‘Tempestade perfeita’ derruba estas ações em mais de 10% hoje; é hora de comprar?
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou quase estável nesta quinta-feira, em mais um pregão de volume reduzido, com Vale oferecendo um contrapeso positivo, diante de investidores melindrados com incertezas domésticas e cautela antes de discurso do chair do Federal Reserve na sexta-feira.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa cedeu 0,12%, a 134.510,85 pontos, após marcar 133.874,43 pontos na mínima e 134.836,72 pontos na máxima. O volume financeiro somou apenas R$15,49 bilhões.
De acordo com o analista Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, a bolsa continuou sensível ao ruído jurídico-diplomático doméstico, com o fluxo de recursos especialmente sensível ao noticiário envolvendo a Lei Magnitsky e seus desdobramentos para o setor financeiro.
Eventos recentes, citou, reavivaram dúvidas sobre a intersecção entre sanções estrangeiras e a operação cotidiana dos bancos com exposição internacional, reprecificando risco regulatório e minando o sentimento do segmento.
Nos últimos dias, movimentos do STF, em particular a decisão do ministro Flávio Dino de que leis e decisões estrangeiras não se aplicam a brasileiros no Brasil, adicionaram incertezas sobre o cumprimento de sanções dos EUA e preocupações com o risco de escalada nas tensões entre os dois países.
Lima também chamou a atenção para a cautela global pré-Jackson Hole, com investidores evitando posições direcionalmente agressivas antes dos sinais do Fed, que reverberou na B3 (BVMF:B3SA3). O foco está principalmente na fala de Jerome Powell, na sexta-feira, e eventuais sinais sobre os próximos movimentos de juros nos EUA.
DESTAQUES
- VALE ON (BVMF:VALE3) avançou 0,85%, acompanhando os preços futuros de minério de ferro na China, onde contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 0,98%.
- BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) recuou 0,86%, com agentes ainda analisando potenciais reflexos no setor bancário de movimentos recentes do STF, que adicionaram mais um ponto de pressão ao banco de controle estatal após resultado fraco. BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) perdeu 0,32%, mas ITAÚ UNIBANCO PN (BVMF:ITUB4) subiu 0,11% e SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) fechou com variação positiva de 0,08%.
- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) fechou com acréscimo de 0,23%, beneficiada pelo avanço do preço do petróleo no exterior, onde o barril do Brent subiu 1,24% em meio ao impasse nas negociações de paz no conflito entre Rússia e Ucrânia. PETROBRAS ON (BVMF:PETR3) mostrou declínio de 0,09%.
- YDUQS ON (BVMF:YDUQ3) recuou 6,03%, no terceiro pregão seguido de queda, em dia fraco no setor. Analistas do UBS BB cortaram o preço-alvo dos papéis de R$20 para R$19 nesta semana, mas reiteraram recomendação de compra, conforme relatório em que citam moderação na projeção de crescimento de tíquete, mas tendência positiva de captação para o segundo semestre de 2025.
- RUMO ON (BVMF:RAIL3) caiu 1,81%, novamente entre os destaques negativos, em meio a perspectivas de resultados ainda pressionados. Analistas do Itaú BBA publicaram relatório nesta semana estimando, entre outros pontos, uma dinâmica fraca de lucros, com queda mais acentuada nas tarifas ano a ano no segundo semestre de 2025 em comparação com o segundo trimestre.
- BRASKEM PNA (BVMF:BRKM5) subiu 3,79%, tendo como pano de fundo recomendação pelo Departamento de Defesa Comercial (Decom) de aplicação provisória de medidas antidumping sobre as exportações de resinas de polietileno originárias do Canadá e dos EUA após verificar dano à indústria doméstica causado pela prática.