O excesso de incertezas provoca uma fuga dos investidores para ativos considerados mais seguros (Bertrand Langlois/AFP)
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Apito inicial
Uma sexta-feira (24) de derrocada para os mercados globais em reação ao resultado do referendo britânico que endossou a saída do Reino Unido da União Europeia. Além do impacto econômico em si, cujos desdobramentos ainda não são conhecidos, há um receio sobre os efeitos a longo prazo de um ideal "antiglobalização", ilustrado também pela campanha de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
"Modelos matemáticos convencionais não são de muita utilidade neste ambiente. Esta é a era do economista político", conclui o estrategista do UBS, Paul Donovan, em nota a clientes.
O excesso de incertezas provoca uma fuga dos investidores para ativos considerados mais seguros, como títulos da dívida de governos com rating elevado, iene, franco suíço, dólar e ouro, enquanto vendem ações e commoditites. Como houve otimismo nos últimos dias em reflexo de pesquisas favoráveis à permanência na UE, o tombo é mais acentuado.
Os índices de Londres e e Frankfurt recuavam 5% e 7%, respectivamente. Os preços do barril de petróleo caíam também 5%, abaixo da faixa de US$ 49. A libra despencou mais de 10% frente ao dólar e atingiu US$ 1,3228, menor nível desde 1985.
De acordo com a Bloomberg News, o CDS do Brasil de cinco anos, um termômetro de risco de o país honrar seus compromissos financeiros, dispara e atinge 345 pontos, a maior alta desde março. Os recibos de ações da Petrobras (SA:PETR4) negociados em Nova York sofrem desvalorização da ordem de 9%, enquanto os da Vale (SA:VALE5) perdem 10%.
Autoridades monetárias europeias já indicaram prontidão para agir. O BC inglês anunciou a disponibilidade de até 250 bilhões de libras para oferecer em liquidez ao mercado. O Banco Central Europeu e o BC japonês também se prontificaram a ajudar, se necessário.
O poder e a economia
Nomeações - Após a aprovação da Lei de Responsabilidade das Estatais, Michel Temer irá retomar as nomeações para cargos nas empresas públicas. Segundo o Valor Econômico, os cargos do setor elétrico estão no topo da lista, seguidos das indicações para a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e para o Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra a Seca), além dos diretores dos bancos públicos.
Estados - Um estudo realizado por José Roberto Afonso, pesquisador do Ibre da FGV, constatou que o teto de gastos para os Estados é inútil. Segundo matéria do Estadão, a conclusão é que o Rio de Janeiro e, ao menos, outros seis Estados estariam aptos a cumprir com grande folga a imposição de um limite para os gastos, uma vez que o problema dos governadores é a queda nas receitas e não no aumento das despesas como acontece com a União.
Sem capitalização - A capitalização da Caixa Econômica Federal e da Petrobras foi descartada pela equipe econômica de Michel Temer. Segundo o Estadão, a conclusão é que no atual momento não há necessidade de tomar tal medida com a petroleira nem com o banco.
O que acontece no mundo corporativo
Eletrobras (SA:ELET3) - De acordo com reportagem do Estadão, o governo tirou da Eletrobras a gestão de fundos que alimentam o setor elétrico. Agora, os fundos que movimentam cerca de R$ 19 bilhões, serão administrados pela CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica). A decisão foi tomada porque a companhia foi acusada de utilizar recursos de forma indevida.
Novo Fies - De acordo com o jornal Valor Econômico, as quatro empresas de ensino de capital aberto do Brasil têm uma fatia de 27,3% das 75 mil novas vagas do Fies abertas para o segundo semestre. Em valores absolutos, a Kroton (SA:KROT3) lidera com 8,8 mil vagas, seguida pela Ser Educacional (SA:SEER3) com 5,7 mil. Logo atrás vem a Estácio com 4,8 mil e a Anima somando 1,1 mil vagas.
Corinthians - Em meio às negociações da União com os estados surge mais um interessado em receber uma mãozinha. O Corinthians estuda um pedido de renegociação da sua dívida com o BNDES, atualmente em torno de R$ 400 milhões. O objetivo do clube paulista é adquirir mais tempo para realizar o pagamento, além de parcelas com valores menores. A informação é do jornal O Estado de S. Paulo.
Usiminas (SA:USIM5) - O grupo japonês Nippon Steel, um dos sócios no controle da Usiminas, entrou na Justiça para derrubar o presidente da siderúrgica, Sérgio leite. Os japoneses desejam a volta de Rômel de Souza, que era o nome de confiança dos asiáticos. De acordo com o Estadão, a decisão termina de vez com a trégua entre o grupo Nippon e o grupo ítalo-argentino Ternium.
Saco sem fundo - R$ 16,1 bilhões: esse é o tamanho do rombo apurado em um dos planos da Petros, o fundo de pensão dos funcionários da Petrobras. Trata-se do Plano Petros Sistema Petrobras (PPSP). O buraco deverá ser coberto meio a meio pela empresa e pelos beneficiários. Há 21 mil contribuintes ativos e 55 mil inativos no PPSP.
Ondas de choque 1 - A Oi (SA:OIBR4) está pedindo proteção em relação aos R$ 500 milhões em contas devidas a fornecedores internacionais, desde Nokia e Ericsson até IBM (NYSE:IBM) e Alcatel-Lucent (PA:ALUA), de acordo com documentos jurídicos vistos pela Reuters.
Ondas de choque 2 - A Oi disse que a Suprema Corte de Justiça da Inglaterra e País de Gales emitiu ordens reconhecendo seu pedido de recuperação judicial no Brasil. Elas estabelecem que o início ou prosseguimento de ações de execução nestes países contra a Oi estão suspensos a partir desta quinta-feira.
Crime não compensa - Executivos da Oiltanking vão pagar R$ 143.735,60 à CVM para evitar a abertura de um processo de uso de informações privilegiadas na negociação de papéis da Prumo Logística (SA:PRML3).
Última a saber - A Eletrobras não foi informada sobre mudanças na presidência da empresa, após o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, ter confirmado no cargo Wilson Ferreira Jr., presidente da CPFL Energia (SA:CPFE3).
Brilha muito - A Eletrobras permanece responsável pelos programas setoriais do governo federalLuz para Todos, Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa) e Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel).
Triângulo - Alvo de propostas de dois grupos educacionais, a Estácio Participações (SA:ESTC3) tentou sem sucesso aproximação com a Unip, enquanto a Ser Educacional prepara novos termos de sua proposta até o começo da próxima semana.
C’est la vie - A eventual venda de ativos não essenciais é parte das alternativas que um banco deve considerar para manter níveis saudáveis de capitalização, disse o presidente-executivo do Banco do Brasil (SA:BBAS3), Paulo Caffarelli.
Cronômetro - A venda de operações de varejo do Citi no Brasil deve acontecer até setembro, segundo o presidente-executivo do banco no país, Helio Magalhães.
Na estrada – A CCR (SA:CCRO3) MSVias, concessionária controlada pela CCR que opera rodovias em Mato Grosso do Sul, obteve um financiamento de R$ 527,3 milhões para investir na BR 163/MS. O dinheiro virá da Caixa.
Nada feito – A Melhoramentos vai devolver quase R$ 64 milhões à Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário (CCDI). O montante corresponde ao sinal recebido pela venda de um imóvel em Caieiras (SP). O dinheiro será pago em 14 parcelas.
Ao mercado – A Log Commercial Properties foi autorizada, pelo conselho de administração, a emitir sua primeira série de notas promissórias. A operação pretende captar R$ 100 milhões.
Proventos – A Guararapes, dona da Riachuelo, vai pagar juros sobre capital próprio no valor bruto de R$ 30,4 milhões. A fatia de cada acionista será baseada na sua posição em 28 de junho. A data do pagamento não foi anunciada.
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