Atento à perspectiva de afrouxamento monetário nos Estados Unidos ainda este ano, o Ibovespa estendeu a série positiva pela sétima sessão nesta terça-feira, em que fechou em alta de 0,44%, a 127.108,22, no maior nível desde 21 de maio, então aos 127,4 mil pontos. Na máxima de hoje, foi a 127.294,63, saindo de mínima a 125.936,61 e de abertura a 126.547,95 pontos. O giro ficou em R$ 16,3 bilhões neste feriado de 9 de julho. Na semana, o Ibovespa avança 0,67% e, no mês, ganha 2,58%, reduzindo a perda do ano a 5,27%. Com a alta de hoje, o índice iguala em extensão a série de sete ganhos entre 1º e 12 de junho de 2023.
Em audiência no Senado dos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, disse hoje que um enfraquecimento excessivo do mercado de trabalho pode ser uma razão para iniciar cortes de juros no país, embora seja "difícil estimar se este risco vai se materializar", acrescentou. Ele comentou também que os dirigentes do Fed não precisam esperar que a inflação chegue exatamente à meta de 2% para dar início ao processo de flexibilização monetária.
Contudo, Powell reiterou que as decisões sobre juros dependerão de leituras "boas" nos próximos dados macroeconômicos - amanhã, será divulgada a inflação ao consumidor (CPI) e, na quinta-feira, será a vez da inflação ao produtor (PPI) nos Estados Unidos, ambas referentes a junho. No Brasil, a inflação oficial de junho, pelo IPCA, será conhecida nesta quarta-feira.
"Segundo Powell, o mercado de trabalho vem apresentando certo crescimento, porém não se encontra superaquecido, e o Fed estaria apenas aguardando obter mais confiança em relação aos próximos dados de inflação, para que possa dar início ao ciclo de afrouxamento monetário", diz Matheus Falci, sócio da One Investimentos. Ele destaca também que Powell, na audiência de hoje, reforçou a independência do Fed frente ao cenário de eleição, e que o BC dos EUA "seguirá mantendo máximos esforços para buscar a meta de inflação, em conjunto com o pleno emprego."
"O discurso do Powell era um dos pontos altos aguardados na sessão, com a expectativa exatamente pelo tom com relação a juros, em um dia de agenda mais fraca aqui", resume Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos. Lá fora, contudo, o dólar se apreciou e commodities como o petróleo cederam terreno, com parte do mercado avaliando a fala de Powell como menos suave dovish do que faria supor a desaceleração da inflação e também a relativa acomodação indicada na mais recente leitura sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos.
Ainda assim, em meio às palavras do dirigente do Fed, o Ibovespa começou a renovar máximas da sessão, pouco antes das 13h, e rapidamente buscou e reteve o nível dos 127 mil pontos tanto no intradia como no fechamento, o que não era visto desde maio. Na ponta ganhadora do índice nesta terça-feira, destaque para CVC (BVMF:CVCB3) (+7,50%), Embraer (BVMF:EMBR3) (+5,90%), Petz (BVMF:PETZ3) (+5,08%) e Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) (+4,81%). No lado oposto, BRF (BVMF:BRFS3) (-2,77%), Marfrig (BVMF:MRFG3) (-1,89%), Minerva (BVMF:BEEF3) (também -1,89%) e Assai (-1,29%).
O dia foi de variações contidas para as ações de maior peso e liquidez. Petrobras (BVMF:PETR4) fechou em baixa (ON -0,80%, na mínima do dia no encerramento; PN -0,03%), assim como Vale (BVMF:VALE3) (ON -0,13%). Entre os maiores bancos, o sinal foi misto no fechamento, entre -0,34% (BB (BVMF:BBAS3) ON) e +0,75% (Santander (BVMF:SANB11) Unit, na máxima do dia no encerramento). Itaú (BVMF:ITUB4) PN também fechou na máxima da sessão, em alta de 0,70%.