Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou estável nesta segunda-feira, com Vale (SA:VALE3) e JBS (SA:JBSS3) entre as maiores quedas e ofuscando o efeito positivo da alta de Petrobras, em pregão marcado por expectativas para a pauta política e fraqueza de Wall Street.
Índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa começou junho com variação negativa mínima de 0,01%, a 97.020,48 pontos. O volume financeiro somou 14,3 bilhões de reais. O índice terminou maio com alta de 0,7 por cento, o primeiro fechamento positivo para o mês em nove anos.
Agentes financeiros começaram o mês atentos a votações de medidas provisórias no Congresso Nacional, tendo no radar as últimas semanas de análise da reforma da Previdência na comissão especial da Câmara dos Deputados, com relatório final previsto para até o dia 15.
Entre as votações, está a da MP 871, que perderá a validade se não for aprovada no Senado nesta segunda-feira. Ela trata do combate às fraudes no INSS e o governo a vê como importante e complementar à reforma da Previdência.
A equipe da Brasil Plural (SA:BPFF11) notou que, nas últimas semanas, melhoraram as perspectivas sobre a aprovação das mudanças nas regras das aposentadorias, citando a redução nas animosidades entre Executivo e Legislativo como fator para tal evolução.
Estrategistas de ações, contudo, esperam continuidade na volatilidade no mercado brasileiro, com a tendência na bolsa ainda dependente do trâmite da reforma da Previdência, conforme carteiras recomendadas para o mês.
No exterior, a semana iniciou sem tendência clara, com disputas comerciais envolvendo Washington ainda no radar, assim como dados econômicos norte-americanos e declarações relacionadas à política monetária dos Estados Unidos.
Wall Street acabou encerrando com os principais índices no vermelho, com destaque para o Nasdaq, afetado ainda por apreensões quanto a um potencial inquérito regulatório em gigantes da internet como Alphabet (NASDAQ:GOOGL) e Amazon (NASDAQ:AMZN).
Os preços do petróleo, que começaram a sessão no azul, fecharam em queda, com o Brent recuando 1,15%.
DESTAQUES
- VALE desvalorizou-se 0,35%, em dia de queda dos preços do minério de ferro na China. Mais cedo, os papéis subiram após relatório de analistas do Itaú BBA, que ajustaram estimativas para a mineradora e elevaram o preço-alvo das ações de 58 para 63 reais.
- JBS caiu 2,93%, após notícia de que o Ministério da Agricultura do Brasil suspendeu exportações de carne bovina do país à China após a confirmação de um caso atípico de doença de "vaca louca" em Mato Grosso. Marfrig (SA:MRFG3) teve queda de 4,25% e Minerva (SA:BEEF3) recuou 2,8 por cento.
- PETROBRAS ON (SA:PETR3) subiu 2,2% e PETROBRAS PN (SA:PETR4) avançou 1,72%, apesar da piora dos preços do petróleo no exterior. No radar está decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) prevista para esta semana sobre vendas de ativos da petrolífera de controle estatal.
- VIA VAREJO fechou com elevação de 5,53%, em meio a especulações na mídia sobre interessados em adquirir a rede de móveis e eletrodomésticos, entre eles LOJAS AMERICANAS, que viu as suas preferenciais recuarem 2,6%.
- BRASKEM recuou 3,69%, penalizada pelo acordo de leniência firmado na semana passada com a Advocacia-Geral da União e com a Controladoria-Geral da União, que prevê mais 1,54 bilhão de reais em pagamentos. A empresa também enfrenta paralisação de unidade de produção em Alagoas.
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) fechou em baixa 0,32% e ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) subiu 0,29%.
- SUZANO (SA:SUZB3) caiu 2,59%, tendo no radar comentário da área de análise do Morgan Stanley (NYSE:MS), estimando menor crescimento da demanda de celulose em 2019 e 2020. Para o analista Carlos de Alba, a relação risco-retorno no setor melhorou, mas não é o momento de comprar ainda. KLABIN cedeu 1,67%.
(Com reportagem adicional de Aluísio Alves)