Por Andreas Rinke e Neil Jerome Morales
BERLIM (Reuters) - A oposição da Alemanha pediu nesta segunda-feira um inquérito parlamentar sobre o colapso da empresa de pagamentos Wirecard, após uma fraude global deixar um rombo no balanço que ficou anos sem ser descoberta por auditores e reguladores.
O pedido de inquérito ocorreu após a Alemanha dizer que cancelaria seu contrato com a empresa de vigilância contábil privada Frep, como resultado de um escândalo que o regulador financeiro BaFin classificou como "um desastre total".
A Wirecard entrou com pedido de insolvência na quinta-feira, com dívidas de quase 4 bilhões de dólares, depois de divulgar um buraco de 1,9 bilhão de euros em suas contas, que o auditor EY disse ser o resultado de uma sofisticada fraude global.
O membro liberal do parlamento Frank Schaeffler, que também faz parte do conselho de supervisão da Bafin, pediu a investigação parlamentar e disse acreditar que há deficiências estruturais e de pessoal no regulador financeiro.
"O fato da Bafin estar esperando 15 meses por um relatório do Frep, apesar de indícios de irregularidades, é absurdo", afirmou. "É como atirar bolas de algodão em um elefante."
Outro membro do conselho da BaFin e integrante do parlamento disse que o governo alemão também deveria ser investigado, pois houve relatos frequentes de problemas em Wirecard.
"As fintechs que oferecem serviços financeiros precisam de supervisão apropriada", disse ele à Reuters.
Um porta-voz do Ministério da Justiça disse que o governo está analisando até que ponto a supervisão da auditoria deve ser reformada.
A quebra da Wirecard também está levando a Deutsche Boerse (DE:DB1Gn) a estudar possíveis revisões das regras de associação ao índice DAX, da qual a empresa fazia parte, disse a operadora.
A implosão da Wirecard ocorreu sete dias após a EY, sua auditora por mais de uma década, se recusar a assinar o balanço de 2019, derrubando o presidente-executivo, Markus Braun.
(Por Arno Schuetze)