Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A trading e processadora de grãos Cargill pediu à Justiça que suspenda o leilão de duas fábricas da esmagadora de soja Imcopa, que está em recuperação judicial, na mais recente reviravolta de uma disputa jurídica envolvendo também a rival Bunge (NYSE:BG).
Em uma petição vista pela Reuters, a unidade brasileira da empresa norte-americana Cargill manifestou interesse em disputar os ativos no leilão, agendado para 27 de junho, e solicitou esclarecimentos sobre os passivos associados às fábricas.
Em nota à Reuters, a Cargill confirmou que fez uma petição relacionada aos ativos da Imcopa, ressaltando que o intuito foi assegurar prazos e condições adequadas a si e a outros eventuais interessados para avaliar os termos e realizar uma potencial transação.
"A Cargill está sempre atenta a oportunidades de investimentos que agreguem valor à sua estratégia de negócios", afirmou.
O movimento da Cargill sinaliza uma provável consolidação na indústria brasileira de esmagamento de soja em um momento de margens saudáveis e oferta barata do grão, após uma safra abundante.
As unidades de esmagamento da Imcopa estão localizadas no Paraná, e atualmente processam a soja fornecida pela Bunge em um contrato de arrendamento com a Cervejaria Petrópolis assinado há quase 10 anos.
Geraldo Gouveia Jr, advogado da Imcopa, disse à Reuters que não há decisão ainda sobre o pedido de suspensão do leilão judicial.
Ele afirmou que a Imcopa vê com naturalidade o interesse da Cargill nos ativos, mas se recusou a nomear outros possíveis compradores.
A Bunge, que há muito busca adquirir os ativos da Imcopa, assinou contrato para comprar as fábricas de Araucária e Cambé em maio de 2020.
No entanto, o negócio foi desfeito em meio a uma batalha judicial ainda não resolvida envolvendo a cervejaria e credores estrangeiros da Imcopa.
A Bunge não comentou imediatamente.
Citando manifestações da Bunge nos autos, Gouveia Jr, da Imcopa, disse que a empresa reiterou publicamente o interesse em comprar os ativos da Imcopa.
As unidades continuam atrativas porque produzem derivados de soja de alto valor para exportação e para o mercado interno. Uma das fábricas também está perto de Paranaguá, um importante porto no Sul do Brasil.
(Reportagem de Ana Mano)