O Ibovespa teve dia de acomodação ao longo do qual pouco conseguiu se distanciar do zero a zero, mas concretizou a terceira semana de recuperação consecutiva, em alta também nas quatro sessões anteriores, desde o primeiro dia do mês. Hoje, o índice se firmou no positivo em direção ao fechamento (+0,08%), aos 126.267,05 pontos, tendo flutuado entre 125.556,48 e 126.661,59 em sessão na qual saiu de abertura aos 126.165,12. O giro ficou em R$ 19,8 bilhões, após o feriado de ontem nos Estados Unidos que havia reduzido a liquidez.
Na semana, de volta a níveis da segunda quinzena de maio, o Ibovespa acumulou ganho de 1,91%, após avanços de 2,11% e de 1,40% nos dois intervalos que a precederam. Assim, no ano, o índice limita a perda a 5,90%. Pelo terceiro dia, os ativos brasileiros tiveram descompressão em conjunto, com o dólar voltando a fechar em baixa hoje, de 0,44%, a R$ 5,4623 - um movimento de retração acompanhado também pela curva de juros doméstica.
Nesta sexta-feira, os investidores continuaram a tomar o pulso do governo com relação à política fiscal, e os sinais emitidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quarta-feira para cá, têm colaborado para a distensão - e, por consequência, para a recuperação do real, bem como dos ativos negociados na Bolsa.
Em evento em Osasco (SP), Lula reafirmou nesta sexta-feira o compromisso do governo com a responsabilidade fiscal e com o cumprimento das metas estabelecidas. À tarde, fontes do governo ouvidas pelo Broadcast em Brasília disseram que o presidente endossa a equipe econômica no ajuste fiscal. Os limites do arcabouço vão ser observados e serão buscadas medidas para o cumprimento das regras em 2024 e 2025, de acordo com fonte ouvida pelo Broadcast, reportam de Brasília as jornalistas Fernanda Trisotto e Isadora Duarte.
Com a relativa melhora da percepção fiscal do meio para o fim desta semana, o mercado está mais otimista quanto ao desempenho das ações na B3 (BVMF:B3SA3) no curtíssimo prazo. No Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira, 85,71% dos participantes disseram que a expectativa é de alta para o Ibovespa na próxima semana e 14,29% afirmaram que a previsão é de estabilidade. Não houve respostas indicando queda.
Na agenda de dados nesta última sessão da semana, destaque para a divulgação, pela manhã, do relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos em junho, com o número de vagas criadas, a taxa de desemprego e o ganho salarial.
"A surpresa foi o aumento do desemprego, que subiu de 4% para 4,1%. Os demais dados vieram alinhados com as expectativas do mercado, com desaceleração do crescimento salarial, de 0,4% para 0,3% no mês, e de 4,1% para 3,9% na comparação anual. A criação de vagas perdeu força na margem principalmente no setor de saúde, que vinha apresentando forte crescimento nos últimos meses", aponta Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
"Os resultados de junho reforçam a tese de que a reunião do Federal Reserve em setembro será decisiva para um possível corte de juros nos EUA, o que pode beneficiar o Brasil indiretamente, aliviando a pressão sobre o Banco Central - considerando os debates sobre um possível aumento de juros, aqui, em setembro", acrescenta Cruz, em nota.
"O mercado de trabalho americano continua forte, mas traz alguns sinais de desaquecimento o que é favorável a afrouxamento da política monetária nos EUA. Por outro lado, a campanha eleitoral tende a trazer um pouco mais de volatilidade para o mercado por lá. Aqui, houve melhora na semana com o corte de gastos sinalizado pelo governo para 2025", diz Gabriel Pereira, sócio e advisor da Blue3 Investimentos.
Nos Estados Unidos, "os dados do payroll em junho - abaixo na margem, mas acima do consenso para a criação de vagas no mês - não sugerem inflação maior por conta do consumo, quando se olha para fatores como o ganho salarial e também o leve aumento da taxa de desemprego. Assim, os rendimentos dos Treasuries recuaram um pouco mais após esses dados, e o Nasdaq, índice de ações considerado mais sensível a juros em Nova York, subiu", observa Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
No fim da sessão, o Nasdaq mostrava alta de 0,90%, em ganho acima do registrado por S&P 500 (+0,54%) e Dow Jones (+0,17%) nesta sexta-feira, em que tanto o índice tecnológico (Nasdaq) como o amplo (S&P 500) voltaram a renovar recordes de fechamento.
Mota acrescenta que o desempenho do Ibovespa acabou sendo contido, hoje, pelo sinal negativo de Vale (BVMF:VALE3) (ON -0,41%), a ação de maior peso individual no índice. "Há ainda especulação, temor e oscilação de humor quanto à perspectiva da China e o que implicará para o preço do minério", diz o operador. O dia foi misto para as ações dos maiores bancos, com Bradesco (BVMF:BBDC4) (ON +0,71%, PN +1,14%) conseguindo se descolar das perdas em Santander (BVMF:SANB11) (Unit -1,70%, mínima do dia no fechamento) e Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) (ON -0,45%), com Itaú (BVMF:ITUB4) perto do zero a zero (PN +0,06%).
Por outro lado, Petrobras (BVMF:PETR4) obteve sinal único em direção ao fechamento, na ON (+1,74%) e também na PN (+0,54%), o que firmou o Ibovespa um pouco acima da estabilidade. Na ponta ganhadora do índice nesta sexta-feira, CVC (BVMF:CVCB3) (+10,16%), Pão de Açúcar (BVMF:PCAR3) (+7,51%) e Locaweb (BVMF:LWSA3) (+6,68%). No lado oposto, Embraer (BVMF:EMBR3) (-4,51%), Suzano (BVMF:SUZB3) (-3,95%) e Klabin (BVMF:KLBN11) (-2,56%).