Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta quarta-feira, mas o movimento foi marcado por queda de braço entre incertezas globais e riscos fiscais no Brasil que desanimam compras e preços de alguns papéis que desencorajam vendas pelos investidores.
Vale respondeu por suporte relevante na sessão. O outro destaque ficou para os papéis de consumo, principalmente as varejistas Via e Americanas, que voltaram a figurar entre os maiores ganhos. O setor de varejo travou um cabo de guerra com petrolíferas, que sofreram com nova queda dos preços do petróleo no exterior.
Uma série de notícias corporativas também ocupou as atenções, com nomes como Hypera (BVMF:HYPE3), Multiplan e Ambipar, assim como a divulgação da ata do Federal Reserve nos Estados Unidos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,43%, a 98.718,98 pontos, após recuar a 97.423,43 no pior momento e superar os 99 mil pontos na máxima do dia. O volume financeiro no pregão somou 22 bilhões de reais.
Na visão do chefe de análise e sócio da Levante Investimentos, Enrico Cozzolino, a combinação do cenário macro adverso com o nível atual de preços de alguns papéis acaba deixando a bolsa brasileira "de lado", como se observou nesta sessão.
A ata da última reunião de política monetária do Federal Reserve, quando o banco central dos EUA acelerou o processo de elevação dos juros norte-americanos, era bastante aguardada, disse Cozzolino, mas não trouxe nada que o mercado já não soubesse.
De acordo com o documento, a deterioração da situação da inflação e a preocupação com a perda de confiança no poder do Fed de torná-la melhor levaram os membros do BC norte-americano a convergir em torno de um aumento desproporcional da taxa de juros e a uma repetição firme da sua intenção de manter os preços sob controle.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou com acréscimo de 0,36%, endossando o resultado positivo no pregão brasileiro.
"A ata não trouxe novidade", endossou o presidente-executivo da Box Asset Management, Fabrício Gonçalvez, que chamou a atenção também para a divulgação dos dados do mercado de trabalho dos EUA na sexta-feira.
Para Gonçalvez, a bolsa teve um dia de "cabo de guerra", com ações de varejo puxando para cima, enquanto papéis de matérias-primas e bancos pressionaram para baixo.
Destaques
- VALE ON (BVMF:VALE3) subiu 0,94%, revertendo as perdas do começo do pregão, em dia de desempenho misto do minério de ferro na Ásia, com os preços em Cingapura caindo para uma mínima no ano, enquanto os contratos futuros em Dalian, na China, fecharam em alta após uma sessão volátil. No setor, CSN (BVMF:CSNA3) MINERAÇÃO ON (BVMF:CMIN3) avançou 0,28%.
- VIA ON fechou em alta de 13,24% e AMERICANAS ON (BVMF:AMER3) valorizou-se 11,77%, dando continuidade à recuperação da véspera, além de perspectivas de mais dinheiro circulando na economia com a esperada aprovação da PEC dos Benefícios. O alívio nos preços do petróleo foi mais um componente, dado do seu efeito nas expectativas de inflação. MAGAZINE LUIZA ON (BVMF:MGLU3) subiu 5,04%.
- HYPERA PHARMA ON (BVMF:1HYPE3) saltou 6,76%, após notícia sobre eventual fusão envolvendo a farmacêutica. Fonte ouvida pela Reuters disse que a companhia discutiu com rivais - Grupo NC, dono da EMS, e Eurofarma - uma potencial transação, mas que as conversas estão inativas. A Hypera negou que tenha contratado banco para assessorá-la em processo de fusão e aquisição e que esteja conversando sobre fusão com empresas do setor.
- MULTIPLAN ON (BVMF:MULT3) subiu 3,41%, após divulgar que as vendas totais nos shopping centers da companhia no segundo trimestre subiram 64,5% ante o mesmo período do ano passado, para 4,9 bilhões de reais, recorde para um segundo trimestre. Analistas do BTG Pactual (BVMF:BPAC11) consideraram os números "muito fortes", acrescentando que reforçam a visão positiva deles para os shoppings brasileiros e reiterando recomendação de "compra" para os papéis da Multiplan.
- CCR ON (BVMF:CCRO3) valorizou-se 2,08% após acordo entre Itaúsa e Votorantim para compra da participação detida pela Andrade Gutierrez no grupo de concessões de infraestrutura por 4,1 bilhões de reais. ITAÚSA PN (BVMF:ITSA4) tinha queda de 0,24%. Além do prêmio sobre os preços da ação, analistas do Bradesco BBI destacaram que a notícia é positiva para a CCR, pois, se aprovado pelo Cade, pode fortalecer a estrutura de governança corporativa da empresa.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) recuou 1,28%, em mais uma sessão de fraqueza dos preços do petróleo no exterior, acentuando as perdas da véspera, quando as cotações do Brent desabaram. Nesta sessão, o Brent fechou em baixa de 2%. No setor, 3R PETROLEUM ON encerrou com um declínio de 5,6% e PETRORIO ON (BVMF:PRIO3) perdeu 1,32%.
- AZUL PN (BVMF:AZUL4) cedeu 5,67% e GOL PN (BVMF:GOLL4)caiu 4,81%, ampliando as perdas da véspera. A Petrobras promoveu mais um aumento no preço médio do querosene de aviação (QAV), agora em torno de 3,9%. Ainda de pano de fundo, o dólar superou 5,42 reais. O Barclays (LON:BARC) cortou o ADR da Azul para "underweight" e o seu preço-alvo de 17 para 7 dólares e também reduziu o ADR de Gol (NYSE:GOL) para "equal-weight", diminuindo o preço-alvo de 9 para 4 dólares.
- AMBIPAR ON (BVMF:AMBP3), que não está no Ibovespa, saltou 10,03%, após a empresa de serviços ambientais divulgar mais cedo que sua subsidiária Emergência Participações firmou um acordo com a HPX para formar a Ambipar Emergency Response, que terá ações listadas em Nova York.