Investing.com — A melhoria na rentabilidade não foi o suficiente para que as ações do Santander Brasil (BVMF:SANB11) subissem após o balanço, nem os lucros acima do previsto. Com a retomada em andamento elogiada por analistas, algumas ponderações seguem no radar, como as falas da administração de que a expansão na carteira de crédito seguirá conservadora. Às 15h13 (de Brasília), as Units recuavam 2,42%, a R$28,17.
O Santander Brasil apresentou um lucro líquido de R$3,66 bilhões no terceiro trimestre, um incremento de 34,3% em relação ao mesmo período do ano passado, além de uma alta trimestral de 10%. A rentabilidade sobre o patrimônio (ROAE) foi e 17%, alta de 1,5 ponto percentual no trimestre e de 3,9 pontos percentuais ano a ano.
Por outro lado, com priorização de negócios estratégicos, a carteira ampliada recuou 0,3% no trimestre, para R$663,5 bilhões, ainda que o número represente uma alta anual de 6,1%. O saldo de captações também registrou diminuição trimestral, em 0,2% sequencialmente, apesar do avanço de 4,9% ante igual período de 2023. O mix de captações, neste caso, passa a ter maior representatividade na pessoa física.
Expansão de empréstimos entre os alertas
O cenário é mais desafiador para o crescimento dos empréstimos, na opinião do BTG, que recomenda posição neutra para as ações do Santander Brasil, ao preço-alvo de R$30. O BTG avaliou os indicadores como em linha com o esperado e trouxe alguns alertas.
“Houve algumas ressalvas, no entanto, que acreditamos ser importante sinalizar, como o aumento dos rendimentos com a venda de carteiras e a desaceleração do crescimento do crédito devido à deterioração dos spreads/cenário competitivo”, argumentaram os analistas Eduardo Rosman, Ricardo Buchpiguel e Thiago Paura.
Ainda que tenha considerado os dados como positivos, o BB Investimentos considerou como “decepção mais notável na expansão da carteira de crédito, mas explicada pela política mais restritiva em voga”. O analista Rafael Reis possui indicação de compra para o papel, com preço-alvo de R$34.
“A carteira total de empréstimos permaneceu estável, uma vez que o Santander optou por reduzir os empréstimos corporativos, enquanto a carteira de financiamento ao consumo cresceu significativamente 5% em relação ao trimestre anterior (20% em termos homólogos)”, acrescentaram os analistas do Itaú BBA, Pedro Leduc, Mateus Raffaelli e William Barranjard, que possuem recomendação outperform, equivalente à compra, com preço-alvo de R$36 para Units.
Outros indicadores foram elogiados, no entanto
Os lucros foram acima do esperado, na opinião de Fernando Bresciani, analista do Andbank. “Entregou também um ROE acima do esperado de 17%, melhorou na área de spread, com carteira de crédito em linha com o esperado”. Com um cenário de cautela na bolsa de valores brasileira, o analista tem preferência por ação de bancos, por conta de expectativa de dividendos.
O Itaú BBA foi na mesma linha e avaliou os dados como positivos, com indicadores considerados fortes, com rentabilidade acima do consenso mostrando tendências favoráveis.
Os resultados também foram considerados como favoráveis por Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, que apontou para o crescimento da rentabilidade, indicando uma boa evolução neste indicador. O mix da carteira de crédito com um spread maior possibilitou o aumento da rentabilidade, em sua visão, com inadimplência seguindo estável.
“Vale comentar que eles mencionam no release a resolução de um caso específico de RJ, de um cliente já atacado, o que ajudou em recuperações de crédito anteriormente baixadas a prejuízo”, ressalta, ao apontar que o caso deve ser o da Americanas (BVMF:AMER3), após fraude bilionária.
A analista da Empiricus considerou os dados de serviços com fortes, com crescimento em todas as linhas, incluindo cartões, seguros e administração de recursos. No entanto, a jornada de recuperação de credibilidade, continua, completa Quaresma.
“Eles deixaram claro no release que entram em 2025 com a perspectiva de continuar expandindo esse ROE. Foi falado bastante nos documentos do resultado sobre a geração de valor em três pilares, transacionalidade, crédito e investimentos”, elenca, citando os principais drivers para geração de valor para o banco.
O Santander Brasil ainda deve fortalecer a adquirida Toro, com o objetivo de expandir sua atuação em investimentos. Apesar de acreditar que o banco deve continuar expandindo a rentabilidade, Quaresma entende que o papel estaria “razoavelmente bem precificado”, e prefere exposição em Itaú (BVMF:ITUB4) e BTG Pactual (BVMF:BPAC11).