GPA desaba e perde 1/3 do valor de mercado após novo prejuízo e dúvidas sobre conselho

Publicado 06.05.2025, 14:14
Atualizado 06.05.2025, 14:15
© Reuters.

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - As ações do GPA (BVMF:PCAR3) desabavam nesta terça-feira, perdendo quase um terço do seu valor de mercado, em meio à análise do balanço do primeiro trimestre, bem como eleição de novos integrantes para o conselho de administração do varejista de alimentos dono da rede Pão de Açúcar.

Analistas destacaram positivamente o resultado operacional da companhia, que apresentou expansão de receitas e do Ebitda ajustado consolidado, bem como melhora em margens, mas chamaram a atenção para um desempenho ainda negativo na última linha, além de fluxo de caixa negativo.

"Embora o GPA continue a melhorar a margem Ebitda ano a ano, ele continua a reportar prejuízos líquidos, além de grande queima de caixa", afirmaram os analistas do Citi, chamando a atenção também para a alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda, que "está perto de 3 vezes novamente".

Às 13h53, os papéis do GPA desabavam 23,88%, a R$2,9 cada, na quarta queda seguida, após marcar uma máxima intradia desde janeiro de 2024 no último dia 29 de abril. Mesmo com o forte ajuste negativo recente, a ação ainda acumula em 2025 uma valorização de cerca de 13,7%.

Na mínima até o momento, a ação chegou a R$2,7, em queda de 29,1%, equivalente a uma perda de R$544 milhões em valor de mercado.

Nos primeiros três meses do ano, o GPA teve um prejuízo líquido de R$93 milhões nas operações continuadas, ante uma perda de R$407 milhões um ano antes, enquanto o Ebitda ajustado consolidado somou R$409 milhões, alta de 9,9% na comparação anual, com a margem nessa linha passando de 8,1% para 8,6%.

A receita bruta cresceu 4,6%, para cerca de R$5,1 bilhões, enquanto a receita líquida aumentou 3,9%, para quase R$4,8 bilhões. As vendas no conceito mesmas lojas, excluindo o impacto de calendário, mostraram aumento de 7,3%.

Em contrapartida, além do prejuízo, o fluxo de caixa livre operacional ajustado ficou negativo em R$817 milhões, acima do resultado negativo de R$753 milhões no mesmo período de 2024.

A alavancagem financeira pré-IFRS 16 - medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda ajustado consolidado pré-IFRS 16 dos últimos 12 meses (incluindo despesas com aluguéis) - ficou em 2,8 vezes, frente ao patamar de 3 vezes registrado um ano antes. No final de 2024, porém, esse número era de 1,6 vez.

Analistas do Bank of America (NYSE:BAC) destacaram que um ambiente competitivo favorável e uma boa execução estão gerando sólidos ganhos operacionais. "No entanto, dívidas pesadas e contingências podem ser difíceis de superar", ponderaram em relatório, reiterando recomendação "underperform" para as ações.

Eles também acrescentaram que os esforços para substituir o conselho do GPA parecem ter fracassado e avaliam que novos membros podem causar alguma dissonância.

A assembleia de acionistas da empresa também elegeu na véspera novos conselheiros nomeados pelo empresário Nelson Tanure -- Sebastián Dario Los -- e pelo investidor Rafael Ferri.

Tanure, que detém cerca de 7% das ações do GPA, propôs no final de março a destituição do atual conselho do GPA e a eleição de novos membros para o colegiado, incluindo três representantes indicados pelo próprio empresário.

Porém, com a entrada das chapas apoiadas pelo investidor Rafael Ferri e pela família Coelho Diniz, dona da rede de supermercados de mesmo nome, o cenário de apoio mudou e os votos se diluíram, tornando mais improvável a eleição de todos os seus indicados.

Uma ata da assembleia divulgada pelo GPA confirmou a remoção das candidaturas de Pedro de Moraes Borba e Rodrigo Tostes Solon de Pontes pelo fundo de investimento Saint German, controlado por Tanure, enquanto Sebastián Dario Los, também indicado pelo fundo, foi eleito.

À Reuters, Tanure disse que tinha um plano audacioso para o futuro do GPA, mas como a chapa proposta não teve continuidade, decidiu não seguir com este projeto "em que não acreditamos mais". "Houve uma corrida pelas ações que não combina com o longo prazo", disse Tanure.

Também em entrevista à Reuters, Ferri, cujo grupo elegeu dois membros no conselho, disse que chegou com uma postura "construtiva". Ele afirmou que pretende dar mais visibilidade ao que tem sido feito na rede, e que muitos desconhecem, além de estar aberto a discutir ideias que sejam positivas para o grupo.

No final da segunda-feira, porém, o GPA divulgou que Ferri reduziu suas participações na companhia para 2,73%, incluindo derivativos. Em 16 de abril, ele havia alcançado participação de 5,86%. Ferri informou à empresa que seu objetivo com a alteração na fatia "é estritamente de investimento".

Em teleconferência com analistas nesta terça-feira sobre o balanço, o presidente-executivo do GPA, Marcelo Pimentel, disse que a companhia espera que o novo conselho de administração da companhia ajude a empresa a se manter no caminho da recuperação de seus resultados.

"Vamos ter oportunidade de ouvir novas visões e complementariedades para nos ajudar a acelerar o processo", acrescentou.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.