Por Allison Lampert e Jamie Freed
MONTREAL/CINGAPURA (Reuters) - O plano da China de impor tarifas sobre alguns aviões fabricados nos Estados Unidos vai afetar a demanda por jatos executivos da Boeing e da Gulfstream, mas beneficiará a canadense Bombardier (TO:BBDb) e outras rivais que buscam ganhar participação no maior mercado da Ásia, disseram analistas e corretores de jatos.
O Ministério do Comércio da China anunciou na quarta-feira planos para estabelecer uma tarifa de 25 por cento sobre as aeronaves norte-americanas com "peso vazio" entre 15 e 45 toneladas, em meio a uma disputa comercial entre as duas maiores economias do mundo.
Essa categoria inclui os populares modelos Gulfstream G550 e G650s da General Dynamics Corp (N:GD) e a aeronave de maior porte Business Jet 1 da Boeing (N:BA), que compete com modelos da rival europeia Airbus SE (PA:AIR).
A Gulfstreams é a marca de jatos executivos mais vendida na China, onde competem ferozmente contra a série Global da Bombardier e, em um grau muito menor, contra os modelos menores Falcon, da francesa Dassault Aviation SA (PA:AVMD).
Os Estados Unidos continuam sendo o maior mercado mundial de jatos executivos, mas espera-se que o mercado da Grande China seja o mercado que mais cresce nos próximos 20 anos, com o tamanho da frota mais que duplicando, segundo uma previsão da Bombardier.
Jackie Wu, presidente da JetSolution Aviation Group, corretora de aviões baseada em Hong Kong, disse que a Gulfstream tem sido tradicionalmente a líder de mercado na China porque entrou mais cedo, mas a Bombardier aumentou o marketing nos últimos três anos em um esforço para recuperar o atraso.
"É como a Apple e a Samsung", disse ela. "Eles continuam aprimorando os nichos de produtos com a nova geração dos modelos e competindo uns com os outros. Isso (maior taxação) favorecerá definitivamente a Bombardier em relação aos produtos da Gulfstream."
Representantes da Bombardier e da Gulfstream disseram que era "prematuro" comentar as tarifas chinesas, enquanto a Boeing disse que nenhum governo ainda impôs as "medidas drásticas", enquanto continua o diálogo entre os países.
VANTAGEM DE CUSTO PARA O BOMBARDIER
A China continental tinha uma frota de 318 jatos executivos no final de 2016, segundo dados da consultoria de aviação Asian Sky Group, sendo que 102 fabricados pela Gulfstream, 80 pela Bombardier, 37 pela Dassault, 15 pela Airbus e 10 pela Boeing.
O crescimento nas vendas de novos jatos estagnou entre 2013 e 2016 devido a uma campanha anticorrupção que levou alguns chineses abastados a comprar jatos usados ou a fretá-los, mas os corretores já relataram sinais de recuperação.
Os jatos G650 da Gulfstream continuarão a ter alcance inigualável de voo no segmento top de jatos executivos puros até a Bombardier colocar em operação o jato de longo alcance Global 7000 neste ano.
O analista aeroespacial norte-americano Richard Aboulafia disse que a Bombardier se beneficiaria se a batalha comercial continuar.
"Adicionar 25 por cento ao custo de um G650ER é uma notícia muito boa para o Global 7000, justamente em que entra em produção", disse ele.
O Gulfstream G650ER tem um preço de tabela de cerca de 67 milhões de dólares, contra cerca de 73 milhões de dólares do Global 7000.
A Bombardier comercializou o Global 7000 em países como China, Cingapura e Austrália por causa de seu super longo alcance, que chega de Pequim a Nova York.
"A China continua sendo um importante mercado internacional para aeronaves executivas, com expectativas de que, como o espaço aéreo continuará a ser aberto, a demanda deve seguir", disse o analista Chris Murray, da AltaCorp Capital.
Mas Murray disse ser cauteloso em qualquer benefício de curto prazo para o Global 7000 gerado pelas tarifas sobre o Gulfstream, tendo em vista as reservas pesadas.
"Há uma espera tão longa para a Bombardier entregar a aeronave", disse Wu, corretor de jatos. "Se você pedir hoje a entrega será em torno de 2022."
A Bombardier é a principal concorrente da brasileira Embraer (SA:EMBR3) em jatos regionais.
(Por Allison Lampert em Montreal e Jamie Freed em Cingapura)
(Por Allison Lampert em Montreal e Jamie Freed em Cingapura)