O apetite a risco nos mercados internacionais induz alta do Ibovespa, quem sabe levando o indicador a um terceiro pregão consecutivo de elevação, a uma segunda semana de ganhos e ainda voltando a fechar o mês com valorização. Porém, os ganhos por aqui são moderados. De um lado, as bolsas de Nova York e o balanço da Petrobras (BVMF:PETR4) puxam o indicador da B3 (BVMF:B3SA3) para cima. De outro, o desempenho da Vale no segundo trimestre e incertezas com a China limitam os ganhos.
"Como subiu muito e hoje é o último dia da semana e do mês, dá uma segurada. No entanto, no geral, os resultados corporativos estão vindo bons", avalia Flávio Aragão, sócio da 051 Capital.
No exterior, o bom humor vem de balanços trimestrais nos Estados Unidos e na Europa de empresas como Apple (NASDAQ:AAPL), Amazon (NASDAQ:AMZN), Exxonmobil Procter & Gamble, Chevron (NYSE:CVX), Renault (EPA:RENA), BNP Paribas (EPA:BNPP) e Air France, além do PIB europeu. O movimento acontece apesar da decepção com o PCE.
O índice de preços de gastos com consumo, o PCE, indicador preferido do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), ficou em 1% em junho ante maio. Já o indicador de sentimento do consumidor nos Estados Unidos elaborado pela Universidade de Michigan subiu de 50 em junho para 51,5 em junho.
Na opinião de Lucas Carvalho, especialista em renda variável da Blue3, é preciso olhar os dados do PCE com cautela, dado que os efeitos da política monetária demorarão a aparecer nos preços. Além disso, acrescenta que há dúvidas sobre a questão energética, que puxa a inflação para cima. "Como também estamos no último dia da semana e do mês para a Bolsa, pode ter algum ajuste, embora o balanço da Petrobras e de outros empresas são drive importante de alta", afirma.
"Crescimento acima do esperado na zona do euro e bons resultados corporativos nos EUA impactam positivamente os preços dos ativos de risco. Segue a expectativa de que o Fed não precisará ser muito duro no aperto dos juros", avalia em nota a MCM Consultores.
Na B3, o destaque são os papéis da Petrobras, que se soma ainda à elevação de quase 4% do petróleo no exterior hoje, estimulando também ganhos desta magnitude aos papéis da empresa. A estatal teve lucro de R$ 54,3 bilhões no segundo trimestre, 26,8% acima do mesmo período de 2021 e superior à expectativa do mercado. Além disso, anunciou o pagamento de dividendos recorde de R$ 87,8 bilhões aos seus acionistas.
No entanto, alguns números decepcionantes no balanço da Vale, cujo lucro líquido caiu pela metade no segundo trimestre, e da Usiminas (BVMF:USIM5), além da queda do minério na China, ofuscam a alta do Ibovespa.
Às 11h17, Vale ON (BVMF:VALE3) cedia 3,56% e Usiminas PNA perdia 2,54%. O Ibovespa tinha elevação de 0,10% (102.703,45 pontos), após máxima diária aos 102.993,67 pontos (alta de 0,39%), ante abertura aos 102.596,66 pontos. Ontem, fechou com elevação de 1,14%. Pode ainda pesar o fato de o indicador ter subido "muito" nos últimos dias.
Ainda nesta quinta-feira, autoridades chinesas reconheceram que a economia do país enfrenta dificuldades e que não serão capazes de cumprir a meta de crescimento de 5,5% estabelecida para 2022. Pequim reiterou também que manterá a política de tolerância zero contra a covid-19, apesar dos custos econômicos e sociais.
Ainda em relação à safra de balanços, a rede de shopping centers Multiplan (BVMF:MULT3), dona de 20 empreendimentos, obteve lucro líquido de R$ 172,551 milhões no segundo trimestre. O montante representa uma alta de 84,0% ante o mesmo período de 2021. O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 287,585 milhões, crescimento de 61,3% na mesma base de comparação. As ações cediam 3,46%.
Nesta quinta-feira, o Ibovespa fechou em alta de 1,14%, aos 102.596,66 pontos. Se der prosseguimento a este movimento, irá para o terceiro pregão seguido de ganhos e o segundo consecutivo semanal. Além disso, caminha para fechar julho com valorização, mas ainda sem zerar a queda de junho (-11,50%). Em igual mês de 2021, havia cedido 3,94%.