Os juros futuros fecharam a sexta-feira, 22, em queda, alinhados ao movimento das curvas no exterior que, por sua vez, responderam ao alerta às condições para a atividade global emitidos por índices de gerentes de compra (PMI, em inglês) fracos na Europa e nos Estados Unidos. O recuo nos preços do petróleo e o câmbio bem comportado também contribuíram. Com o foco hoje no ambiente externo, as taxas longas recuaram mais do que as curtas e a curva desinclinou, mas no balanço da semana houve ganho importante de inclinação.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 encerrou em 13,86%, de 13,912% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2024 recuou de 13,997% para 13,81%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 13,265% (13,491% ontem) e o DI para janeiro de 2027, com taxa de 13,24%, de 13,41%.
Em relação à última sexta-feira, enquanto as taxas curtas ficaram praticamente estáveis, as longas subiram em torno de 30 pontos-base, numa semana marcada pelo aumento acima do esperado no juro pelo Banco Central Europeu (BCE) e aumento das incertezas fiscais no Brasil.
Com a surpresa negativa dos PMIs, voltam à cena os receios sobre as economias principais em meio ao aperto de juros sincronizado dos bancos centrais. "Há uma certa expectativa de que o risco de recessão possa limitar a ação dos BCs", afirmou o economista-chefe da Greenbay Investimentos, Flávio Serrano.
O PMI composto dos EUA em julho atingiu o menor nível em 26 meses e ficou abaixo de 50 pontos, sinal de contração da atividade, reforçando a expectativa de que o Federal Reserve, em sua reunião de política monetária na semana que vem, mantenha o ritmo de aperto do juro em 75 pontos-base, e não acelere a 100 pontos como chegou-se a cogitar. O dia também teve leituras fracas dos PMIs da zona do euro e da Alemanha.
Tanto os rendimentos do bônus europeus quanto o dos Treasuries caíram, refletindo a possibilidade de um processo de aperto de juros menos agressivo dado o pessimismo com a atividade. No fim da tarde, a taxa da T-Note de 2 anos tinha yield de 2,98% e a da T-Note de dez anos, 2,76%, após terem rodado acima de 3% esta semana.
Serrano lembra que no Brasil o Banco Central começou a subir o juro bem antes do que nas economias principais e a forte correção pela qual passam os preços da commodities, especialmente o petróleo, endossa a expectativa de o ciclo de ajuste está chegando ao fim. O tipo Brent para outubro fechou hoje em US$ 98,38 o barril e o do WTI para setembro, em US$ 94,70, este último pela primeira vez desde abril abaixo de US$ 95. Uma vez que a política de preços da Petrobras (BVMF:PETR4) acompanha a variação das cotações no exterior, a expectativa é de anúncio de novos reajustes para baixo nos combustíveis no curto prazo.