Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em queda nesta quarta-feira, quase perdendo o patamar de 108 mil pontos no pior momento, pressionado pelo recuo das bolsas nos Estados Unidos na esteira do movimento dos Treasuries, além de preocupações com o cenário fiscal do Brasil.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 1,55%, a 108.367,67 pontos, em meio ao forte ajuste de baixa em ações de commodities, que vinham fornecendo suporte nos últimos pregões.
O volume financeiro totalizou 22,3 bilhões de reais, novamente abaixo da média diária do ano (30,2 bilhões de reais).
Wall Street fechou no vermelho, com o S&P 500 cedendo cerca de 1%, em meio ao aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano e declínio de ações de tecnologia, com destaque para Intel (NASDAQ:INTC), que caiu mais de 5%.
O yield do Treasury de 10 anos superou 3%, tendo de pano de fundo uma demanda fraca em leilão de títulos pelo Departamento do Tesouro dos EUA e expectativa de dado da inflação norte-americana na sexta-feira.
A Meta Asset Management destacou a clientes que o grande problema do mundo chama-se inflação e que o grande risco para os mercados é uma não contenção da alta dos preços, que obrigaria bancos centrais a subirem juros além do gradualismo que o mercado precifica.
No Brasil, as discussões sobre a desoneração de combustíveis continuam no foco de atenções, uma vez que, apesar de um esperado alívio na inflação, devem provocar um aumento importante nos gastos federais.
"Um dos pontos desfavoráveis para o Ibovespa caso haja um aumento do risco fiscal, ou a simples percepção de aumento disso, é o efeito no fluxo de capital externo", disse o sócio-fundador e gestor da Charles River Capital, Camilo Marcantonio.
"Isso acaba afetando potencialmente ações com maior liquidez e mais peso no Ibovespa", acrescentou.
Até o momento, contudo, as entradas de estrangeiros superam as saídas no mercado secundário de ações brasileiro em junho, com saldo de 1,66 bilhão de reais até o dia 6.
DESTAQUES
- VALE ON (SA:VALE3) caiu 3,44%, em sessão de realização de lucros endossada pela queda dos preços do minério de ferro na China, após as ações da companhia começarem junho com força. Até a véspera, o papel acumulava elevação de mais de 5%. Em 2022, a alta alcança 16,55%.
- WEG ON (SA:WEGE3) perdeu 5,93%, também pesando no Ibovespa, atingindo uma mínima de fechamento desde junho de 2020, a 24,41 reais.
- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) e BRADESCO PN (SA:BBDC4) recuaram 1,92% e 1,77%, respectivamente, também sofrendo com o viés mais vendedor na bolsa paulista na sessão. O Itaú Unibanco anunciou que vendeu 1,21% do capital social da XP (SA:XPBR31) por 153,7 milhões dólares na véspera. Em Nova York, XP INC cedeu 4,05%.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) fechou em baixa de 0,49%, apesar da alta dos preços do petróleo no exterior, acompanhando o ajuste de baixa em papéis de commodities na B3 (SA:B3SA3). Além disso, o presidente Jair Bolsonaro voltou a cobrar o papel social da companhia.
- QUALICORP ON (SA:QUAL3) avançou 3,2%, ensaiando uma recuperação após um começo de semana mais negativo, quando acumulou declínio de 6,65%. O movimento das ações teve como de pano de fundo decisão do STJ de que operadoras de saúde têm que cobrir apenas os procedimentos no rol da ANS.
- ELETROBRAS ON (SA:ELET3) avançou 0,81% tendo no radar a oferta de ações que visa sua privatização e será precificada na quinta-feira. A operação pode chegar a cerca de 35 bilhões de reais, e fontes afirmaram à Reuters que a demanda pelos papéis está aquecida.
(Edição Alberto Alerigi Jr. e André Romani)