Arena do Pavini - Junho foi um mês mais positivo para a bolsa brasileira, com o Índice Bovespa subindo 4,10%. A expectativa de avanços na reforma da Previdência, de redução de juros no Brasil e nos países desenvolvidos e de um acordo entre Estados Unidos e China na guerra comercial animou os investidores, principalmente no fim do mês. E muitas corretoras conseguiram bons resultados em suas carteiras recomendadas..
Governo mais calmo ajuda
Para um executivo de um grande grupo econômico brasileiro, o governo está um pouco mais quieto e calmo e as coisas começando a se encaixar. O Congresso está assumindo as reformas para não ser acusado de não colaborar. E a Previdência, pelo visto, vai economizar em torno de R$ 800 bilhões em 10 anos. “Mas depois precisa fazer a reforma tributária e outras”, lembra.
A questão é como estimular o crescimento num pais sem crescimento de renda, desemprego alto e muita ociosidade na industria, alerta. “Senão, vamos continuar, o mais provável, com baixíssimo crescimento nos próximos anos”, afirma o executivo. Para ele, a economia está numa leve recessão. “Continuo na torcida para dar certo, a meu ver, nossa última chance”, alerta o executivo, que passou seu status de “otimista” para “esperançoso”.
Receio com adiamento que pode complicar mercados
Já para junho, o receio é com a efetiva aprovação da reforma da Previdência, primeiro na comissão especial da Câmara e depois no Plenário. Se não for possível votar o texto antes do recesso parlamentar, em 18 de julho, o mercado pode ficar mais pessimista e devolver parte dos ganhos obtidos até agora e que levaram o índice para mais de 100 mil pontos. Há também a qualidade da reforma: se o texto final aprovado reduzir demais a economia prevista em 10 anos, de R$ 1,1 trilhão na última versão do relator Samuel Moreira, o mercado pode cair. Um valor até R$ 800 bilhões, porém, pode ser razoável para a maioria dos analistas.
Da reforma da Previdência depende também a taxa de juros, já que o Banco Central deve esperar sua aprovação para retomar os cortes. Hoje o juro é de 6,5%, mas já há bancos prevendo 5% no fim deste ano, o que com certeza beneficiará as ações. O problema é que esse corte vem em função da economia mais fraca, o que também tem efeito negativo sobre as empresas.
Menos otimismo com a bolsa
As dificuldades do governo em aprovar a reforma e lidar com o Congresso, as divisões dentro da própria equipe do presidente Jair Bolsonaro e a incerteza com a atividade econômica mundial levaram várias corretoras a reduzir suas projeções para o Índice Bovespa para o fim do ano, de 120 mil pontos para 110 mil, caso da XP e do BB Investimentos. Mesmo assim, ainda há espaço para ganhos acima da renda fixa, considerando os 100 mil pontos atuais se o cenário otimista se confirmar. E há ainda estimativas de ganhos maiores, como a da corretora Nova Futura, que trabalha com o Ibovespa para 140 mil pontos. “Nós mantivemos nossa estimativa para o Ibovespa em 140 mil pontos, em função de juros baixos no mundo e da eventual aprovação da reforma na previdência”, afirma Alexandre Faturi, da Nova Futura.
Petrobras lidera indicações
Todos esses fatores, de curto, médio e longo prazo, devem influenciar os mercados, em especial a bolsa, e estão refletidos nas indicações de ações das corretoras para julho. O destaque segue com Petrobras, cuja reestruturação continua atraindo a atenção dos analistas. O papel está presente em 14 das 19 carteiras sugeridas acompanhadas pelo Portal do Pavini. O mesmo ocorre com a Vale, que voltou a ganhar destaque em meio à alta do preço do minério de ferro no exterior, de quase 60% no ano. Bancos também são destaque na preferência dos analistas, com três indicações, apesar da expectativa de aumento de imposto sobre o lucro previsto na reforma da Previdência.
Neste mês, a lista inclui as 21 empresas com pelo menos três indicações e inclui empresas em processo de mudança, como a Via Varejo (SA:VVAR3), recentemente recomprada pelo herdeiro do fundador, Michael Klein.
As preferidas das corretoras | |
Julho | Indicações |
Petrobras PN (SA:PETR4) | 12 |
Vale ON (SA:VALE3) | 9 |
Bradesco (SA:BBDC4) PN | 8 |
Itaú Unibanco (SA:ITUB4) PN | 7 |
Banco do Brasil (SA:BBAS3) ON | 6 |
Pão de Açúcar (SA:PCAR4) PN | 6 |
Suzano (SA:SUZB3) Papel ON | 6 |
B3 ON | 5 |
Cemig (SA:CMIG4) PN | 5 |
Localiza (SA:RENT3) ON | 5 |
Usiminas (SA:USIM5) PNA | 5 |
Petrobras BR | 4 |
Gerdau (SA:GGBR4) PN | 4 |
Lojas Renner (SA:LREN3) | 4 |
Rumo ON (SA:RAIL3) | 4 |
Ultrapar (SA:UGPA3) ON | 4 |
CVC Brasil (SA:CVCB3) | 3 |
Fleury (SA:FLRY3) ON | 3 |
JBS ON (SA:JBSS3) | 3 |
Kroton (SA:KROT3) ON | 3 |
Via Varejo ON | 3 |
Realiza no fato
Para julho, a corretora Elite observa que é importante que o investidor leve em conta que parte do otimismo com a reforma da previdência e a queda nos juros já pode ter sido antecipado pelo mercado nas últimas semanas. E que os atrasos na aprovação da reforma da previdência, reveses nas negociações comerciais entre os EUA e China e o aumento da tensão no Oriente Médio tendem a aumentar a volatilidade do mercado. “Por isso, é sempre bom ficar preparo para os sobressaltos no meio do caminho”, diz a corretora. A perda dos 100 mil pontos durante o dia do Ibovespa no fim do mês foi um bom exemplo.
A Guide Investimentos espera mais um mês de volatilidade em meio ao avanço das discussões envolvendo a Reforma da Previdência, e possível votação do texto, na Comissão Especial. Espera-se que a votação do texto ocorra até meados de julho. Caso esteja ancorado dentre as expectativas do mercado (entre R$ 600 milhões a R$ 800 bilhões de economia em 10 anos é algo que deve destravar valor aos ativos de risco do mercado local. “Afinal, seguimos observando um maior compromisso do Governo para equilibrar suas contas”, diz a corretora. “Ainda assim, não descartamos mudanças nesse texto original.”
A Guide optou por incluir a ação da Duratex (SA:DTEX3), e retirar as ações de Localiza. O objetivo foi realizar os fortes ganhos com Localiza e capturar a recuperação operacional de Duratex no segundo trimestre. Para a bolsa, os múltiplos seguem atraentes, com os preços representando 11,8 vezes o lucro (P/L de 11,8x, em linha com sua média histórica nos últimos sete anos) e uma relação de risco/retorno interessante.
“Algumas empresas seguem melhor preparadas para aproveitar os ventos mais favoráveis deste novo ciclo que vislumbramos”, diz a Guide. Nomes relacionados às empresas estatais, serviços financeiros, privatizações, além de ativos ligados ao consumo, seguem como as principais teses de investimento da corretora.
Por Arena do Pavini