Investing.com — As ações da Sendas Distribuidora (Assaí) (BVMF:ASAI3) despencavam no pregão nesta segunda-feira, 30, após a empresa anunciar que a Receita Federal cobrou arrolamento de bens no valor de R$1,265 bilhão, conforme fato relevante. Às 11h49 (de Brasília), os papéis registravam perdas de 6,40%, a R$7,60.
De acordo com o documento, a medida ocorre em razão da existência de contingências tributárias em discussão da Companhia Brasileira de Distribuição (BVMF:PCAR3) (GPA). A companhia deve apresentar recurso e “medidas aplicáveis que sejam necessárias” para sua defesa.
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O anúncio é negativo porque eleva a percepção de risco para as ações, segundo o banco Goldman Sachs (NYSE:GS). “Embora não tenhamos nenhuma opinião sobre qualquer resultado, em um cenário negativo, no qual a Assai seja forçada a liquidar certos passivos com a Receita Federal, a PCAR seria obrigada a reembolsar a ASAI sob os termos do acordo de cisão. No entanto, isso poderia, em última análise, expor a ASAI ao risco do próprio balanço patrimonial da PCAR”, entendem os analistas Irma Sgarz e Felipe Rached, ainda que possuam indicação de compra para o papel, com preço-alvo de R$12.
O aviso não impede a venda de qualquer ativo, detalha a XP Investimentos (BVMF:XPBR31), que também não espera impactos no caixa e no balanço no curto prazo, ainda que os custos de dívida para novas emissões devam ficar mais caros. “Não se esperam implicações para a gestão de desalavancagem da companhia e todos os passivos relacionados já foram provisionados pelo GPA”, detalham os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Laryssa Sumer.
“Embora não prevejamos implicações materiais no balanço/fluxo de caixa, acreditamos que isso deve aumentar a percepção de risco dos investidores em relação à ação”, concorda a XP, que tem compra na ação, com alvo de R$13.
Riscos em um cenário mais pessimista
Com dívida total de R$17,7 bilhões atualmente, no pior cenário, se o GPA não for capaz de pagar por esses valores com os quais está comprometido, a companhia “poderia ser obrigada a cobrir integralmente as contingências do GPA, totalizando cerca de R$ 12,9 bilhões”, aponta o Bank of America (NYSE:BAC) (BofA), indicando posição neutra na ação, com alvo de R$10,25. Com o litígio, o sentimento será pressionado pelo risco adicional, alertam Robert Aguillar, Melissa Byun e Gustavo Fratini.
“Se a avaliação da administração das pré-condições necessárias se mostrar correta, a responsabilidade da Assaí poderá ser rapidamente julgada. Infelizmente, o litígio tributário brasileiro é normalmente um processo de vários anos com múltiplas oportunidades duplas de apelação”, conclui o BofA, esperando demora para a conclusão do assunto.