SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista subia nesta terça-feira, chegando a romper o patamar dos 73 mil pontos, diante da visão de fortalecimento do governo do presidente Michel Temer após a possibilidade de anulação do acordo de delação com a J&F.
Às 12:04, o Ibovespa subia 0,38 por cento, a 72.402 pontos, após ter subido 1,46 por cento na máxima da sessão até o momento, a 73.179 pontos. Foi o maior patamar desde a máxima histórica intradia, registrada em 29 de maio de 2008, de 73.920 pontos. O giro financeiro era de 4,52 bilhões de reais.
O índice perdeu fôlego contaminado pelo exterior, com Wall Street ampliando as perdas e o índice S&P 500 recuando 0,49 por cento, enquanto o Dow Jones perdia 0,79 por cento.
Na noite passada, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a abertura de uma investigação para apurar indícios da prática de crimes omitidos por delatores da J&F, controladora da JBS, o que poderá levar à rescisão dos benefícios concedidos na delação premiada, que implicou o presidente Michel Temer. Janot destacou, contudo, que provas as apresentadas pelos delatores até o momento continuam válidas.
"O anúncio... de que a delação da JBS pode ser anulada por suspeitas de irregularidades, fortalece ainda mais a posição do presidente Temer", escreveram analistas da corretora Coinvalores, em nota a clientes.
As atenções também seguem voltadas para o Congresso Nacional, diante da expectativa de conclusão da votação da medida que altera as metas de déficit fiscal deste e do próximo ano. Além disso, o Senado precisa votar a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP) antes que a medida provisória perca a validade, na quinta-feira.
DESTAQUES
- JBS ON (SA:JBSS3) caía 6,29 por cento, liderando as perdas do Ibovespa, após o pedido de abertura de investigação da delação de executivos de sua holding controladora, o que pode levar à rescisão dos benefícios concedidos aos delatores e despertando receios de que multas maiores sejam aplicas à empresa. Na mínima do dia até o momento, as ações da produtora de alimentos recuaram mais de 11 por cento.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) avançava 1,62 por cento e PETROBRAS ON (SA:PETR3) ganhava 1,02 por cento, em linha com o movimento dos preços do petróleo no mercado internacional. Também no radar estava o avanço do processo de reestruturação societária da subsidiária BR Distribuidora, que aprovou reforma do seu estatuto, e o reajuste no preço do botijão de gás de 12,2 por cento.
- CSN ON (SA:CSNA3) subia 4,44 por cento, reagindo à notícia do jornal O Estado de S.Paulo, de que a empresa deve anunciar um reajuste de 10,25 por cento no preço do aço a partir de 1º de outubro para a rede de distribuição e indústria. USIMINAS PNA (SA:USIM5) tinha valorização de 1,83 por cento e GERDAU PN (SA:GGBR4) recuava 0,46 por cento.
- ELETROBRAS ON (SA:ELET3) avançava 3,61 por cento e ELETROBRAS PNB (SA:ELET6) tinha alta de 4,25 por cento, entre as maiores altas do Ibovespa, amparadas pela visão de fortalecimento do governo, o que ajuda o desempenho de empresas estatais. Segundo analistas, no caso da Eletrobras, o fortalecimento do governo corrobora a visão de que o processo de privatização terá mais força para avançar.
- BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) subia 1,92 por cento e tinha o melhor desempenho entre as ações do setor bancário do índice, refletindo a visão de fortalecimento do governo. ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) e SANTANDER UNIT (SA:SANB11) operavam perto da estabilidade, enquanto o BRADESCO PN (SA:BBDC4) caía 1,14 por cento, ajudando a tirar fôlego do Ibovespa devido ao peso em sua composição.
- VALE ON (SA:VALE3) caía 0,55 por cento, revertendo os ganhos vistos no início da sessão, em dia de queda para os contratos futuros do minério de ferro na China.
- MAGAZINE LUIZA ON (SA:MGLU3), que não faz parte do Ibovespa, subia 3,78 por cento, no primeiro pregão após o desdobramento de cada ação ordinária em oito da mesma espécie.
- GOL PN (SA:GOLL4), que também não figura no Ibovespa, avançava 6,55 por cento. Como pano de fundo estava o anúncio da empresa sobre transações de venda e arrendamento de areonaves, que aumenta a quantidade de aviões Boeing 737 MAX 8 de cinco para seis em 2018, mas não altera o plano de frota de 121 aviões no final de 2018.
(Por Flavia Bohone)