Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em baixa nesta terça-feira, sem fôlego para reagir mesmo após sete sessões seguidas no vermelho, com agentes financeiros preferindo cautela antes de decisão de política monetária nos Estados Unidos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,52%, 102.063,25 pontos, renovando mínimas desde janeiro. O volume financeiro na sessão somou 23,5 bilhões de reais.
Com tal desempenho, o Ibovespa acumula declínio de 9,19% na maior série de perdas desde setembro de 2015, quando também caiu oito sessões seguidas. A última vez em que o índice registrou mais quedas consecutivas julho e agosto de 1998 - nove.
O Federal Reserve anuncia na quarta-feira à tarde sua decisão de juros, e as apostas no mercado migraram nesta semana para uma alta de 0,75 ponto percentual - de 0,5 ponto antes - apoiadas em dados mais fortes de inflação nos EUA.
Há também expectativa sobre os sinais que o banco central norte-americano dará sobre seus próximos passos.
De acordo com o analista da Ouro Preto Investimentos Bruno Komura, o risco está nas reuniões seguintes do BC norte-americano. "Talvez o Fed tenha que ser mais duro uma vez que a inflação não está dando alívio", afirmou.
A preocupação nos mercados é de que o Fed, para combater a inflação, aperte demais as condições monetárias e leve a economia para uma recessão, o que pode afetar as projeções para os resultados das empresas, refletindo-se nos preços das ações.
Em Wall Street, o S&P 500 caiu 0,38%.
No Brasil, o BC também anuncia decisão de política monetária na quarta-feira após o fechamento do mercado.
Até a semana passada, a expectativa entre economistas era de que o Comitê de Política Monetária (Copom) elevaria a Selic em 0,5 ponto, para 13,25%. Mas posições para aumento de 0,75 ponto no mercado de DI cresceram..
A sessão ainda repercutiu a aprovação pelo Senado do projeto que limita a cobrança do ICMS nos setores de combustíveis, energia elétrica, gás natural, comunicações e transporte coletivo.
Na visão de Komura, o cenário externo é o principal vetor no movimento da bolsa recentemente, mas preocupações com o cenário fiscal no Brasil também prejudicam.
DESTAQUES
- VIA ON caiu 10,2%, tocando mínimas desde 2016, com o varejo na ponta negativa do índice. Dados mostraram desaceleração das vendas no varejo no país em maio. MAGAZINE LUIZA ON (SA:MGLU3) cedeu 4,87% e AMERICANAS ON perdeu 4,25%.
- CVC (SA:CVCB3) BRASIL ON recuou 6,7%, tendo de pano de fundo a alta do dólar e anúncio de oferta primária de ações pela operadora de turismo. A operação deve ser precificada em 23 de junho.
- ELETROBRAS ON (SA:ELET3) evoluiu 3,37%, em recuperação após a queda na esteira do resultado da oferta de ações para privatizar a empresa, com outros nomes do setor em dia positivo, dado que o setor é considerado defensivo.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) subiu 1,13%, tendo também de pano de fundo a alta dos preços do petróleo no exterior e especulações ligadas aos preços de combustíveis.
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) cedeu 1,01% e ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) cedeu 0,67%, diante da aversão a risco nos mercados, enquanto BANCO INTER UNIT continuou apresentando o pior desempenho entre os bancos do Ibovespa, em baixa de 2,23%.
- VALE ON (SA:VALE3) perdeu 0,2%, em meio a uma queda modesta dos preços do minério de ferro na China.