O ambiente um pouco mais tranquilo no exterior permite uma quarta-feira de recuperação do Ibovespa, que ontem sucumbiu aos 124 mil pontos, ao fechar em queda de 1,10%, aos 124.612,03 pontos. Após abrir hoje em alta aos 124.615,48 pontos, subia 1,06%, aos 125.938,01 pontos, na máxima, às 10h37. O ganho interno é estimulado por resultados fortes de empresas no segundo trimestre, informados entre a noite de ontem e esta manhã. Já em Nova York, as bolsas seguem indefinidas, enquanto as europeias sobem.
Investidores esperam a decisão de política monetária nos EUA, às 15h, e mais ainda a entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell, às 15h30, em busca de sinais sobre o rumo dos juros americanos e sobre os estímulos que foram colocados na economia para superar a crise de covid-19.
"Veremos se o Powell, presidente do Banco Central americano, já dá mais sinais sobre retirada de estímulos - importante estratégia para impulsionar a economia", avalia Pietra Guerra, especialista em ações da Clear Corretora, em nota.
O que se espera, avalia Pietra, é que por enquanto não haja retirada de estímulos, com a taxa de juros se mantendo nos patamares atuais. Isso porque, explica, ainda é preciso uma confirmação mais sólida de dois pontos importantes para o BC dos EUA: um deles é a geração de emprego, já o outro é a estabilidade de preços, ou seja, controle da inflação. "Esses dois destaques estão caminhando para melhora, mas ainda sem uma certeza de estabilização pós-pandemia (com a variante Delta ainda no radar)", diz.
Para Alexandro Brito, sócio da Finacap Investimentos, será importante observar quais sinais serão dados pelo Fed quanto ao programa de compras de ativos. "Estamos vendo a inflação americana apertando, com indícios de alguma disfunção econômica. Houve uma injeção enorme de liquidez e temos de ver como o Fed tratará essa questão", avalia, acrescentando ainda como a instituição avaliará os riscos inflacionários, para os quais tem mantido o discurso de que é transitório.
Conforme a LCA, o Fed deverá reconhecer que a inflação seguiu em aceleração, mas manterá avaliação de que as pressões são transitórias. "O Fed também reconhecerá que a atividade econômica segue robusta e que o mercado de trabalho continua a se recuperar, mas poderá mostrar preocupação com os riscos associados à variante delta do coronavírus", avalia.
A despeito da espera pelo Fed, o Ibovespa avança puxado principalmente por ações ligadas ao setor de commodities. Petrobras (SA:PETR4) avançava entre 0,81% (PN) e 0,40% (ON) às 10h43, com as cotações do petróleo no exterior na faixa de 0,50%.
Já Vale ON (SA:VALE3), que divulga balanço após o fechamento do mercado, tinha alta de 1,76%, puxando papéis do segmento de materiais metálicos. Já CSN (SA:CSNA3), que publicou seus números ontem à noite relativos ao segundo trimestre, desacelerava a alta a 0,06%%; Usiminas (SA:USIM5) PNA subia 1,88%. Além disso, as ações do setor financeiro avançavam, após Santander informar resultado.
Ontem, a CSN confirmou as expectativas ao registrar crescimento de 1.136% em seu lucro no segundo trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto o Ebitda avançou 324%. Já o Santander Brasil (SA:SANB11) informou lucro recorde entre abril e junho. Após o fechamento da B3 (SA:B3SA3), será informado o balanço da Vale, para o qual o mercado espera lucro de US$ 7,936 bilhões, o que, se confirmado, será oito vezes maior que o visto no segundo trimestre de 2020. O investidor ainda fica de olho nos resultados que já saíram de Assai, WEG e Carrefour (SA:CRFB3).
De forma geral, Brito, da Finacap Investimentos, os balanços estão tendo bom desempenho, o que tende a reforçar as estimativas de recuperação das empresas as e da economia. "Quando olhamos os fundamentos, vamos resultados relevantes, caso de CSN, Weg (SA:WEGE3) e a própria Vale, que deve apresentar dados fortes", diz.