Por Jessica Bahia Melo
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Investing.com - A abertura de capital do Nubank (SA:NUBR33) (NYSE:NU) foi sem dúvida uma das mais aguardadas pelo mercado. A fintech escolheu entrar com um pedido duplo, pra negociar as ações nos Estados Unidos e também disponibilizar BDRs para o investidor brasileiro. Desde a abertura até esta terça-feira às 15h12, as ações recuaram 12,78%, cotadas a U$9,01 enquanto o BDR recuou 22,61%, a R$7,77.
O Nubank fez a sua estreia no mercado com valuation de US$ 41,5 bilhões, passando o Itaú Unibanco (SA:ITUB4) como o banco mais valioso da América Latina. O banco digital vendeu papéis a US$ 9 na oferta, mas o papel chegou a ser negociado acima de US$ 11 após alguns dias.
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João Daronco, analista da Suno Research, aponta que a escolha pelos EUA ocorre porque o mercado americano possui mais experiência e entende melhor empresas de tecnologia e bancos digitais. Assim, poderia pagar mais caro pelo ativo. “O IPO de grande parte dos bancos digitais são caros e o IPO do Nubank estava caro dentro dos bancos digitais. Depois teve a redução da faixa de valores Nubank, mas o valor dele era muito abaixo do que o pessoal estava pedindo”, acredita.
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Bull case: a tese de alta
A base de clientes é um dos pontos elogiados pelos analistas. O Nubank tem 48 milhões de clientes, 36 milhões ativos.
Danielle Lopes, analista da Nord, afirma que a velocidade de crescimento foi impressionante e hoje o banco possui boas estratégias para otimizar resultados operacionais. “Eles possuem parceria com varejistas. Então dentro do aplicativo você consegue incentivar de fato o consumo. O correntista do Nubank entra e vê que eu posso comprar um produto da Magazine Luiza (SA:MGLU3). E o Nubank vai me dar um cashback. Eles começaram a oferecer seguros agora também, principalmente seguro pra celular, o que acaba tendo uma aderência interessante ao mercado e é rentável também”, detalha Lopes.
Bear case: a tese de baixa
No entanto, como fazer com que esse número gigante de clientes gere mais lucro? Esse é o desafio. Assim como Lopes, Larissa Quaresma, analista da Empiricus, acredita que uma das dificuldades enfrentadas pela empresa é a monetização dos usuários. Como a base de clientes possui em geral menor renda, é preciso oferecer muitos produtos gratuitos ou baratos, o que dificulta um patamar de rentabilização maior. “A predominância das classe C, D e E é maior pra Nubank do que para o Itaú, Bradesco (SA:BBDC4), Banco do Brasil (SA:BBAS3) e Santander (SA:SANB11). São pessoas que tem menor renda, menor patrimônio, menos dinheiro para transacionar no cartão de crédito e débito, menos patrimônio disponível pra investir. Então é mais difícil você monetizar esse tipo de público”, completa Quaresma.
E agora?
Com esses argumentos, será que vale a pena investir no Nubank? O modelo do InvestingPro vê a ação do Nubank sobrevalorizada em Nova York, com potencial desvalorização acima de 40%. O InvestingPro está disponível em apps Android e iOS e em breve o InvestingPro+ estará disponível na versão web da edição brasileiras.