Por Tatiana Bautzer
SÃO PAULO (Reuters) - A brasileira Raízen (BVMF:RAIZ4)e a investidora estatal dos Emirados Árabes Unidos Mubadala estão na rodada final de uma disputa para adquirir a joint venture brasileira de açúcar e etanol BP Bunge Bioenergia, a terceira maior processadora de cana-de-açúcar do mundo, disse uma fonte com conhecimento do assunto.
Não há outros interessados na segunda rodada de ofertas, e as propostas anteriores de outras empresas foram desqualificadas, disse a fonte, pedindo anonimato para divulgar conversas privadas.
Os acionistas BP PLC (BVMF:B1PP34)(LON:BP) e Bunge Ltd (NYSE:BG) decidiram negociar com ambos os licitantes em uma segunda fase porque a diferença entre suas propostas era muito pequena, segundo a fonte.
Embora o negócio esteja em sua fase final, não há um prazo claro para um acordo, nem uma garantia de que uma venda será fechada.
BP e Mubadala não comentaram imediatamente o assunto. A Raízen --joint venture entre a Shell (NYSE:SHEL) e Cosan (BVMF:CSAN3) --, recusou-se a comentar. A Bunge disse que continua avaliando opções para sair de sua participação na empresa de açúcar e etanol.
A Bunge acrescentou que o negócio não é o núcleo de sua estratégia geral.
A Bunge vem tentando desinvestir em suas usinas de etanol no Brasil há algum tempo. Em 2018, considerou brevemente uma oferta pública inicial, mas no ano seguinte criou uma joint venture com a BP.
O jornal Valor Econômico informou na terça-feira sobre a venda e o interesse de Mubadala e Raízen.
A BP Bunge Bioenergia possui 11 unidades produtoras com capacidade de moagem de cana de 33 milhões de toneladas. O negócio pode valer 1,8 bilhão de dólares, considerando 55 dólares por tonelada de capacidade de moagem.
A fonte não quis comentar sobre o valor do negócio.
Este seria o primeiro investimento da Mubadala em etanol no Brasil. O investidor do Oriente Médio possui nos EUA a Enviva Partners, que produz cerca de 5 milhões de toneladas de pellets de madeira usados por empresas na Europa e no Japão para geração de energia em substituição ao carvão.
A Raízen, que já é a maior produtora de etanol do país, com 106 milhões de toneladas de capacidade de moagem de cana-de-açúcar, consolidaria sua liderança.