A primeira semana do novo governo foi marcada pelos anúncios dos nomes que comandarão a economia do país e a discussão sobre a nova meta fiscal do ano, que abrangerá déficit entre R$ 150 bilhões e R$ 200 bilhões. A equipe econômica capitaneada por Henrique Meirelles trabalha para apresentar o quanto antes o número definitivo que será perseguido em 2016.
O péssimo estado da economia surpreendeu Meirelles, que terá que contabilizar esqueletos como uma possível capitalização da Eletrobras (SA:ELET3) em suas contas. A expectativa é que o ministro anuncie ainda nesta sexta-feira a meta fiscal, ao lado o ministro do Planejamento, Romero Jucá.
O mercado recebeu com elogios as indicações para a área econômica por serem nomes reconhecidos pelo mercado e terem ocorrido sem indicação política. Ilan Goldfajn aceitou assumir a presidência do Banco Central e Maria Silvia Bastos Marques comandará o BNDES. Na Fazenda, foram nomeados os economistas Mansueto Almeida (Secretaria de Acompanhamento Econômico), Carlos Hamilton (Secretaria de Política Econômica) e a manutenção de Jorge Rachid na Receita Federal e de Otávio Ladeira no Tesouro Nacional.
Ao contrário do discurso afinado na economia, o governo Michel Temer bate cabeça com declarações desastradas de seus ministros que precisaram ser corrigidas em poucas horas. Entre as idas e vindas, o governo teve que reafirmar a terceira fase do Minha Casa Minha Vida, negar cortes no Bolsa Família e confirmar que seguirá a política de indicação do nome mais votado para a PGR.
Bolsa. Apesar dos nomes e do discurso bem recebidos pelo mercado, o Ibovespa amargou queda de quase 4% nesta semana na bolsa, fechando abaixo dos 50 mil pontos, pela primeira vez desde fim de março. O fim do rali do impeachment ocorreu com a realização de lucros em diversos ativos e com a pressão negativa internacional, que abateu sobre a bolsa brasileira. O mercado também mantém posição conservadora à espera de medidas efetivas do novo governo, como a reforma da previdência que poderá sair em 30 dias.
Fed. O pessimismo nas bolsas ficou mais forte com a divulgação da ata de reunião do Fed. O tom mais duro dos diretores fez com o que o mercado aumentasse suas apostas numa alta de juros dos EUA já em junho. Analistas apostam em duas altas neste ano, o que pode levar os juros do país a 1% frente aos 0,5% atuais. O movimento provoca a valorização do dólar e a queda dos demais ativos negociados na divisa, entre eles ações e commodities.
Dólar. A moeda norte-americana mudou de patamar frente ao real nesta semana com as notícias vindo dos EUA e passou a flertar com os R$ 3,60. De segunda-feira a sexta-feira, a divisa ganhou 0,8% em sua terceira alta semanal consecutiva e fechou a R$ 3,56.
Petrobras (SA:PETR4). O anúncio de que Pedro Parente assumirá a presidência da companhia foi bem recebido pelo mercado, mas não foi suficiente para garantir altas à petroleira que voltou a ser negociada abaixo dos R$ 9. É a terceira semana seguida no negativo dos papeis da companhia, com perdas de 1,5%, 6,1% e de 5,9%, nesta semana, que fechou a R$ 8,90. No início da semana, a Petrobras captou US$ 6,75 bilhões no mercado internacional em papeis com vencimento de 5 e 10 anos com juros na casa dos 8,7%.
Eletrobras. A estatal foi suspensa da bolsa de Nova York por não apresentar o formulário 20-F às autoridades norte-americanas. A empresa não conseguiu o aval de seus auditores, que pedem avanço das investigações de contabilidade das perdas por corrupção. O imbróglio na bolsa dos EUA poderá custar R$ 40 bilhões ao caixa da Eletrobras, segundo o ministro Romero Jucá. A Cemig também não apresentou o formulário e perdeu 12% na bolsa nesta semana.
Vale (SA:VALE5). A companhia enfrentou uma semana de perdas de 5,5% na Bovespa, acompanhando a queda do valor do minério de ferro na China. Com o pessimismo em relação à commodity e o rebaixamento por consultorias, a Vale acumula perdas de 32% frente à máxima do ano de R$ 16,87 atingida em meados de abril.
Siderúrgicas. O pessimismo também abateu as siderúrgicas e as quatro empresas listadas no Ibovespa registraram os piores resultados semanais do índice. Usiminas (SA:USIM5) perdeu 16% na semana, seguida por Metalúrgica Gerdau (SA:GOAU4) com -15%, CSN (SA:CSNA3) (-13%) e Gerdau (SA:GGBR4) (-12%). No radar das empresas está o mercado de aço global que segue com forte ociosidade. No mercado interno, a Gerdau sofreu com o indiciamento de seu CEO pela Polícia Federal na Operação Zelotes, com a acusação de ter tentado abater no Carf até R$ 1,5 bilhão em impostos. A empresa conseguiu vender por € 155 milhões uma fábrica de aços especiais na Espanha.
BM&FBovespa (SA:BVMF3) e Cetip (SA:CTIP3). Acionistas das duas empresas aprovaram a operação de fusão anunciada no mês passado.
Commodities
Petróleo. A commodity ganhou força nesta semana e se aproximou dos US$ 50/b com as interrupções de produção em diversos países, entre eles, Nigéria, Venezuela, Líbia e Canadá. As apostas em novas altas foram intensificadas com a nova queda na extração dos EUA, que ainda registraram aumento de demanda. A ata do Fed reduziu o ímpeto dos investidores, que inverteram a tendência no fim da semana e o petróleo fechou a sexta-feira na casa dos US$ 48,50.
Aço. Os Estados Unidos decidiram tarifar em 265% as importações de aço chinesas por acreditar que o país não está contribuindo para reduzir a sobreoferta do produto no mercado internacional. O Japão também sofreu sanções de 71%. No cenário interno, Usiminas, ArcelorMittal e CSN anunciaram elevação nos preços de aço. As vendas no Brasil caíram 20% em abril na comparação anual.
Milho. O clima adverso provoca dificuldades na segunda safra de milho do ano, que deverá ser 3,9 milhões de toneladas menor, de acordo com nova revisão negativa da Safras & Mercado. A Agroconsult aposta que oferta no Brasil só melhora no segundo semestre de 2017.
Soja. A pouca oferta de milho que provocou elevação nos preços da commodity poderá pôr um freio na expansão da soja da safra 2016/2017, segundo a Agroconsult.
Indicadores
Inflação. O IPCA-15 voltou a acelerar em 12 meses com recorde de 20 anos em maio com aumento de 0,86%. Em 12 meses, o índice está em 9,62%. O IGP-M subiu para 0,68% na segunda prévia do mês e o IPC-Fipe fechou em 0,41% na segunda quadrissemana de maio.
Arrecadação. O governo central recolheu R$ 110,895 bilhões em abril, 7,1% menos na comparação anual no pior mês desde 2010.
PIB. Japão cresceu 0,4%, Chile, 2% e as Filipinas, 6,9%. México cresceu 2,6%.