Espresso Financista: Após tumulto de Maranhão, mercado volta ao normal e foca no impeachment

Publicado 10.05.2016, 08:34
Atualizado 10.05.2016, 08:50
Espresso Financista: Após tumulto de Maranhão, mercado volta ao normal e foca no impeachment

Waldir Maranhão desistiu de anular etapa do processo de impeachment (Divulgação)

SÃO PAULO - Bom dia! Aqui está a sua dose diária do Espresso Financista™:

Apito incial

As coisas voltam aos seus lugares nesta terça-feira (10) após o susto dos mercados no último pregão com a decisão do presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão, de anular a votação do impeachment na Casa.

No fim da noite, o deputado voltou atrás em sua decisão depois de o presidente do Senado Renan Calheiros ignorar a decisão anterior de Maranhão e confirmar a votação da abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na quarta-feira no plenário da Casa.

No saldo do tumulto causado por Maranhão, pior para Dilma, que viu Calheiros ser empurrado para o time dos defensores do impeachment.

O peemedebista era, até pouco tempo atrás, o último aliado da presidente no PMDB que articulava, cada vez mais às claras, sua queda. Provocá-lo com “brincadeiras com a democracia”, como Renan classificou a decisão de Maranhão de anular o processo do impeachment, pode ter sido um tiro pela culatra.

A tentativa de atrasar o processo irritou o presidente do Senado no momento em que ele tem a caneta que pode pôr para fora a presidente.

Além da certeza da continuidade do rito do impeachment, o mercado doméstico segue influenciado pela formação do provável governo de Michel Temer.

O vice-presidente decidiu seguir a orientação do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles e vai fundir o Ministério da Previdência ao Ministério da Fazenda em seu eventual governo. A intenção de Temer é fazer com que regras mais duras para aposentadoria sejam colocadas em prática. Esta também seria uma das medidas adotadas pelo vice para conseguir reduzir o número de pastas, segundo o jornal O Estado de S. Paulo.

Após receber críticas, Temer voltou atrás e decidiu manter a ideia de reduzir o número de ministérios, fazendo um enxugamento da máquina pública. Temer acertou novo desenho da esplanada e deve cortar ao menos dez pastas, de 32 para 22. Além de fundir a Previdência com a Fazenda, o Ministério das Comunicações abrigaria a pasta da Ciência e Tecnologia.

A Secretaria de Direitos Humanos seria unida ao Ministério da Justiça, criando o Ministério da Justiça e Cidadania. A pasta da Cultura voltaria e ser incorporada ao Ministério da Educação. As secretarias de Portos e Aviação Civil seriam fundidas ao Ministério dos Transportes, e o do Desenvolvimento Agrário seria juntado com o do Desenvolvimento Social. Banco Central, AGU (Advocacia-Geral da União), Secretaria de Comunicação Social e Chefia de Gabinete da Presidência perderiam o status de ministérios, segundo o jornal Folha de S.Paulo.

Nos mercados internacionais, as bolsas chinesas fecharam em leve alta pressionadas por comentários da mídia local de que o país pode sofrer uma crise financeira e recessão econômica. A inflação chinesa subiu 2,3% em abril, ligeiramente abaixo da expectativa de alta de 2,4% nos preços.

As bolsas europeias operam em alta e são seguidas pelos índices futuros norte-americanos diante da valorização dos preços do petróleo.

Segundo a LCA Consultores, a expectativa de votação do impeachment na quarta-feira e a decisão de Temer de reduzir dez ministérios impactarão favoravelmente os mercados domésticos.

“Os mercados também aguardam uma postura mais ativa de Temer, já que ele sinalizou que iria propor medidas emergenciais assim que assumisse o comando do Planalto”, observa Rafael Omachi, analista da Guide Investimentos.

O poder e a economia

Dedo do Jucá na Vale - Cotado para o Ministério do Planejamento em uma eventual gestão do vice-presidente Michel Temer, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) tem a intenção de indicar um novo presidente para a mineradora Vale. Mesmo sendo uma companhia privada, a Vale sofre forte influência dos fundos de pensão estatais Previ, Funcef e Petros, que estão no grupo de controle da empresa e por isso sofre com pressões do governo. Tanto Jucá, como o atual presidente da mineradora Murilo Ferreira, foram procurados e não comentaram o assunto. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.

Ao apagar das luzes - O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, prepara um pacote com 14 novas medidas para destravar a economia. Uma das novidades é a proposta de o CMN (Conselho Monetário Nacional) passar a ter a responsabilidade de aprovar anualmente um plano para administração de reservas internacionais e swaps cambiais. O problema é que, caso o processo de impeachment seja aprovado, as medidas terão que passar pela aprovação do grupo do vice-presidente Michel Temer. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.

Sem dinheiro - O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não dispõem de recursos necessários para realizar as eleições municipais do mês de outubro. O orçamento previsto em R$ 750 milhões, foi reduzido em 35%, cerca de R$ 256,6 milhões. O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, que assume a presidência do TSE nesta semana, afirmou que a situação é grave e existe ameaça à realização da votação. Para piorar, Mendes diz que não há uma interlocução com o governo, uma vez que muitos funcionários estão deixando seus cargos devido ao processo de impeachment. A informação é da colunista Mônica Bergamo do jornal Folha de S.Paulo.

Desarmando a bomba – O plenário do Senado vota a cassação do senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) nesta terça-feira (10), às 17h.

Cinco minutos de fama – O PP analisa pedido para expulsar o presidente interino da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), do partido.

Na pista – A presidente Dilma Rousseff mantém uma agenda pública intensa antes da votação do processo de impeachment pelo Senado. Nesta terça-feira, ela participa da cerimônia de abertura da 4ª Conferência Nacional de Política para as Mulheres.

Contas públicas – A Comissão Mista de Orçamento elege presidente e relator.

Delação de empresas – A Comissão Mista que analisa a MP 703/15, que trata de acordos de leniência, continua a análise do relatório do relator Paulo Teixeira (PT-SP).

Democracia – A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado encerra o ciclo de debates “Democracia e Direitos Humanos” com audiências com ex-parlamentares que participaram da elaboração da atual Constituição, de 1988, além de sindicatos e associações de servidores públicos.

Conselho fiscal – A CPI do Carf se reúne para ouvir os depoimentos de dois servidores da Receita Federal acusados de envolvimento em compra de sentenças do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais). Eduardo Cerqueira Leite e Jeferson Ribeiro Salazar foram denunciados pelo Ministério Público, acusados de intermediar pagamento a conselheiros e ex-conselheiros do Carf em troca de sentenças favoráveis aos bancos Safra, Bradesco (SA:BBDC4) e Santander.

O que acontece no mundo corporativo

Minguado - A Via Varejo (SA:VVAR11), rede de comércio de eletrodomésticos e móveis do Grupo Pão de Açúcar (SA:PCAR4), anunciou lucro líquido de R$ 3 milhões, uma queda de 98,7% sobre um ano antes. O resultado operacional da companhia, medido pelo Ebitda (lucro antes de impostos, juros, amortização e depreciação, na sigla em inglês), somou R$ 112 milhões entre janeiro e março, declínio de 78,3% na comparação anual. A margem Ebitda caiu 7,2%, para 2,4%.

Protesto 1 - Trabalhadores da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo decidiram paralisar a produção por 24 horas nesta segunda-feira, 9, informou o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A decisão, segundo o sindicato, foi tomada em protesto à resistência da montadora em renovar medidas de ajuste como o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) e o lay-off (suspensão temporária dos contratos).

Protesto 2 - Os trabalhadores da BRF (SA:BRFS3), dona das marcas Sadia, Perdigão e Qualy, farão nesta terça-feira, 10, um protesto contra os reajustes salariais oferecidos pela empresa. O protesto, convocado pela Confederação dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação, está marcado para às 10h na sede da Federação dos Trabalhadores da Indústria da Alimentação, em São Paulo.

Paradão - A queda na emissão de prêmios em importantes áreas de negócios e a alta no pagamento de indenizações a segurados pesaram sobre a BB Seguridade (SA:BBSE3), cujo lucro do primeiro trimestre ficou praticamente estável na comparação com um ano antes. A BB (SA:BBAS3) Seguridade lucrou R$ 958 milhões no período, alta de 0,9% ante mesma etapa de 2015.

Abacaxi - Fontes próximas a Temer consultadas por O Financista confirmam que Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura, é o favorito para suceder Aldemir Bendine na presidência da Petrobras (SA:PETR4). Uma segunda opção é Rodolfo Landim, ex-diretor da OGX (SA:OGXP3) e da Petrobras, segundo essas fontes.

Nova direção - A transmissora de energia Taesa, controlada pela Cemig (SA:CMIG4) e pelo fundo Coliseu, anunciou que seu conselho de administração elegeu João Procópio Campos Loures Vale como diretor presidente da companhia, com mandato válido por 3 anos.

Sem caixa - A Caixa limitou, desde o fim de abril, novos financiamentos da linha Pró-Cotista FGTS, por falta de recursos, em outro revés para o setor imobiliário, afetado por taxas de juros crescentes e queda na demanda. A informação foi confirmada pelo vice-presidente de crédito da Caixa, Nelson Souza.

Exportando a crise - O Itaú Unibanco (SA:ITUB4) pretende se mudar de seu escritório em Nova York, no 50º andar do edifício General Motors (NYSE:GM), que tem vista para o Central Park e um dos aluguéis mais caros do meio da cidade, segundo a Reuters.

Fio desencapado - A Eletrobras (SA:ELET3) enviou comitiva aos EUA para reuniões com o órgão regulador do mercado de capitais norte-americano e com a Bolsa de Valores de Nova York, em meio a investigações sobre eventual prática de corrupção em contratos da companhia que poderiam submetê-la a punições pela legislação anticorrupção local.

Lucro - A holding Itaúsa encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 1,968 bilhão, avanço de 2% sobre o mesmo período do ano anterior.

Lucro 2 - A JSL encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido consolidado de R$ 12,3 milhões. A cifra representa uma queda de 53% sobre o mesmo período do ano passado, quando foi de R$ 26,2 milhões. Um dos motivos do resultado, segundo a empresa, é a entrada de novos clientes, cujos contratos demoram para render o esperado.

Comprar ou vender?

Rachaduras - A Bradesco Corretora reduziu o preço-alvo para as ações da Gafisa (SA:GFSA3) de R$ 3 para R$ 2, mantendo a recomendação neutra após a divulgação do resultado do primeiro trimestre. O relatório destaca que os números foram fracos e mostraram diferenças entre os segmentos de baixa e alta renda.

Esperar para ver - O Société Générale (PA:SOGN) cortou a recomendação para as ações da Vale negociadas em Nova York - que representam os papéis ordinários VALE3 (SA:VALE3) na Bovespa – de compra para manutenção e o preço-alvo em 40%.

Para comentar mais tarde

Fontes próximas a Temer consultadas por O Financista confirmam que Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura, é o favorito para suceder Bendine. Uma segunda opção é Rodolfo Landim, ex-diretor da OGX e da Petrobras. Veja na reportagem de Marcelo Ribeiro.

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