Investing.com - A tensão política em Brasília não foi o único fator que levou o Ibovespa ao pessimismo na segunda quinzena de março. O Brasil não é uma ilha e também é impactado com desdobramentos de decisões políticas e econômicas do exterior.
Na última semana de março, o mercado internacional começou a indagar se os fracos indicadores econômicos dos principais países configuram uma desaceleração ou uma recessão. O questionamento veio após a inversão da curva de rendimentos dos títulos americanos a partir da sexta-feira 22, ou seja, os ganhos com papéis de curto prazo da dívida do governo americano são maiores do que os de longo prazo.
No passado, essa inversão era uma sinalização de recessão, e a última vez que ocorreu foi em 2007, prestes à crise financeira de 2008. A inversão continua nesta semana, mas retomou a normalidade na sexta-feira, com o rendimento do título de 3 meses a 2,396%, enquanto os ganhos do título de 10 anos estão em 2,407% na sessão de sexta-feira 29.
Além dos dados econômicos ruins, o tom dovish do Fed na última reunião de política monetária, na semana passada, também contribuiu com a inversão. A instituição anunciou o objetivo de não elevar os juros nos EUA este ano e finalizar o programa de redução de balanço em setembro, além de seguir com o discurso “paciente” com a evolução dos indicadores econômicos nos EUA, Europa e China.
O Brexit e as negociações comerciais entre EUA e China também contribuem para a avaliação de risco dos investidores. Na terra da rainha, o acordo negociado da primeira-ministra Theresa May com a Comissão Europeia foi rejeitado pela terceira vez na sexta 29, o que deve levar a um Brexit sem acordo em 12 de abril e incertezas à economia.
Em Pequim, representantes dos EUA e da China voltaram negociar o acordo comercial que dê fim ao embate comercial entre os dois países. Negociadores americanos disseram à Reuters que a China está disposta a um acordo amplo de transferência forçada de tecnológico, o que animou os investidores. Por ser um tema sensível ao seu crescimento econômico, os chineses, no entanto, não se manifestaram a respeito da informação da Reuters.
Apesar do ambiente negativo, o S&P encaminhou para o maior ganho trimestral desde setembro de 2009, acumulando alta de 13,07% no período. Na sexta 29, o IPO da Lyft (NASDAQ:LYFT), startup de transporte individual de passageiros e principal concorrente do Uber nos EUA, levantou US$ 2,34 bilhões. O valor foi atingido após a empresa aumentar a faixa de preço-alvo do IPO entre US$ 70 e US$ 72, o que demonstra forte demanda por ações. Após o início das negociações dos papéis na Nasdaq, o apetite continuou com a valorização de 8,74% no dia, a US$ 78,29.