Neste começo de semana, o Ibovespa parecia em boa parte da sessão a caminho de pausa na aguda recuperação que o alçou da mínima do ano em meados de julho, aos 95 mil pontos, para os 113 mil desta metade de agosto, saindo dos menores patamares desde novembro de 2020 para os melhores desde abril de 2022 no intervalo das duas últimas quinzenas. Ao fim, a referência da B3 (BVMF:B3SA3), após ter oscilado perto da estabilidade na maior parte do dia, avançou 0,24%, aos 113.031,98 pontos, entre mínima de 111.066,52 e máxima de 113.214,20 pontos, com abertura a 112.767,24 pontos. Em agosto, ganha 9,56% e, no ano, 7,83%.
A recuperação recente combina com a retomada de fluxo diário, o que envolve também recursos estrangeiros: nesta segunda, o volume financeiro foi a R$ 33,3 bilhões na B3. Uma pausa na progressão do Ibovespa nesta segunda-feira era favorecida, mais cedo, por dados mais fracos nos Estados Unidos - referentes ao mercado imobiliário no país e ao índice Empire State, de atividade industrial de Nova York -, bem como na China, sobre o varejo e a produção industrial no gigante asiático em julho. Nos Estados Unidos, o índice de confiança das construtoras teve em agosto a oitava queda em sequência. Ainda assim, os índices de ações em Nova York também avançaram no dia.
Na mínima intradia do ano, e a menor desde 3 de novembro de 2020 (93.967,64), o Ibovespa havia tocado em 15 de julho, um mês atrás, a marca de 95.266,94 pontos. Agora, em 15 de agosto, rompeu os 113 mil pontos, em alta de 0,40% no pico da sessão, o maior nível intradia desde 22 de abril passado (114.343,30) - uma recuperação bem perto de 18 mil pontos entre a mínima de 15 de julho e a máxima deste 15 de agosto.
Nesta segunda-feira, em alta pela segunda sessão após pausa na quinta-feira que havia interrompido série de sete altas, a mais longa desde março passado, o Ibovespa manteve o maior nível de fechamento desde 20 de abril. Nas últimas 10 sessões, portanto, apenas uma perda, na última quinta-feira, dia 11. Considerando esta primeira quinzena de agosto, houve apenas outro revés, no dia 1º, aos 102.225,08 pontos naquele fechamento.
Entre os setores da B3, em dia de realização de lucros recentes especialmente nas ações de commodities (Vale ON (BVMF:VALE3) -2,15%) e dos grandes bancos (BB (BVMF:BBAS3) ON -2,52%, Bradesco (BVMF:BBDC4) ON -1,23%), as ações do varejo seguraram a ponta positiva do Ibovespa nesta segunda-feira, com destaque para Americanas (+18,29%) e Via (+14,47%), à frente de Méliuz (BVMF:CASH3) (+14,18%), Magazine Luiza (BVMF:MGLU3) (+12,85%) e CVC (BVMF:CVCB3) (+9,51%). No lado oposto, IRB (BVMF:IRBR3) (-9,96%), Braskem (BVMF:BRKM5) (-4,86%), CSN (BVMF:CSNA3) (-4,55%) e SLC Agrícola (BVMF:SLCE3) (-3,57%).
No exterior, os contratos futuros de petróleo fecharam em queda forte nesta segunda-feira. A commodity esteve sob pressão e chegou a tocar mínimas desde janeiro após indicadores que frustraram a previsão, na China. Além disso, investidores continuam a monitorar a possibilidade de aumento na oferta, sobretudo se o Irã conseguir retomar o acordo nuclear multilateral, o que permitiria que Teerã exporte mais óleo.
Aqui, nova queda do preço da gasolina nas refinarias foi anunciada no início da tarde pela Petrobras (BVMF:PETR4), de R$ 0,18 por litro, uma redução de 4,8%, Ainda assim, Petrobras ON (BVMF:PETR3) e PN chegaram a ficar na contramão de outras ações do setor de commodities, mas fecharam sem sinal único, com a ON em baixa de 0,34% e a PN, em leve alta de 0,03%.
"O dia começou com uma movimentação muito importante vindo lá da China, que afetou principalmente os preços do petróleo e do minério de ferro. Assim, o início do pregão aqui foi um pouco mais pessimista, com o Ibovespa em baixa, mas rapidamente, quando os players de mercado voltaram a bater nos juros longos - uma das coisas das últimas duas semanas que têm ajudado a Bolsa -, o Ibovespa voltou a subir", diz Nicolas Merola, analista da Inv, destacando a retomada vista na sessão especialmente entre as empresas de menor capitalização de mercado, as small caps, "principalmente aquelas que divulgaram bons balanços nas últimas semanas".
"A semana começou com a China surpreendendo negativamente o mercado com dados econômicos abaixo do esperado. A produção industrial subiu apenas 3,8% em julho na comparação anual, abaixo da expectativa de 4,6%. As vendas no varejo subiram 4,6% no mesmo período, mas ainda abaixo das previsões de alta de 5%. A economia chinesa, que vinha mostrando bons sinais de recuperação após os impactos das medidas de contenção da covid, viu a sequência se interromper", aponta Letícia Sanches, especialista em renda variável da Blue3.