Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, após duas quedas consecutivas, mas o volume financeiro negociado no pregão ficou abaixo da média do mês, em meio à cautela de agentes financeiros com o desfecho na quarta-feira da última reunião de política monetária do Federal Reserve em 2018.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,24 por cento, a 86.610,49 pontos, após contabilizar um declínio de 1,66 por cento nos dois pregões anteriores.
O giro financeiro somou 12 bilhões de reais, contra uma média diária em dezembro de mais de 15 bilhões de reais.
Em meio a preocupações com o ritmo do crescimento global, é grande a expectativa para o comunicado que acompanhará a decisão do banco central dos EUA, particularmente os próximos passos sobre os juros norte-americanos, considerando as potenciais implicações na atividade da maior economia do mundo.
"Há expectativas no mercado de que a economia global irá desacelerar à frente...e os comentários do Fed, dependendo do conteúdo, podem mudar ou endossar tais apostas", disse o gestor Werner Roger, sócio-fundador da Trígono Capital.
No caso da bolsa paulista, o desempenho favorável, na visão de Roger, decorre de uma "torcida mais positiva" para que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) referende o tom mais moderado para os juros adotado pelo chairman do Fed, Jerome Powell, recentemente.
"Mas o volume mais fraco mostra que também existe cautela", ponderou, acrescentando que os mercados estão bastante nervosos ultimamente, com a questão comercial envolvendo EUA e China ainda alimentando preocupações.
A decisão do Fed será conhecida às 17h (horário de Brasília) de quarta-feira, acompanhada do comunicado sobre a reunião e de projeções para a economia norte-americana. Na sequência, Powell falará com a imprensa. O mercado aguarda amplamente uma quarta alta dos juros no ano, para a faixa de 2,25 a 2,50 por cento.
Em Wall Street, após um começo de semana mais negativo, os principais índices acionários chegaram a mostrar altas relevantes mais cedo nesta terça-feira, mas perdiam o fôlego neste final de pregão, com o foco também voltado para o Fed.
DESTAQUES
- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) e BRADESCO PN (SA:BBDC4) avançaram 1,62 e 1,86 por cento, respectivamente, recuperando-se de perdas mais fortes na véspera e ajudando na melhora do Ibovespa, com o setor de bancos do índice como um todo no azul. BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) valorizou-se 0,23 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) ganhou 3,19 por cento.
- VALE subiu 0,37 por cento, perdendo fôlego no final, em sessão marcada pelo declínio nos preços do minério de ferro na China.
- GOL (SA:GOLL4) valorizou-se 6,04 por cento, ampliando os ganhos no mês, endossada pelo declínio do petróleo e relativa tranquilidade no movimento do dólar ante o real nesta sessão, além de expectativas de que a empresa se torne alvo de eventual aquisição após o governo retirar limite para a participação estrangeira em companhias aéreas no Brasil.
- VIA VAREJO encerrou em alta de 5,05 por cento, mostrando recuperação, após desabar quase 14 por cento na semana passada. No setor, MAGAZINE LUIZA (SA:MGLU3) subiu 3,43 por cento e B2W (SA:BTOW3) fechou com acréscimo de 0,25 por cento. Estimativa da Ebit|Nielsen apontou alta de 13,5 por cento no faturamento do comércio eletrônico no Natal de 2018.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) fechou em baixa de 3,8 por cento, liderando a ponta negativa do Ibovespa, contaminada pelo forte declínio dos preços do petróleo no exterior. O Brent fechou em queda de 5,6 por cento, a 56,26 dólares o barril. PETROBRAS ON (SA:PETR3) recuou 3,38 por cento.
- ESTÁCIO caiu 1,69 por cento, revertendo os ganhos do começo do dia, após o conselho de administração do grupo de ensino aprovar a indicação de Eduardo Parente para a presidência-executiva. Parente, que era diretor de projetos especiais da Vale (SA:VALE3), substituirá Pedro Thompson, que estava à frente da companhia desde 2016.