Aqui e em Nova York, investidores evitaram tomar risco na última sessão de semana que antecede decisões sobre a Selic e a taxa de juros de referência dos Estados Unidos, ambas na próxima quarta-feira. Assim, o Ibovespa permaneceu em faixa relativamente estreita esta sexta-feira, de mínima a 118.666,46, no fim da tarde, à máxima de 119.780,20, em variação de pouco mais de 1,1 mil pontos até o fechamento aos 118.757,53, em baixa de 0,53%. O giro financeiro subiu a R$ 29,6 bilhões, em dia de vencimento de opções sobre ações. Em Nova York, as perdas ficaram entre 0,83% (Dow Jones) e 1,56% (Nasdaq) na sessão.
Na semana, com a alta nas quatro sessões anteriores, o Ibovespa obteve ganho de 2,99% até a sexta-feira, no que foi o melhor desempenho desde o intervalo entre 5 e 9 de junho, quando havia avançado 3,96%. Dessa forma, mais do que reverteu a baixa de 2,19% da semana passada, que havia sucedido ganhos de 1,77% e 0,37%. O índice progrediu em três das últimas quatro semanas, vindo de perdas nas quatro anteriores, no intervalo iniciado em 24 de julho e que se estendeu a 18 de agosto. No mês, o Ibovespa sobe 2,61% e, no ano, 8,22%.
Para Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, as projeções dos analistas sobre as decisões de juros da próxima semana estão bem próximas de "consenso", mas há "divergência" sobre o que pode emergir nos comunicados, como indicação para os próximos passos na condução das políticas monetárias. "Mais do que as justificativas que embasarão as decisões, analistas e operadores estarão interessados nos sinais do que poderá vir pela frente", enfatiza. Além do Fed e do Copom, haverá a decisão do Banco da Inglaterra, no dia seguinte, quinta-feira.
Para o Copom, "existe amplo consenso de que na próxima semana haverá mais um corte de 0,5 ponto porcentual na Selic e as dúvidas recaem sobre se já será revelado que o Comitê considera a possibilidade de acelerar o ritmo de redução para 0,75 ponto porcentual ainda este ano", acrescenta o economista, ressalvando que o cenário-base continua a ser de manutenção do ritmo de cortes, com a Selic encerrando 2023 a 11,75% ao ano.
Por sua vez, nos EUA, os dados de inflação divulgados nesta semana que antecede a deliberação sobre os juros "vieram um pouco mais pressionados", diz Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos. "Mas quando olhamos para a abertura do indicador, o que fez essa inflação ficar um pouco mais alta, tanto no CPI ao consumidor quanto no PPI ao produtor, foram itens voláteis, como passagem aérea, combustíveis e veículos usados. O núcleo, que exclui esses itens mais voláteis e sazonais, continuou desacelerando", acrescenta a economista, que considera que os juros de referência nos Estados Unidos serão mantidos na reunião.
Com a cautela que prevaleceu nesta véspera de fim de semana, as ações de maior liquidez na B3 (BVMF:B3SA3), que ontem haviam subido em bloco, hoje tiveram desempenho majoritariamente negativo, em variações que ganharam impulso perto do encerramento da sessão. Assim, Vale ON (BVMF:VALE3) cedeu 0,83%, na mínima do dia no fechamento; Petrobras ON (BVMF:PETR3) e PN, que mostravam perdas inferiores a 1% mais cedo, encerraram o dia sem sinal único, com a ON em queda de 1,47%, na mínima do dia no fechamento, e a PN, em leve alta de 0,06%. As ações de grandes bancos tiveram variação negativa nesta sexta-feira, entre -0,20% (Bradesco (BVMF:BBDC4) PN) e -3,63% (Unit do Santander (BVMF:SANB11), piso do dia no encerramento). BB (BVMF:BBAS3) ON se desgarrou, em leve alta de 0,34% nesta sexta-feira.
Na semana, contudo, o desempenho foi positivo para as principais ações do Ibovespa, com Petrobras (BVMF:PETR4) (ON) e Vale (ON) mostrando ganhos na casa de 6,8% em setembro - na semana, destaque para Vale, que avançou 4,24%. Entre os grandes bancos, destaque na semana para Bradesco PN, em alta de 3,76% no intervalo - apenas Unit do Santander (-1,81%) não avançou no período, entre as maiores instituições financeiras.
Aparando os ganhos na semana, as ações da Petrobras não acompanharam hoje o desempenho moderadamente positivo do petróleo, com o Brent subindo mais um degrau, agora a US$ 94 por barril, após uma nova sequência de dados reanimadores sobre a economia chinesa, nesta sexta-feira. Na China, a produção industrial subiu 4,5% em agosto, e as vendas do varejo, 4,6%, números bem acima do esperado. O único dado que veio abaixo da expectativa foi o de investimento em ativos fixos, que cresceu 3,2%", observa em nota a Guide Investimentos.
Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão desta sexta-feira, Energisa (BVMF:ENGI11) (+4,90%), Azul (BVMF:AZUL4) (+3,36%) e São Martinho (BVMF:SMTO3) (+3,00%), com Via (-15,56%) - ainda na esteira da precificação do follow on -, IRB (BVMF:IRBR3) (-7,24%) e Carrefour (BVMF:CRFB3) Brasil (-7,04%) no canto oposto.
O mercado financeiro mantém-se otimista sobre o desempenho das ações no curtíssimo prazo, segundo o Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, 57,14% acreditam que a próxima semana será de ganhos para o Ibovespa e 42,86% preveem variação neutra para o índice, sem respostas indicando baixa. No levantamento anterior, 60,00% disseram que a Bolsa teria alta nesta semana e 40,00%, estabilidade, também sem projeções de queda.