O desmentido da Arábia Saudita quanto ao rumor de que a Opep+, cartel dos maiores produtores, estaria perto de elevar a oferta de petróleo - em momento de dúvidas sobre o nível de demanda, ante a desaceleração econômica global - foi decisivo para que o Ibovespa invertesse o sinal e fechasse a segunda-feira, 21, no positivo, mesmo com o desempenho negativo de Nova York. Ao fim, após três perdas consecutivas, a referência da B3 (BVMF:B3SA3) mostrava alta de 0,81%, aos 109.748,18 pontos, mais perto da máxima (110.235,29) do que da mínima (107.957,01) da sessão, após abertura aos 108.868,18 pontos. No mês, ainda registra perda de 5,42%, que limita o ganho do ano a 4,70%. O giro nesta abertura de semana ficou em R$ 37,4 bilhões.
A Arábia Saudita não apenas desmentiu o rumor de aumento da produção como indicou que o cartel pode vir a optar por novo corte da oferta, o que quase zerou as perdas da commodity na sessão, cujos preços, até o começo da tarde, caíam perto de 6% nesta segunda-feira, tanto para o WTI como para o Brent. O movimento foi acompanhado por mudança de sinal nas ações da Petrobras (BVMF:PETR4) que, no entanto, encerraram o dia sem direção única, com a ON em baixa de 0,36% e a PN, alta de 0,30%. Mais cedo, a confirmação da distribuição de dividendos da estatal contribuía para amortecer o efeito da queda das cotações da commodity sobre as respectivas ações.
Em menor grau, o dia também foi negativo para os preços do minério de ferro na China, com novos sinais sobre a covid-19 no país acentuando a incerteza quanto ao momento em que, de fato, o país conseguirá flexibilizar de forma significativa as medidas de distanciamento social, que afetam o ritmo de atividade da segunda maior economia do mundo. "Pelo que especialistas explicam, é improvável que haja alguma mudança importante em relação que se vê na China até o Ano Novo Lunar, em fevereiro", diz Edmar de Oliveira, especialista em renda variável da One Investimentos.
No quadro doméstico, há relativa melhora da percepção sobre o cenário fiscal, com os últimos sinais de que, para ser aprovada no Congresso, o mais provável é que volume menor de recursos do que os cerca de R$ 200 bilhões inicialmente propostos ficarão, de fato, fora do teto de gastos. "É algo que não deveria surpreender tanto, na medida em que se costuma fazer assim, como se viu também na Reforma da Previdência: o começo é sempre por um montante maior, para se testar a reação, e depois vem o ajuste à realidade, ao que poderá se aprovado (no Congresso)", acrescenta Oliveira.
No sábado, veio a boa notícia para o mercado: a PEC do senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) que propõe reduzir de R$ 175 bilhões para R$ 70 bilhões o valor destinado ao programa de transferência de renda que ficaria fora do teto de gastos.
Na B3, o destaque absoluto desta abertura de semana foram as ações da Copel (BVMF:CPLE6) (PNB), que fecharam o dia em alta de 22,07%, após o Estado do Paraná informar que tem a intenção de transformar a empresa em uma companhia de capital disperso e sem acionista controlador. Com a valorização de dois dígitos na sessão, as ações da empresa fecharam esta segunda-feira cotadas a R$ 8,74.
"Aos preços atuais e mantendo 10% das ações ordinárias, o Estado arrecadaria quase 90% do que a secretaria da Fazenda estima como perdas de receitas pela redução do ICMS em 2023, o que mostra que a oferta de ações é uma alternativa que faz bastante sentido como solução para esse problema", observa Bernardo Viero, analista da Suno Research. "Nenhum acionista ou grupo em acordo poderá exercer votos em número superior a 10%, independentemente do tamanho de sua posição na companhia. A ideia é semelhante à recém-utilizada com sucesso na privatização da Eletrobras (BVMF:ELET3)."
Além de Copel, destaque na sessão para outra companhia do setor de energia, Cemig (BVMF:CMIG4) (+7,54%), junto com Cyrela (BVMF:CYRE3) (+8,01%), Sabesp (BVMF:SBSP3) (+7,32%), Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) (+7,30%), IRB (BVMF:IRBR3) (+6,76%) e Americanas (BVMF:AMER3)(+6,55%), após ações dos setores de varejo e construção terem estado, na semana passada, entre os mais afetados pela pressão na curva de juros futuros, em meio aos temores sobre a situação fiscal no próximo governo. "Há uma recuperação das empresas varejistas em relação à caixa, e o aumento de vendas que vem no fim do ano, com Natal e a própria Copa do Mundo, o que ajuda as ações das empresas do setor a subir", diz Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos.
Na ponta perdedora nesta segunda-feira, destaque pra Klabin (BVMF:KLBN11) (-3,13%), Suzano (BVMF:SUZB3) (-2,87%) e Usiminas (BVMF:USIM5) (-2,37%). Entre as blue chips, Vale ON (BVMF:VALE3) fechou em baixa de 1,13%, em dia que se mostrou, ao final, majoritariamente positivo para as ações dos grandes bancos, à exceção de Bradesco (BVMF:BBDC4) (ON -0,83%, PN -0,70%).
Na semana, o destaque da agenda está programado para a quarta-feira, quando será divulgada a ata da mais recente reunião de política monetária do Federal Reserve, o BC americano. "A sinalização dos membros do comitê tem sido mista. O presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, disse que é a favor de uma desaceleração do ritmo dos aumentos de juros na próxima reunião, para garantir um pouso suave para a economia. Já a presidente do Fed de Boston, Susan Collings, reforça que as opções estão abertas para a reunião de dezembro, incluindo a possibilidade de outro aumento de 0,75 pp (ponto porcentual)", aponta Alvaro Feris, especialista da Rico Investimentos.