Ações europeias despencam; guerra tarifária pesa sobre setor bancário

Publicado 07.04.2025, 07:51
© Reuters.

Investing.com – Os mercados acionários da Europa registram fortes perdas nesta segunda-feira, refletindo a intensificação do conflito comercial global. A crescente percepção de que a disputa entre Estados Unidos, China e União Europeia pode comprometer o crescimento econômico elevou a aversão ao risco e penalizou de forma severa os ativos da região.

Às 7h40 de Brasília, o índice DAX da Alemanha recuava 3,94%, com queda de quase 815 pontos. O CAC 40, na França, cedia 3,79%, enquanto o FTSE 100 de Londres recuava 3,61%. O STOXX 600, referência pan-europeia, caía 3,88%, acumulando sua quarta sessão consecutiva de perdas e caminhando para o maior declínio percentual diário desde a crise sanitária de 2020.

Os índices europeus estenderam o movimento de baixa da semana anterior, após o presidente norte-americano Donald Trump reiterar sua determinação em manter o novo pacote tarifário, mesmo após a resposta chinesa e os sinais de que a União Europeia poderá adotar medidas semelhantes.

Segundo Trump, as tarifas são o único mecanismo viável para corrigir os desequilíbrios comerciais dos EUA com parceiros como China e UE, e não há intenção de suspendê-las. Pequim respondeu na semana passada com um pacote de tarifas adicionais de 34% sobre todas as importações norte-americanas, enquanto a União Europeia estuda uma primeira leva de tributos retaliatórios sobre aproximadamente US$ 28 bilhões em produtos dos EUA.

A perspectiva de uma recessão global também ganhou força. O Goldman Sachs (NYSE:GS) elevou no domingo a probabilidade de retração econômica em 2025 para 45%, acima dos 35% da semana anterior. Já o JPMorgan (NYSE:JPM) havia aumentado a projeção para uma recessão global neste ano para 60%, ante os 40% estimados anteriormente.

O setor bancário europeu teve uma das piores performances do dia, pressionado pelo receio de que a escalada protecionista reduza a confiança dos consumidores, limite os gastos, desestimule a demanda por crédito e afete receitas com assessoria financeira. O índice Stoxx 600 Banks caiu mais de 8%, acumulando desvalorização superior a 20% desde o pico recente — marco técnico que define a entrada em território de mercado de baixa.

Entre os destaques negativos, as ações do Commerzbank (ETR:CBKG) e Deutsche Bank (ETR:DBKGn) recuaram mais de 10% na Alemanha. Na Espanha, o Santander (BME:SAN) perdeu mais de 6%, enquanto os bancos franceses SocGen (OTC:SCGLY) e Crédit Agricole (OTC:CRARY) também foram penalizados. O HSBC (LON:HSBA) registrou baixa de mais de 5% em Londres, refletindo a queda de quase 15% de suas ações em Hong Kong, horas antes.

Outro destaque foi a Shell (LON:SHEL), que recuou mais de 7% após divulgar uma prévia de resultados do primeiro trimestre de 2025. A empresa apontou aumento expressivo no capital de giro e elevação dos encargos tributários upstream, apesar do desempenho consistente nas operações de gás e petróleo.

O sentimento dos investidores também foi afetado por dados decepcionantes da produção industrial alemã, que caiu 1,3% em fevereiro ante o mês anterior, resultado inferior à retração de 0,9% projetada pelo mercado. O setor manufatureiro da maior economia do continente já vem mostrando fragilidade, e a imposição de novas tarifas tende a agravar esse cenário, enquanto os investimentos públicos em defesa e infraestrutura ainda não se materializam.

Os contratos futuros de petróleo também recuaram fortemente nesta segunda-feira, atingindo os níveis mais baixos em quatro anos. O barril do Brent caía 2,52%, sendo negociado a US$ 63,91, enquanto o WTI recuava 2,63%, cotado a US$ 60,37. Ambos os contratos acumularam quedas superiores a 10% na semana anterior.

A deterioração nos preços da commodity reflete o temor de que o desaquecimento da economia global reduza a demanda por petróleo. A elevação das tarifas pela China — maior importador mundial de petróleo bruto — e os sinais de que a União Europeia poderá seguir na mesma direção contribuíram para a pressão. Além disso, notícias recentes de que países da Opep+ planejam acelerar a expansão da oferta adicionaram mais volatilidade ao mercado.

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