Com poucos novos catalisadores para orientar os negócios nesta quinta-feira, o Ibovespa conseguiu sustentar a linha dos 117 mil pontos no fechamento da sessão, nível que chegou a conceder na mínima do dia, aos 116.847,66 pontos. No encerramento, a referência da B3 (BVMF:B3SA3) mostrava perda de 0,94%, aos 117.025,60 pontos, devolvendo parte dos ganhos que havia acumulado nas duas sessões anteriores, no que foi sua primeira sequência positiva do mês.
Em agosto, que termina na próxima quinta-feira, o índice ainda cede 4,03%, limitando a alta do ano a 6,64%. Na semana, o Ibovespa avança 1,40%, buscando sustentar recuperação parcial no intervalo, vindo já de quatro recuos na série semanal.
Em dia de cautela também em Nova York, onde o destaque negativo ficou com o Nasdaq (-1,87%), o Ibovespa operou em baixa praticamente ao longo de toda a sessão, em que a máxima (118.135,57) quase correspondeu à abertura (118.135,08). O giro financeiro desta quinta-feira voltou a se enfraquecer, a R$ 19,3 bilhões.
Para André Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, o Ibovespa passou nesta quinta por uma "correção técnica", após ter subido "mais de 3% em apenas dois dias, recuperando toda a queda que teve nos 5 ou 6 dias anteriores".
Conforme observa Gabriela Sporch, analista da Toro Investimentos, "o calendário econômico esteve mais vazio hoje, desde a manhã, com os investidores à espera do simpósio de Jackson Hole", evento anual promovido pelo Federal Reserve de Kansas City, no Wyoming (EUA), que começou nesta quinta e terá como ponto alto, na sexta, as participações dos presidentes do Fed, Jerome Powell, e do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.
"Os dados do mercado de trabalho hoje pedidos semanais de auxílio-desemprego vieram um pouco mais fortes do que se esperava, o que eleva a expectativa para o que o presidente do Fed, Jerome Powell, poderá falar amanhã em Jackson Hole", diz Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos.
O desempenho moderadamente positivo do setor de utilities (Eletrobras ON (BVMF:ELET3) +1,39%, PNB +1,38%) foi o contraponto à retração do setor financeiro, em grandes bancos como Bradesco (BVMF:BBDC4) (ON -1,99%, PN -2,40%), BB (BVMF:BBAS3) (ON -1,31%) e Itaú (BVMF:ITUB4) (PN -1,16%).
Petrobras (BVMF:PETR4) não conseguiu sustentar os leves ganhos vistos em parte da tarde, e fechou em baixa (ON -0,25%, PN -0,16%), em dia também negativo para Vale (BVMF:VALE3) (ON -1,33%), que havia ensaiado recuperação na quarta, com a melhora nos preços do minério de ferro. Após avanço de quase 4% na China na sessão anterior, o contrato mais negociado do minério em Dalian cedeu nesta quinta 0,86%.
Nas cinco sessões até o dia 23, quarta-feira, os preços do minério mostraram recuperação, de volta à faixa de US$ 111 por tonelada em Dalian, em meio ainda à expectativa pela adoção de medidas de estímulo, especialmente aos setores imobiliário e de infraestrutura, na China.
Na ponta perdedora do Ibovespa nesta quinta-feira, destaque para as aéreas Azul (BVMF:AZUL4) (-5,31%) e Gol (BVMF:GOLL4) (-4,57%), enquanto Raízen (BVMF:RAIZ4) (+3,32%), Alpargatas (BVMF:ALPA4) (+2,28%) e IRB (BVMF:IRBR3) (+2,02%) puxaram a fila ganhadora na sessão, à frente das duas ações de Eletrobras. As ações de sucroalcooleiras, como Raízen, na ponta do índice nesta quinta-feira, reagiram positivamente ao ruído de que a Índia deve proibir a exportação de açúcar.
"Vamos nos aproximando de um fim de agosto negativo para a Bolsa, marcado pelo aumento dos rendimentos dos títulos dos Estados Unidos, possível rebaixamento da China pela Fitch, devido ao momento econômico, e consequentemente saída de capital estrangeiro do Brasil, em direção a ativos de menor, ou 'livres', de risco", diz André Luiz Rocha, operador de renda variável da Manchester Investimentos.