SÃO PAULO (Reuters) - A Diretoria Executiva da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) aprovou aumento médio de 34% nas tarifas de armazenagem pagas a armazéns credenciados pela estatal, preparando-se para uma anunciada retomada da formação de estoques públicos pelo governo federal.
"Voltaremos a fazer estoques públicos, o que é fundamental para combater a inflação dos alimentos. Para isso, precisamos antes ampliar a rede credenciada da Conab. Isso passa pelo reajuste das tarifas pagas pela Conab aos armazéns credenciados", disse o presidente da Conab, Edegar Pretto, em nota nesta quinta-feira.
Segundo ele, as tarifas não eram corrigidas desde 2017.
A Conab não divulgou os custos envolvidos na política, assim como o governo ainda não anunciou quais os mecanismos utilizará para retomar compras para estoques públicos ou os produtos envolvidos.
Pretto disse também que, para o governo voltar a fazer estoques reguladores, é necessário reestruturar a rede de armazenagem, incluindo os armazéns próprios da companhia e os de terceiros credenciados.
Se por um lado um eventual programa de compras de grãos pode ser mais factível, considerando a recente queda acentuada de preços de produtos como o milho, de outro há desafios para fazer estoques de produtos como grãos, diante de um déficit de armazenagem no Brasil.
O Brasil colheu na atual temporada mais grãos na safra de verão do que toda sua capacidade de armazenar, algo que não acontecia há 20 anos, conforme reportagem da Reuters que alertou para o tema em janeiro.
A formação de estoques públicos é uma das ferramentas para garantir o preço mínimo da produção e a renda do agricultor, além de regular o abastecimento interno, para mitigar as variações de preços, destacou a Conab em nota.
Os estoques públicos -- que estão em níveis historicamente baixos há vários anos, após o governo anterior não considerar economicamente viável tal política, em meio a preços das commodities em disparada -- podem ser usados em ações da Conab, como ajuda humanitária, doação de alimentos e o Programa de Venda em Balcão (ProVB).
O reajuste na tarifa foi publicado no Diário Oficial desta quinta-feira.
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(Por Roberto Samora)