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Gol e Azul anunciam acordo de codeshare e ações disparam

Publicado 24.05.2024, 11:29
© Reuters
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SÃO PAULO (Reuters) -As ações de Azul (BVMF:AZUL4) e Gol (BVMF:GOLL4) dispararam nesta sexta-feira, após as companhias aéreas anunciarem um acordo de codeshare que englobará mais de 150 destinos, acrescentando que as rotas envolvidas serão aquelas operadas por uma das companhias e não pela outra.

Por volta de 14h50, as ações da Azul avançavam mais de 6%, a 10,45 reais, melhor desempenho do Ibovespa, que rondava a estabilidade. Os papéis da Gol, que não fazem parte do índice, disparavam quase 12%, a 1,41 real.

A Gol e a Azul são, respectivamente, a segunda e a terceira maiores companhias aéreas do Brasil em receita por passageiro por quilômetro, uma medida de tráfego. Cada uma tem cerca de 30% de participação no mercado doméstico, atrás dos 40% da Latam, segundo dados da Anac.

A Gol vem perdendo terreno desde que pediu recuperação judicial nos Estados Unidos no início deste ano, em meio a dívidas elevadas e atrasos nas entregas da Boeing (NYSE:BA).

Analistas do Itaú BBA destacaram que a notícia é positiva para a Azul porque, entre outras razões, reforça o ambiente competitivo positivo no espaço aéreo brasileiro, assim como poderá desbloquear receitas adicionais para a Azul dada a maior conectividade criada pelo codeshare.

"Observe que este acordo não depende de aprovação antitruste", afirmaram Gabriel Rezende e equipe em relatório enviado a clientes, avaliando ainda que a notícia poderá aumentar a percepção dos investidores sobre a possibilidade de uma fusão entre as companhias aéreas.

Notícias nos últimos meses afirmaram que a Azul estava cogitando uma aquisição da Gol, que era a principal companhia aérea do Brasil até 2021. A Azul tem afirmado que observa o mercado em busca de potenciais parcerias e que, em geral, é a favor de movimentos de consolidação para fortalecer operadoras aéreas.

A empresas afirmaram que possuem cerca de 1.500 decolagens diárias e que o acordo vai criar mais de 2.700 oportunidades de viagens com apenas uma conexão.

"Dado que a Azul voa sozinha em mais de 80% de suas rotas, a combinação de seus negócios poderia desbloquear sinergias substanciais de receitas, além da economia de custos para a empresa combinada", acrescentaram os analistas do Itaú BBA.

De acordo com o comunicado das duas empresas divulgado na noite de quinta-feira, as ofertas de rotas em codeshare estarão disponíveis para venda a partir do final de junho nos canais de ambas as companhias. As rotas que são operadas por ambas as empresas não fazem parte do acordo.

O acordo vincula os programas de fidelidade de ambas as companhias, permitindo que os viajantes acumulem pontos no programa de sua preferência.

O ministro dos Portos e Aeroportos do Brasil, Silvio Costa Filho, disse esperar que o acordo de codeshare entre Gol e Azul amplie a conectividade entre os diversos destinos brasileiros, gerando maior complementaridade na malha aérea nacional, oferecendo mais opções de voos.

"O MPor e a Anac estarão acompanhando eventuais consequências do acordo entre as duas empresas, buscando sempre melhores serviços e condições para o consumidor brasileiro", disse Costa Filho, em um post na rede social X.

A Azul tinha um acordo de codeshare com a Latam em 2020, quando a pandemia do coronavírus atingiu a indústria de viagens aéreas, mas ele acabou no ano seguinte, quando a Azul fez uma oferta sem sucesso para combinar seus negócios com a transportadora com sede no Chile.

As companhias aéreas locais têm lutado para estabilizar os seus negócios desde a pandemia. A Gol entrou com pedido de recuperação judicial nos EUA, em processo conhecido como Chapter 11, a Latam saiu do pedido de recuperação nos EUA com um plano de reorganização de 8 bilhões em 2022 e a Azul reestruturou sua dívida fora dos tribunais no ano passado.

© Reuters. Avião da Azul na pista do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, Brasil
11/03/2019
REUTERS/Sergio Moraes

Analistas da Genial Investimentos disseram acreditar que o acordo é reflexo de uma incapacidade da Gol em suprir a demanda e deve beneficiar a Azul com o escoamento de passageiros.

As companhias aéreas brasileiras registraram uma procura mais forte este ano, levando a Azul a aumentar em março a sua estimativa para os resultados.

(Por Eduardo Simões, com reportagem adicional de Paula Arend Laier e Gabriel AraujoEdição de Camila Moreira)

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