Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira, em uma trégua após um começo de ano mais negativo, com Petrobras entre os principais suportes após o senador Jean Paul Prates, indicado pela União para presidir a companhia, afirmar que não irá desvincular preços de combustíveis de valores internacionais.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,12%, a 105.334,46 pontos. O volume financeiro somou 25,6 bilhões de reais.
A alta ocorre após o Ibovespa acumular queda de 5% nos dois primeiros pregões de 2023, em meio a receios com o novo governo do país, com viés mais intervencionista e estatizante, além de dúvidas em relação à dinâmica da dívida pública nos próximos anos e temores sobre eventual revogação de leis e reformas.
As preocupações continuam presentes, embora nesta sessão o governo tenham buscado acalmar os ânimos, principalmente quanto às especulações acerca das reformas.
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, garantiu nesta quarta-feira que o governo não está avaliando revisão de reformas anteriores, incluindo a da Previdência, um dia após o ministro da Previdência, Carlos Lupi, criticar duramente a reforma previdenciária e sinalizar que pretende discutir mudanças.
"A trégua observada neste terceiro pregão do ano, após um dia intenso de piora ontem...esfria um pouco os ânimos, mas ainda é cedo para se falar em reversão de tendência", avaliou o estrategista e sócio na Laic Asset Management, Vitor Carvalho.
Ele acrescentou que, pela própria composição do Ibovespa, ajudou bastante o comportamento da Petrobras após a sinalização, pelo futuro presidente da companhia, de que não haverá qualquer mudança no método de precificação dos combustíveis e desvinculação dos preços externos.
"Também foi bem recebido pelo mercado o desmentido de que qualquer reversão da reforma da Previdência esteja sendo avaliada pelo novo governo", disse. Ele acrescentou que essas sinalizações são importantes, pois trabalham melhor expectativas e atuam para ancorar projeções para a economia.
No exterior, o norte-americano S&P 500 encerrou em alta na esteira da divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve, que mostrou as autoridades do banco central norte-americano focadas em controlar a inflação, mesmo depois de concordarem em desacelerar o ritmo de aumentos da taxa de juros.
O documento mostrou que todas as autoridades presentes na reunião de política monetária do Fed de 13 a 14 de dezembro concordaram que o BC dos EUA deveria diminuir o ritmo de seus aumentos agressivos da taxa básica de juros.
Destaques
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) subiu 3,18%, a 23,05 reais, e PETROBRAS ON (BVMF:PETR3) avançou 1,67%, a 26,23, após Prates afirmar que não haverá intervenção nos preços dos combustíveis. As declarações não foram exatamente novidade, mas serviam como argumento para a melhora após quedas seguidas e sensibilidade de agentes financeiros ao tema. Antes da fala de Prates, os papéis vinham mostrando variações modestas, em sessão marcada pela renúncia do presidente-executivo. O movimento ocorreu mesmo em meio ao declínio acentuado dos preços do petróleo no exterior.
- ELETROBRAS ON (BVMF:ELET3) valorizou-se 2,69%, a 40,9 reais, também entre as maiores contribuições positivas ao Ibovespa, após o conselho de administração da companhia aprovar um programa de recompra de ações que poderá envolver a aquisição de até 202.111.946 ações ordinárias e até 27.552.681 ações preferenciais B. ELETROBRAS PNB (BVMF:ELET6) ganhou 2,61%, a 42,5 reais.
- NATURA&CO ON (BVMF:NTCO3) saltou 8,89%, a 11,02 reais, em dia de recuperação generalizada entre ações de consumo, na esteira do alívio nas taxas futuras de juros, que apoiou também papéis do setor imobiliário, com EZTEC ON (BVMF:EZTC3) fechando em alta de 4,45%.
- ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) fechou com variação positiva de 0,29%, a 24,05 reais, enquanto BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) encerrou com decréscimo de 0,29%, a 14,04 reais. BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) avançou 1,29%.
- VALE ON (BVMF:VALE3) subiu 0,18%, a 89,40 reais, mesmo com a queda dos contratos futuros de minério de ferro, que tiveram sessão volátil nesta quarta-feira, quando as interrupções provocadas pela Covid-19 e as preocupações persistentes com o fraco mercado imobiliário na China superaram o otimismo em torno da reabertura do país e das medidas de estímulo econômico.
- SLC AGRÍCOLA ON (BVMF:SLCE3) recuou 1,84%, a 44,35 reais, no terceiro pregão seguido de baixa, após forte valorização nas últimas semanas do ano, com alta de quase 12% entre 13 e 29 de dezembro. No setor agro, RAÍZEN PN (BVMF:RAIZ4) caiu 0,6%, a 3,32 reais. O papel também é afetado pela prorrogação da desoneração dos combustíveis, embora tenha uma divisão de distribuição que amorteça os efeitos.