CORREÇÃO-Tarifa de Trump sobre o Brasil pode aumentar preço do hambúrguer nos EUA

Publicado 10.07.2025, 18:49
Atualizado 11.07.2025, 10:31
© Reuters. Hambúrguer e fritas em restaurante em Massachusetts, EUAn30/7/2014 REUTERS/Dominick Reuter/Arquivo

(Corrige produção de carne dos EUA no 5º parágrafo para bilhões de libras, em vez de milhões de libras)

Por Tom Polansek

CHICAGO (Reuters) - O plano do presidente norte-americano, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre produtos do Brasil provavelmente vai aumentar os preços da carne bovina usada nos hambúrgueres dos Estados Unidos, disseram comerciantes e analistas nesta quinta-feira, com os fabricantes de alimentos cada vez mais dependentes de importações em meio a uma queda na produção doméstica.

A proposta é um problema para as empresas de carne dos EUA, que também enfrentam uma oferta escassa de gado devido à suspensão das importações de animais vivos do México, causada pela mosca da bicheira, uma praga carnívora que está se espalhando ao sul da fronteira.

A tarifa reduziria as importações de carne bovina brasileira e forçaria empresas a buscar suprimentos de outros países, enquanto Trump amplia sua guerra comercial global, afirmaram os analistas.

"Se isso não for modificado, você simplesmente cessa a importação de carne bovina brasileira para este país", disse Bob Chudy, consultor de empresas norte-americanas que importam carne bovina. "Nem uma libra será econômica nesses níveis."

Os preços da carne bovina dos EUA subiram a recordes este ano, e a produção está projetada para cair 2%, a 26,4 bilhões de libras, após pecuaristas reduzirem o rebanho bovino do país ao menor tamanho em mais de sete décadas. Uma estiagem prolongada secou as pastagens usadas para o pastoreio, tornando muito cara para a alimentação do gado para muitos produtores.

Os fabricantes de alimentos têm aumentado as importações em resposta. As importações de carne bovina brasileira pelos EUA mais que dobraram nos primeiros cinco meses do ano em relação ao mesmo período de 2024, para 175.063 toneladas, segundo os dados mais recentes do governo dos EUA. Isso representou 21% do total das importações dos EUA.

Uma tarifa de 50% a partir de 1º de agosto elevaria a taxa sobre a carne bovina brasileira para cerca de 76% para o resto do ano, segundo analistas do setor pecuário.

"Isso está absolutamente congelando a negociação hoje", disse Chudy sobre a proposta. "Não sabemos o que fazer como comunidade importadora."

Os consumidores norte-americanos também enfrentam aumentos acentuados nos preços de produtos básicos, como café e suco de laranja.

Os EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, depois da China, e as tarifas representam um grande aumento em relação à tarifa de 10% anunciada por Trump em abril. A tarifa de 10% já começou a desacelerar as importações dos EUA de carne bovina brasileira em junho, disseram os traders.

As empresas norte-americanas importam carne magra do Brasil e de outros países para misturá-la com a produção doméstica na fabricação de carne de hambúrguer. Até agora, os consumidores têm mostrado disposição em pagar preços altos pela carne, mas a nova tarifa será um novo teste para essa demanda.

"Essa tarifa provavelmente aumentará o preço da carne bovina, um alimento básico para muitos, justamente após o Congresso votar pela redução da assistência alimentar aos consumidores mais vulneráveis", disse Thomas Gremillion, diretor de política alimentar da Consumer Federation of America.

A tarifa obriga os importadores a pagar mais pela carne bovina brasileira ou a procurar outros fornecedores, que são mais caros, afirmou Austin Schroeder, analista de commodities da Brugler Marketing & Management.

"Isso efetivamente ajuda a aumentar o preço", disse ele.

Importadores de carne podem tentar aumentar as compras da Austrália, Argentina, Paraguai e Uruguai após a entrada em vigor das tarifas sobre os produtos brasileiros, segundo analistas.

"Não haverá muita carne bovina brasileira vindo para cá", disse Altin Kalo, economista-chefe do Steiner Consulting Group. "Essa é a realidade."

(Reportagem de Tom Polansek)

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