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Taxas avançam em mais um dia de indefinição sobre PEC da Transição

Publicado 23.11.2022, 15:41
Taxas avançam em mais um dia de indefinição sobre PEC da Transição

Os juros futuros subiram mais nesta quarta-feira, 23, de espera pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição. A falta de clareza sobre os principais pontos do texto e informações desencontradas continuam sinalizando para o mercado dificuldades de se chegar a um consenso, enquanto a equipe de transição corre contra o tempo. Havia alguma esperança de que a ida do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva a Brasília pudesse acelerar o processo, mas ele ficou em São Paulo por orientação médica. Com o mercado já arisco pelas questões fiscais, os alertas do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre o futuro das contas públicas trouxeram ainda mais pressão às taxas.

A do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 fechou em 14,585% (regular) e 14,570% (estendida), de 14,383% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 13,69% no ajuste para 13,94% (regular e estendida) e a do DI para janeiro de 2027 terminou em 13,77% (regular) e 13,74% (estendida), de 13,46% ontem.

A sessão foi praticamente uma sequência da anterior, mas, a cada dia que passa sem a esperada apresentação formal da PEC, fica mais apertado o prazo para discussões e negociações da proposta que tem de ser aprovada até 15 de dezembro. O economista-chefe do Banco Modal (BVMF:MODL11), Felipe Sichel, afirma que houve uma certa frustração com a "não ida" de Lula a Brasília. A viagem estava prevista para ontem, mas o petista foi orientado por médicos a permanecer em São Paulo e esticar sua recuperação, após cirurgia para retirar uma lesão na laringe.

Para Sichel, falta de um interlocutor acaba gerando muitos ruídos de comunicação em relação às negociações. "Tem muita gente falando, não há um porta-voz, ninguém em que se possa fiar em termos de informação", afirma.

O senador Wellington Dias (PT-PI) afirmou que a proposta que está sendo discutida prevê R$ 175 bilhões fora do teto de gastos e que o prazo discutido para apresentação da PEC, segundo ele, é de vigência por quatro anos. De acordo com o economista Marcos Mendes, a elevação de gastos de R$ 175 bilhões traz um déficit primário de mais de R$ 260 bilhões, cerca de 2,6% do (PIB), o que classifica como "desastroso".

Em meio à grande expectativa de que PEC fosse protocolada hoje, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou a jornalistas que o governo eleito tem o prazo de mais 24 ou 48 horas para discutir e apresentar o texto. "Pode até ser apresentada hoje, depende de avançar em costuras políticas com lideranças do Senado", ponderou a dirigente.

Com os nervos do mercado já à flor da pele, Campos Neto, em evento da BlackRock (NYSE:BLK), afirmou que a incerteza fiscal hoje passou a ter peso mais importante do que à relacionada diretamente à inflação, que tem feito uma inflexão, e ao crescimento. Na sua avaliação, é mais difícil coordenar a política fiscal e monetária em momentos de contração - a velocidade da política monetária é mais rápida e focada e, no fiscal, há desejo de continuar políticas assistencialistas devido às sequelas sociais da pandemia de covid-19.

Na curva a termo, a precificação indica apostas divididas para o Copom de dezembro, entre manutenção dos 13,75% e alta de 0,25 ponto porcentual (50% de chance para cada). Para fevereiro, há também 50% de chance para elevação de 0,25 e 50% para 0,50 ponto. Cortes aparecem na curva a partir de setembro e a projeção é de Selic fechando 2023 em 14,50%. Os cálculos são da Greenbay Investimentos.

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