Por Flavia Bohone
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da bolsa paulista operava em alta na manhã desta quarta-feira, acima dos 73 mil pontos, após o Congresso Nacional ter aprovado na véspera as novas metas fiscais e a proposta de criação da Taxa de Longo Prazo (TLP).
Às 11:29, o Ibovespa subia 1,49 por cento, a 73.226 pontos. O giro financeiro era de 2,79 bilhões de reais.
Na noite passada, o Senado conseguiu concluir a aprovação da TLP antes que a medida provisória perdesse sua validade, na quinta-feira. Também na noite passada, o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei que aumenta as metas de déficit primário do país em 2017 e 2018.
Os avanços no Legislativo somam-se ao tom otimista iniciado na véspera, com a visão de fortalecimento do governo do presidente Michel Temer, diante da chance de anulação de acordo de delação de executivos da J&F.
O bom humor entre os investidores também se sustentava na desaceleração da inflação acima do esperado, o que corrobora a expectativa pelo corte de 1 ponto percentual na taxa básica de juros na reunião do Banco Central que termina nesta quarta-feira. Em 12 meses até agosto, o IPCA teve alta de 2,46 por cento, o menor patamar desde fevereiro de 1999, e abaixo das estimativas em pesquisa Reuters, de inflação de 2,6 por cento.
O pedido de análise feito pelo Ministério da Fazenda ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a possibilidade de o governo abrir mão do direito de veto, o chamado "golden share", sobre certas decisões estratégicas em algumas empresas que serão ou foram privatizadas, no momento em que prepara a privatização da Eletrobras (SA:ELET3), também favorecia o tom positivo do mercado.
DESTAQUES
- EMBRAER ON (SA:EMBR3) subia 3,45 por cento, liderando as altas do Ibovespa, após o pedido do governo de análise técnica e financeira sobre possibilidade de deixar as "golden shares" em empresas que sejam ou tenham sido privatizadas. Outro fator de suporte era o pedido firme da SkyWest por 25 E-Jets, que será incluído na carteira de pedidos do terceiro trimestre e entregue em 2018.
- ELETROBRAS PNB (SA:ELET6) tinha alta de 2,09 por cento e ELETROBRAS ON ganhava 0,9 por cento, com a visão positiva sobre os planos de privatização da empresa ganhando mais respaldo após o pedido de análise do governo sobre fim de golden share.
- SABESP ON (SA:SBSP3) avançava 1,67 por cento, tendo como pano de fundo a aprovação pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo do projeto de reorganização societária da empresa de saneamento básico, em um passo importante para um possível processo de capitalização da empresa.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) tinha alta de 2,15 por cento e PETROBRAS ON (SA:PETR3) ganhava 2,96 por cento, em linha com o avanço dos preços do petróleo no mercado internacional.
- ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) subia 2,37 por cento e BRADESCO PN (SA:BBDC4) avançava 1,93 por cento, reforçando o viés altista do índice devido ao peso desses papéis em sua composição. O dia era positivo para o setor bancário como um todo, com SANTANDER UNIT (SA:SANB11) em alta de 1,8 por cento e BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) avançando 2 por cento.
- RUMO ON (SA:RAIL3) caía 4,73 por cento, tendo o pior desempenho do Ibovespa. No radar estava a avaliação da empresa de uma possível capitalização por meio de uma oferta pública de ações. Segundo analistas, há receio de que o movimento possa diluir os acionistas minoritários.
- JBS ON (SA:JBSS3) perdia 2,67 por cento, mantendo o tom negativo após cair mais de 8 por cento na véspera, diante do pedido de abertura de investigação da delação de executivos da sua controladora J&F, o que pode levar à rescisão dos benefícios concedidos aos delatores e despertou receios de que multas maiores sejam aplicas à empresa.