Cargill projeta maiores volumes no Brasil em 2025 após prejuízo; já opera novo porto

Publicado 28.04.2025, 08:14
Atualizado 28.04.2025, 08:15
© Reuters. Unidade de processamento de soja da Cargill

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A Cargill espera maiores volumes comercializados de grãos e outros produtos do Brasil em 2025 após uma queda em 2024, já que a colheita de soja se confirmou recorde este ano e o clima está "perfeito" para a segunda safra de milho, afirmou o presidente no país da multinacional do agronegócio, Paulo Sousa.

Em entrevista à Reuters por ocasião da divulgação de resultados da unidade brasileira em 2024, que marcou um ano de prejuízo líquido contábil de R$1,7 bilhão para a Cargill no país, por fatores cambiais principalmente, Sousa disse ter expectativas de resultados em melhores em 2025, com o volume total originado, processado e comercializado podendo igualar ou superar a marca de 51 milhões de toneladas de 2023, ante 45 milhões de 2024.

"É bem possível (igualar ou superar 51 milhões de toneladas). A base de execução dos nossos volumes agora no mês de março para o mês de abril está sendo bem boa", disse ele, destacando que o clima está favorável para o milho segunda safra, o que garantiria volumes firmes na exportação do segundo semestre, quando os embarques de soja já perdem um pouco de ritmo.

"Está chovendo no Mato Grosso, chovendo em Goiás, oeste baiano. Tem um cenário muito positivo para a safrinha (segunda safra), então isso gera expectativa de safrinha cheia, que aí sim vai permitir rodar o segundo semestre ’full’, cheio", destacou.

Em 2023, a empresa teve um lucro recorde de R$2,5 bilhões no país.

A confiança de Sousa vem também dos investimentos que trazem solidez para a companhia no Brasil, que incluem terminais portuários e o fortalecimento das atividades em biocombustíveis, como biodiesel e etanol, de cana e milho.

Em 2025, a Cargill já opera em testes um novo terminal portuário em Porto Velho (RO), que deve dobrar capacidade de expedição de barcaças de grãos da empresa pelo Rio Madeira, ao Norte do país, para 6 milhões de toneladas ao ano, revelou Sousa.

"Já está (operando), nós estamos naquela etapa que se chama comissionamento... testando, treinando a equipe. Espero que logo, logo toda a capacidade construída esteja disponível", afirmou ele.

A Cargill já opera em Porto Velho há mais de 20 anos, e espera que este novo polo portuário colabore para a companhia ampliar a originação e exportação de soja e milho produzidos em Mato Grosso e Rondônia. Os destinos das barcaças são os portos de Santarém e Barcarena, no Pará.

Apostando na potência agrícola brasileira e para ampliar a sua capacidade de escoamento, a Cargill também deverá estar presente em leilão de terminais portuários na próxima quarta-feira, na bolsa B3 (BVMF:B3SA3), que deve licitar ativos em Paranaguá (PR) e Porto Alegre (RS).

"Vamos estar presentes lá (na B3) e esperamos ser competitivos", disse Sousa, sem detalhar os planos.

GUERRA COMERCIAL

Para o presidente da unidade brasileira da Cargill, se a guerra comercial EUA-China beneficia brasileiros, já que as altas tarifas atraem demanda chinesa para produtos como a soja do Brasil, maior produtor e exportador global e concorrente dos norte-americanos, por outro lado a disputa não é favorável ao sistema pela falta de previsibilidade.

"No geral, para o mercado, eu não vejo nada positivo nisso. É bom para o agronegócio brasileiro? Bom, comparativamente com o americano... Agora, para o sistema agroindustrial como um todo, não é vantagem alguma", disse ele, acrescentando que o cenário nebuloso traz riscos de custos mais altos.

"Ou seja, a demanda chinesa tem que vir totalmente para o Brasil. Em ano que nós temos na safra grande, como agora, tudo bem, se acomoda. Mas isso, se permanece, pode gerar alguns riscos... pode levar até o nosso mercado doméstico ter custos mais altos, prejudica a própria indústria brasileira de carnes."

 

(Por Roberto Samora)

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