Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs de curto prazo fecharam a terça-feira próximas da estabilidade, enquanto as longas terminaram em alta, numa sessão marcada por dados de inflação favoráveis no Brasil e pela queda firme dos rendimentos dos Treasuries no exterior.
Apesar do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) melhor que o esperado em agosto, a curva de juros brasileira seguiu precificando alta na próxima semana de pelo menos 25 pontos-base da Selic, hoje em 10,50% ao ano.
No fim da tarde a taxa do DI para outubro de 2024 -- um dos mais líquidos atualmente, refletindo apostas para o Copom deste mês -- estava em 10,54%, ante 10,538% do ajuste anterior.
A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,915%, ante 10,923% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2026 estava em 11,76%, ante 11,756%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 11,81%, ante 11,764%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 11,77%, ante 11,727%.
Pela manhã, antes da abertura dos negócios, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA teve deflação de 0,02% em agosto, após inflação de 0,38% em julho. Foi a primeira taxa negativa desde junho de 2023 (-0,08%). O resultado ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters com economistas, de inflação de 0,01%.
Em 12 meses até agosto o IPCA acumulou alta de 4,24%, ante 4,50% em julho e expectativa de 4,29%.
“O IPCA veio abaixo do esperado e a abertura do indicador foi considerada benigna, com inflação de serviços bem-comportada e inflação de núcleos também. Isso favorece o fechamento da curva de juros aqui. Lá fora, os (yields dos) Treasuries também fecham, o que ajuda”, comentou no início da tarde Luciano Rostagno, estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos.
Naquele momento as taxas dos DIs tinham leve viés de baixa, em especial entre os contratos com prazos mais longos. No entanto, o movimento não se sustentou, e as taxas longas passaram a ter leves ganhos na metade da tarde, sem que profissionais ouvidos pela Reuters citassem motivos específicos para isso.
“Não teve nada de anormal. Houve uma alta a partir das 14h15, 14h30, mas um movimento muito curto”, comentou Diego Faust, sócio da Manchester Investimentos. “É uma flutuação normal de mercado.”
Entre os contratos de curtíssimo prazo as taxas ficaram novamente muito próximas dos ajustes anteriores, com alteração pequena na precificação do mercado para a reunião do Comitê de Política Monetária do BC na próxima semana.
Perto do fechamento a curva brasileira precificava 96% de probabilidade de alta de 25 pontos-base da Selic e 4% de chance de aumento de 50 pontos-base. Na segunda-feira os percentuais estavam em 91% e 9%, respectivamente.
Em comentário enviado a clientes, o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, disse que os números do IPCA de agosto foram “muito bons”, mas “não sei se vai dar tempo para consolidar a visão de manutenção da Selic na próxima reunião (que já é na próxima quarta-feira)”.
No exterior, as taxas dos Treasuries seguiam em baixa firme neste fim de tarde. Às 16h38 o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 5 pontos-base, a 3,646%.