Por Helen Reid
LONDRES (Reuters) - Trabalhadores de alguns dos maiores centros de produção de vestuário do mundo em Bangladesh, Vietnã e Paquistão estão cada vez mais expostos ao calor extremo à medida que a mudança climática aumenta as temperaturas, segundo um relatório divulgado no domingo, um problema que os varejistas e as marcas multinacionais terão que ajudar a resolver.
Novas regulamentações da União Europeia fazem com que os varejistas que vendem no bloco, como Inditex (BME:ITX), H&M e Nike (NYSE:NKE), sejam legalmente responsáveis pelas condições de seus fornecedores, pressionando-os a ajudar a financiar melhorias nas fábricas.
Em Daca, Hanói, Cidade de Ho Chi Minh, Phnom Penh e Karachi, o número de dias com temperaturas de "bulbo úmido" - uma medida que leva em conta a temperatura do ar e a umidade - acima de 30,5 graus Celsius aumentou 42% em 2020-2024 em comparação com 2005-2009, apontaram os pesquisadores do Global Labor Institute da Universidade de Cornell.
Acima desse limite, a Organização Internacional do Trabalho recomenda tanto descanso quanto trabalho em uma determinada hora para manter níveis seguros de temperatura corporal central.
O relatório identificou apenas três varejistas - Nike, Levi's (NYSE:LEVI) e VF Corp (NYSE:VFC) - que incluem especificamente protocolos para proteger os trabalhadores da exaustão pelo calor em seus códigos de conduta de fornecedores.
EMPRESAS ADVERTIDAS
"Estamos conversando com as marcas há muito tempo sobre essa questão, e só agora elas estão começando a voltar sua atenção para ela", disse Jason Judd, diretor executivo do Global Labor Institute da Universidade de Cornell, à Reuters.
"Se uma marca ou um varejista tiver conhecimento que as temperaturas em uma área de produção estão excessivamente altas ou prejudicando a saúde dos trabalhadores, eles são obrigados, de acordo com esse novo conjunto de regras, a fazer algo a respeito", acrescentou.
A Diretiva de Due Diligence de Sustentabilidade Corporativa da União Europeia entrou em vigor em julho e começará a ser aplicada a grandes empresas a partir de meados de 2027.
As soluções para resfriar as fábricas poderiam incluir melhor ventilação e sistemas de resfriamento por evaporação de água, em vez de ar condicionado caro e que consome muita energia, o que aumentaria as emissões de carbono dos fabricantes.
Alguns proprietários de fábricas provavelmente estariam dispostos a fazer esses investimentos por conta própria, já que o estresse causado pelo calor afeta significativamente a produtividade, disse Judd, mas as regras da UE destacam a responsabilidade das marcas de abordar o problema também.
O relatório também recomendou que os varejistas e as marcas invistam em salários mais altos e proteções de saúde para que os trabalhadores possam gerenciar o risco de perder dias de trabalho devido a ondas de calor.
O calor extremo e as inundações podem eliminar 65 bilhões de dólares em receitas de exportação de vestuário de Bangladesh, Camboja, Paquistão e Vietnã até 2030, segundo pesquisa realizada no ano passado pelo gerente de ativos Schroders (LON:SDR) e pelo Global Labor Institute.