Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista começava a semana com o Ibovespa em queda, contaminada pelas preocupações com a escalada das tensões envolvendo Estados Unidos e Irã, que minavam praças acionárias no exterior e corroboravam ajustes de baixa nas ações brasileiras após recordes recentes.
Às 11:36, o Ibovespa caía 0,95 %, a 116.586,49 pontos. O declínio vem após o Ibovespa renovar recordes na semana passada, quando chegou a 118.791,86 pontos --máxima intradia histórica.
O volume financeiro do pregão somava 3,782 bilhões de reais.
"Investidores que esperavam a assinatura planejada de um acordo comercial entre EUA e China no final deste mês foram abalados pelo ataque americano contra o general iraniano Qassem Soleimani, que serviu como um lembrete de que os mercados permanecem vulneráveis à geopolítica", disse a XP Investimentos.
Em nota a clientes, a XP destacou que a situação no Oriente Médio pareceu se deteriorar no fim de semana, chamando a atenção para declarações do Irã sobre o acordo nuclear e ameaças do presidente Donald Trump se Teerã retaliar.
O Irã anunciou no domingo que vai renunciar ainda mais aos compromissos feitos em um acordo nuclear em 2015, com um porta-voz do governo dizendo à televisão estatal que Teerã não vai mais respeitar os limites estabelecidos sobre o número de centrífugas de enriquecimento de urânio que pode usar.
Já o presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou atingir 52 alvos iranianos se o Irã atacar norte-americanos após o ataque de drone que matou o comandante militar iraniano Qassem Soleimani e um líder da milícia iraquiana.
A equipe do BTG Pactual (SA:BPAC11) afirmou que ainda é dificil avaliar possíveis desdobramentos relacionados ao ataque norte-americano, mas que, no curtíssimo prazo, haverá um crescimento da aversão a risco, conforme nota a clientes enviada pela área de gestão do banco de investimentos. "A palavra volatilidade segue em moda."
Também nesta segunda-feira passa a vigorar a nova composição do Ibovespa, com a inclusão das ações de Carrefour (SA:CRFB3) Brasil, Hapvida (SA:HAPV3), SulAmérica (SA:SULA11), Cia Hering (SA:HGTX3) e Totvs (SA:TOTS3), totalizando 73 ativos de 70 empresas. A nova carteira vale até 30 de abril.
DESTAQUES
- BR DISTRIBUIDORA ON caía 5,1%, maior declínio do Ibovespa, tendo no radar expectativa de venda de nova fatia da companhia pertencente à Petrobras e com analistas do BTG Pactual chamando a atenção para dados sobre vendas de combustíveis em novembro, que, na visão deles, continua mostrando um cenário difícil para a companhia. - AZUL PN (SA:AZUL4) e GOL (SA:GOLL4) PN perdiam 3,1% e 2,6%, respectivamente, tendo de pano de fundo o aumento das tensões no Oriente Médio e o efeito de alta nos preços do petróleo, que tem efeito nos custos de companhias aéreas.
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) perdia 2%, pesando também no Ibovespa, assim como ITAÚ UNIBANCO PN, em baixa de 1,1%, em sessão negativa para bancos no Ibovespa. BTG PACTUAL UNIT mostrava estabilidade.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) avançava 0,7% e PETROBRAS ON (SA:PETR3) tinha elevação de 1,4%, diante da alta dos preços do petróleo no mercado externo. A companhia divulgou na sexta-feira prospecto de operação que prevê a venda de até 734,2 milhões de ações ordinárias da companhia pelo BNDES. Também no radar está uma reunião para discutir alta do combustível.
- VALE ON (SA:VALE3) cedia 1%, contaminada também pela maior aversão a riso no exterior, enquanto os futuros do minério de ferro na China ampliaram ganhos nesta segunda-feira, na quarta sessão consecutiva de alta, à medida que uma maior taxa de utilização em siderúrgicas apontou para uma demanda firme pelo material utilizado na fabricação do aço.
- NATURA & CO ON tinha elevação de 4%, maior alta do Ibovespa, após executivos da empresa elevarem previsões de sinergias com a conclusão da aquisição da Avon.