Por Gabriel Araujo
SÃO PAULO (Reuters) - A Itália projeta que suas exportações para as maiores economias da América Latina cresçam cerca de 5% em 2024, mesmo com o acordo comercial entre União Europeia e Mercosul ainda em discussão.
As remessas das empresas italianas para o Brasil, segundo estimativas da agência local de crédito à exportação Sace, devem crescer 4,5% em 2024 em relação ao ano anterior, para um recorde de 5,3 bilhões de euros, enquanto as exportações para o México saltariam 5,5%, a 6,4 bilhões de euros.
A agência acredita que o impulso de reindustrialização do Brasil representará uma oportunidade para as empresas venderem mais maquinário após uma queda nas exportações na última década, enquanto as iniciativas favoráveis ao meio-ambiente relacionadas à transição energética também são vistas como uma oportunidade.
O crescimento das exportações pode ser mais acentuado se a União Europeia e o Mercosul finalizarem um acordo comercial negociado há décadas. Itália e Alemanha estão entre as principais economias da UE que expressaram apoio ao acordo, enquanto a França é contra.
"Em relação a esse acordo (Mercosul-UE), óbvio que ele seria muito bom", disse Pauline Sebok, chefe da Sace para as Américas, à Reuters, ressaltando que as empresas frequentemente reclamam das barreiras tributárias que enfrentam no Brasil.
Máquinário representa a maior parte das exportações italianas para o Brasil, mas perdeu terreno na última década devido à desaceleração da produção industrial brasileira.
Isso também prejudicou o comércio, com as exportações italianas para o Brasil - seu segundo maior parceiro comercial nas Américas, atrás apenas dos Estados Unidos - retornando só em 2022 aos níveis pré-crise.
Mas o país membro da União Europeia, o sétimo maior fornecedor de bens para o Brasil, agora acredita que sua ambição de se reindustrializar e ser líder na transição energética ajudará as exportações a crescerem em média 3,6% em 2025 e 2026.
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se comprometido a impulsionar a industrialização incentivando projetos "verdes", incluindo veículos híbridos e elétricos, energia renovável e biocombustíveis, embora a produção industrial tenha permanecido praticamente estagnada este ano.
A Sace, que oferece seguros de crédito para impulsionar as exportações do país, recentemente aprovou um empréstimo "verde" de 300 milhões de euros liderado pelo BNP Paribas (EPA:BNPP) para a Raízen (BVMF:RAIZ4), enquanto a empresa brasileira desenvolve usinas de etanol de segunda geração.
"De fato a gente vai estar olhando todos os tipos de investimentos relacionados a ESG", disse Sebok. "Mas continuar em todos os equipamentos tradicionais também para a indústria manufatureira em geral, que é também o nosso 'core business'."
Empresas italianas com grandes operações na América Latina incluem a gigante de energia Enel (BIT:ENEI), a operadora de telecomunicações Telecom Italia, a montadora Fiat, da Stellantis (NYSE:STLA), e o conglomerado industrial Leonardo.
No México, segundo a Sace, o recente boom de investimentos industriais impulsionado pela chamada tendência de "nearshoring" de realocar negócios mais próximos aos EUA contribuiria para um aumento nas exportações italianas, impulsionadas por máquinas.
Além do crescimento de 5,5% no próximo ano, a agência estima aumentos de 3,6% em 2025 e 4% em 2026, o que levaria o valor das exportações para perto de 7 bilhões de euros.