publicado 02.10.2022, 21:28
Atualizado 02.10.2022, 21:29
© Reuters

Por Leandro Manzoni

Investing.com – As eleições presidenciais brasileiras caminham para uma disputa de 2º turno entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual mandatário Jair Bolsonaro (PL). Com 96,1% das urnas apuradas, o Lula lidera a corrida presidencial com 47,77% dos votos válidos, com Bolsonaro vindo logo atrás com 43,77%.

A apuração até o momento, às 21h14, se diferenciou do que apontava as pesquisas eleitorais até ontem, quando havia a possibilidade de o pleito terminar neste domingo em primeiro turno. “As pesquisas erraram e não conseguiram captar a força do Bolsonaro em São Paulo e no Rio de Janeiro”, diz Fábio Pereira de Andrade, professor de Administração Pública e Governo, cientista político e economista da ESPM.

As pesquisas apontavam dianteira de Lula no maior estado do Brasil e empate técnico com Bolsonaro no Rio de Janeiro. Em São Paulo, Bolsonaro ganhou com 47,77% dos votos válidos, contra 40,81% do ex-presidente com 98,44% das urnas apuradas. No Rio de Janeiro, o atual presidente tem 50,83% com 96,67% dos votos apurados, contra 40,78% de Lula.

“Tanto em São Paulo como no Rio de Janeiro os institutos tiveram dificuldade em determinar o tamanho da população com renda entre 2 e 5 salários mínimos como a seleção dos municípios do interior, neste caso sem captar a força do interior [dos Estados]”, avalia o professor.

A força de Bolsonaro

O professor ressalta que o atual presidente é um político forte e popular, e ocupar o cargo o ajuda a se fortalecer. Além disso, houve a ampliação de seu capital político por meio da PEC da calamidade pública que fortaleceu o programa de transferência de renda e reduziu impostos em combustíveis e eletricidade. “A oposição talvez tenha facilitado por ter votado a favor da PEC”, completa o professor.

Com a eleição de candidatos bolsonaristas ao Senado e reeleição dos governadores Romeu Zema (MG) e Claudio Castro (RJ), Bolsonaro chega forte no 2º turno. “O Senado vai ter sua cara e semelhança”, diz o professor. Durante o mandato de Bolsonaro, o Senado foi o calcanhar de Aquiles de Bolsonaro, onde, por exemplo, foi instalada a CPI da Covid.

Apesar de a votação ser semelhante ao resultado do primeiro turno da eleição presidencial de 2006, o professor acredita que a disputa atual vai ser semelhante ao segundo turno de 2014.

“Dilma tinha a militância e engajamento de Lula [em 2014]”, diz o professor. Agora, o PT vai enfrentar outro candidato com forte militância e engajamento.

“A estratégia do PT é fortalecer MG e tirar a diferença do RJ, o que vai ser difícil”, completa o professor.

Transferência de votos dos perdedores

Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) foram os derrotados da noite. Mas, as atenções continuam voltadas para seus apoios no segundo turno. Tebet teve 4,22% dos votos, enquanto Ciro conseguiu 3,06%.

“A retórica de Ciro foi de neutralidade no 1ºturno, mas seus votos já migraram para Bolsonaro e Lula”, diz o professor.

Em relação a Tebet, Andrade ressalta que parcela do MDB fez campanha para Lula já no primeiro turno em partes do Nordeste. “Tebet teve um discurso duro contra os dois, mas mais crítica a Bolsonaro”, afirma. Por isso, Andrade acredita que Tebet tende a apoiar Lula a depender de negociações ministeriais, inclusive um futuro ministério.

Reputação dos institutos de pesquisa

A diferença do resultado para o que dizia as pesquisas pode ser considerado erro dos institutos para o professor. “Embora seja uma questão técnica, vai ferir o prestígio dos institutos com a população, e vai ter que explicar os seus dados”, reflete Andrade. Mesmo assim, a população não vai ser convencida.

 

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