A gestora brasileira Pátria, listada na Nasdaq e com US$ 27 bilhões (por volta de R$ 129,7 bilhões) em ativos, fechou acordo com o Bancolombia, o maior grupo financeiro colombiano, para a criação de uma empresa de investimentos no país vizinho. A parceria já nasce com um fundo de US$ 1 bilhão (R$ 4,8 bilhões), dedicado ao mercado imobiliário. Haverá também um aporte dos brasileiros na nova companhia, de valor não revelado.
O Pátria terá participação de 51% na joint venture e o restante fica com o Bancolombia. Pelos termos do acordo, assinado neste fim de semana e que vai ser anunciado hoje, a equipe de gestão do banco colombiano será transferida para a nova empresa. O time cuidava de um fundo imobiliário do banco, de US$ 1 bilhão, que investe um terço dos recursos em shoppings, outro terço em escritórios e o restante em empreendimentos imobiliários diversos, como galpões logísticos, e agora ficará na nova empresa.
O objetivo é aumentar o tamanho do fundo e também os tipos de produtos que a nova gestora vai oferecer, afirma o sócio e CEO da área imobiliária do Patria, Marcelo Fedak. "É uma via de mão dupla. Vamos querer ter o investimento de colombianos dentro da Colômbia e de repente um investidor chileno na Colômbia. Conseguir ligar e conectar esses mercados da América Latina", diz Fedak.
Modelo
O modelo do negócio do Pátria na Colômbia é parecido com a parceria no Brasil entre o Itaú (BVMF:ITUB4) e a gestora Kinea, criada em 2007 com ex-executivos do Bank Boston. Focada inicialmente em fundos multimercados, hoje a gestora tem mais de 30 produtos e perto de R$ 80 bilhões em ativos.
A estratégia de fincar o pé de vez na Colômbia, onde o Pátria tinha um escritório local, tem relação com a tese de investimentos apresentada aos investidores internacionais na abertura de capital na Nasdaq, em 2021. A gestora prometeu expansão para os países considerados essenciais da América Latina, que além do Brasil e México, incluem Chile, Peru e Colômbia, e também aumentar a oferta de produtos na região, diz o sócio e responsável pelas operações do Pátria na América Latina, Daniel Sorrentino. Na Colômbia, a gestora já tem investimentos que vão desde concessões rodoviárias a uma rede de hospitais.
Operações
Desde a chegada em Wall Street, o Pátria comprou uma gestora chilena, a Moneda. No Brasil, deu passos como a compra da Igah Ventures e de 40% na Kamaroopin, ambos para reforçar a atuação em venture capital, fundos que compram participação em jovens empresas. A gestora também investe em empresas como a Qualicorp (BVMF:QUAL3) e a Alliar (BVMF:AALR3), além de ter uma atuação em setores como infraestrutura.
A base de produtos oferecidos pelo Pátria subiu de cerca de oito, antes da abertura de capital, para mais de 25. Já a base de investidores da América Latina do Pátria saltou de 10% para 40% em pouco mais de dois anos. Até então, 90% dos clientes eram investidores internacionais querendo alocar recursos nos países da região.
Referência
No país vizinho, o Bancolombia tem força até relativamente maior que o Itaú e o Bradesco (BVMF:BBDC4) no mercado brasileiro. Tem 29 milhões de clientes, isso em uma população de 50 milhões de pessoas, ou seja, 60% de participação, enquanto no Brasil os grandes bancos ficam na casa dos 50%. Em toda transação bancária na Colômbia, o banco está em ao menos uma parte. "Ter presença local nos países da América Latina faz toda a diferença", disse Alfonso Duval, sócio do Pátria que veio da aquisição da chilena Moneda e é CEO para a região, excluindo o Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.